maio 27, 2009

Terço


Rezo aquele terço.
Me absolvo e me condeno a cada oração em teu nome
O que peço é que me abandone, ao contrário das lágrimas
que embaçam meu olhar.
Eu peço pra acreditar.
Que não vou nunca mais, talvez, em segredo render meu pensamento.
Respiro e suspiro tão profundo que esboço num só soluço.
E quando depois de tudo, já perto do final eu juro
em nome do pai e do filho, TE AMO, amém.

maio 22, 2009

Inocência

Na inocência de formar futuro, que de nada mais se completaria,além daquele maravilhoso instante, em que nos entregamos a paixão.

Daquele gosto de fortaleza, onde tudo se pode, até mesmo construir castelos.
Sentimento que passamos a conhecer com ressalvas e dores, quanto mais o tempo passa ,mais saudade acumula,na vaidade do amor.

Hoje em dia, nossas superfícies tão desgastadas, nos obrigam a olhar por onde caminhamos.
A julgar pelos passos que conduzimos, apertados ou largos, arriscados, apressados e que deixam de sentir, quase sempre, o solo que pisamos.
Olhar pