Estava num canto entre a porta e a janela.
Agachada, encolhida, pernas abraçadas, cabeça entre as pernas e cabelos caidos na face.
As vezes, quando o suspiro vinha mais profundo, alguns fios dos cabelos se levantavam, com o ar que saia pela boca. A música que vinha pelo fone de ouvido, deixava meus pés marcarem o compasso. Já era final de tarde, aquele momento em que o sol desenha o contorno da cidade, forma paisagens, ali, eu refiz voce. Inteiro, sem perder nenhum detalhe. Ocupando todo o espaço. Eu refiz voce. Até pude sentir seu caminhar.
Vindo em minha direção, parou na minha frente. A sombra que seguia atrás de voce era imensa. Permaneci com a cabeça entre as pernas, só que agora, o corpo teimava em desobedecer a ordem de ficar imóvel. Sentia o sangue correr tão rápido nas veias, que estremeci. Sempre foi assim. Toda vez que estive com voce.
Um diacho de amor submisso.
Até mesmo quando apenas imagino.
O que foi deixado do lado de fora já não tem tanta importância assim. É mais árduo o que está do lado de dentro. Isso sim, é importante.
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