setembro 30, 2010

Sutilmente fatal

O que quase não posso acreditar é a substituição. Não, não me refiro o fato da troca, mas da escolha de como viver isso.Substituição desmedida, preenchimento de avulsos, plantando outra  maneira de continuar  vazio. Falo do orgulho imenso e soberano que aleja e  evenena aos poucos a existencia de um querer.Falo da conveniencia de incertezas, falo da  ilusão. Nuance de uma condição.Solidão do abraço, cansaço do olhar, dormencia da alma.Surdez. Enquanto tanto foi  deixado para sequer, arrancar de dentro um sorriso verdadeiro.Entre dois pontos um fio, fino, mas resistente. Instrumento de nome proibido.O som requer atenção. Sentido de igual desejo, dedilhado complexo. Sutilmente fatal.

setembro 27, 2010

Intervalo de relação

Gosto de aquecer teus pensamentos.De provocar teus delirios por onde corre meu sangue quente. Gosto de saber que tuas  mãos  latejam quando buscam por meus seios. Gosto do umido da tua boca quando beija  meu ventre, porque  gosto de me sentir tua. Enroscar meus braços na tua nuca e trazer o sussurro no abraço. Explorar. Passear, cavalgar, serpentear  nossos corpos. Gosto de transpirar com voce. Gosto de ver seus olhos me prendendo, ditando o ritimo, seguindo os meus. Gosto de nos ouvir. Gosto de muito imaginar que antes o silencio já  era pecador.  Agora, basta que apenas  se distraia  no contorno dos meus lábios te chamando em segredo. Gosto de sentir que me carrega por dentro.

Vastidão do nada

Existem coisas que a gente não tem muito como explicar. Só podemos  aceitar ou rejeitar. Aceitar significa tentar conhecer, buscar, descobrir - sim arriscar. Rejeitar significa desistir, acovardar, subestimar o certo, deixar o duvidoso responder. Eu tenho um espirito pouco conformado com a vastidão do nada. Não gosto de ver areia subindo com o vento, granulando a paisagem dos meus olhos. Porque se isso se aproximar, esfregar para tentar enxergar pode arranhar minha retina e cegar. Eu  gosto mesmo é de sentir a o chão sob meus pés, mesmo que o solo seja quente, ou escorregadio, com muitos pontos cortantes, ainda assim, esse caminho vai me levar à  algum lugar. Ao passo que a tempestade de areia apenas me paralisa, me detém.

Fios ao vento

Sentia  quente, de modo ligeiramente atormentado entre o que queria apagar e o que emergia das entranhas. Razões que não tem lógica. São como  linhas finas, que se enrolam e embaralham em nós. Desatar, desembaralhar é descobrir o furtivo prazer de se misturar. Existem suavidades que só acontecem na transigencia  de querer  saber. Passear pelos meios, tingir  o vermelho de dentro, molhar os poros até  transbordar. Intorpecer, envolver com o perfume que é singular. Sorver. Caprichos que  desenham outras  vozes, distantes da minha tez, palidez. Sua insensatez. Cem ramos de perdão, para mil  galhos de entrega, fome de  entrelaçar, amarrar, conter. Existe ainda um paladar no atrevimento de desafiar o vento a emaranhar  nossos fios.

setembro 20, 2010

Segredo da Retina

Fecho os olhos. Percorro o tempo sem asas. Tenho o silencio como guia. O ritimo é o pulsar. A mão latente que comprime a carne na pele, termômetro do pensamento. A lingua umidece os lábios, calados, apenas brilham entreabertos. No escuro dos sentidos, nenhum feiche de luz, nenhuma sombra, nada. Imensidão. Composição que faz transpirar, excita. Misto de medo e ansiedade. Puramente prazer.Um cálice. Um cigarro. Livre. Dentro, quente. Minha alma absolve o corpo dos pecados. E confesso, gosto do desejo. Imaginar é sedutor...

Desvendando olhar

Parei um instante de te olhar com meus olhos de paixão e fui te buscar cru. Que triste fiquei. Eu te desenhei tão diferente. E te via assim, em cada centimentro de saudade, em cada milimetro de querer. Acho que evitava falar de qualquer outra coisa para não desviar o olhar, manter o sabor. Seu brilho foi ofuscando.Fui perdendo o paladar de ti. Eu queria encontrar tanta vontade de vida, não a minha, mas vontade de voce mesmo. Fui ficando cada vez mais triste. Monótona, indiferente, igual. Num desanimo de conquistar.Eu, voce, o mundo. Corri os olhos naquela fotografia e não identifiquei mais voce, mesmo num esforço desesperado de ver, não vi. Me olhei no espelho imediatemente e lá estava eu. Pensei, eu jamais sai ou me desencontrei. Percebi que estive insaciavelmente devotando meu calor num iceberg. E, depois de tirar as fantasias que coloriam tudo, veio o cinza. Fiquei triste. Não porque eu deixaria de te sonhar, mas por saber que voce não não é capaz de saber de si próprio. Não queria que voce me quisesse por que eu te queria. Minha sede era outra. Queria que voce se quisesse.E quisesse ainda mais, quando me abraçasse, molhasse minha boca ou pudesse rir das bobagens que eu lhe dizia, depois descansar seu corpo no meu.Queria te fazer mais e maior em voce. Fiquei triste, por descobrir que não por mim, mas por seu próprio deserto, descolori.

setembro 17, 2010

Entrelinhas.

Saborear sem provar do gosto.Ter sem sentir tocar. Imaginar. Sensação de aproximação sem a presença. Absorção de essência. Cosntrução de voz. Calor, dilatação e contração. Revelar em segredo, monólogo de prazer. Reação, extensão da entrega, suavidade de linhas na expressão do corpo. E os rasteiros pensamentos. Compasso. Onde? Entre as portas de garagens, os degraus das escadas, os carros estacionados, as marginais, as horas. Entre os dedos no teclado, entre os lençois e travesseiros, entre o poder e o querer, entre o querer e o querer esquecer. Entrelinhas.

setembro 16, 2010

Sal dos dias

Se não pode ser, que seja. Mas que seja de uma maneira que possa acreditar. De um jeito que sinta, de uma forma que envolva. Se não pode ser, que seja. Mas que exista algo, que signifique, que traga. Procura uma razão para esquecer.Não há. Nem mesmo o mais amargo desprezo. Porque dele, se reconhece a mentira.Tentativa vã viver no engano.Quando o sangue pulsa na veia e a pele arrepia, é o segundo da traição.Contradição. Haverá eternamente um castigo, um sal no fundo dos dias, quando os minutos deixam de marcar as horas, e se espalham nos segundos de sentir. Que resposta guarda o coração para a razão soberana? É preciso ouvir a voz do coração.

setembro 08, 2010

Cegueira do tempo

Existia uma cegueira. Havia um desespero contrário. Uma necessidade sádica dele e um tanto masoquista dela. Dele as palavras eram castradas para não dizer sobre si. Por outro lado, dela fertilizam. Porque tem que ser constrangido, o anseio de sentir. Mentiras. Vergonhas. Impurezas. Nenhuma profana vontade há de sobrepor a penitência amarga da felicidade idealizada. Castigo da alma, pecado da lingua . E a tentação emergia nos dois. .Ela dizia que o tempo é inimigo da vida. Ele acreditava que na vida o tempo é um aliado. A noite fecundou o dia, e o tempo nas palvaras se arrastou.

setembro 03, 2010

Cantos do mundo

As vezes me sinto tão linda. Isso acontece quando penso em voce . Quando penso que podemos, que queremos, e vamos. As vezes construo o que somos e ainda além, o que viveremos. As vezes amanheço no teu dia, pensamento tão forte que me vejo nos detalhes de cada canto do mundo. Nos farois das avenidas, nas praças, nos mares, nos bosques, no céu. E quando a tarde cai, no vermelho do sol, vejo no fogo que queima. As vezes me sinto tão ingenuamnete linda, paixão fina, que pulsa por dentro e desperta assim, esse sorriso de quem acredita ter. As vezes me sinto tão linda , só por te esperar vir. Eu sei...No caminho há muitas armadilhas´. Mas eu sempre estarei do outro lado, linda ... tua, nua. Sem esperar mais do que pensei, sem querer mais do que construi, sem prever mais do que vivi. Simplesmente linda. Para os dias em que voce estiver , chegar, quiser...

Naquela hora, naquele dia

Saudades dos teus braços nos meus que ainda abertos, espera o abraço apertado e assim encostar meu corpo no seu. Saudades da tua lingua encontrando a minha na fome de nossas bocas. Saudades dos teus olhos arredios buscando enxergar os meus, que te descobre nu. Saudades das tuas mãos segurando as minhas na rua, na cama, no caminho de chegar e voltar. Saudades da tua voz embriagando meus ouvidos. Saudades de estar naquela hora, naquele dia, na tua vida. Agora inventando todas as maneiras de não sentir, não saber. Agora tentando convencer que a saudade já passou. Agora eu leio meus codigos de voce, meus...minhas palavras guardadas pra falar. Saudade vai passar , vai passar...

setembro 02, 2010

Muralha da torre

Se sabe, é porque sente também. Só se sabe aquilo que se conhece. Daquilo que viu, ouviu, sentiu, provou e tocou. E aquele silêncio na voz depois do beijo de boa noite, deixou na fração de segundos o zumbido da linha crescer junto com a respiração. Desligou. Sinônimo mais... Qual é a profundidade do querer? Quanto mais águdo precisa ser o desejo, além de certeiro, para atravessar essa muralha? Aqui do lado de fora o pulsar é acelerado, e ai dentro descompassado. Não é indiferente, não vai se tornar indiferente, nem mesmo quando diminuido. Apenas se vê preso na corrente dos dias, olhando do alto da torre do castelo, toda beleza que há em sua volta, ainda vazia.

setembro 01, 2010

Ensaio de despedida

Tenho medo da tua reação indefinida. Tenho medo da saudade que possa sufocar seu ar, e que tarde, eu não possa mais te aliviar. Tenho medo que seu medo cresça dentro e fora das minhas verdades e então eu me perca pelas dores. Agora estou com medo de me dar. Estou ficando com medo de acordar de voce e não ter onde me agarrar. Estou ficando com medo de não ter a falta, despresar a ausência e perceber que não há, nada. Que tanto tempo no meu caminho, toda minha espera está se esvaindo, perdendo angustia e força em mim. Tenho seu cheiro como referência, seu beijo como meu desejo, seus olhos como os meus. Retrato de um tempo. Hoje ensaio para despedida. Sei que isso vai arder um bocado, sei que ainda e sempre haverá um tempo novo. Sei que tenho medo de não sentir mais medo de mim e da minha falta de ter medo de ter voce.

Leia- nos

Leia...leia sempre. Leia mais de uma, duas, 6 vezes. Leia com paciência de revelar detalhes, com permissão para que as palavras invadam seu...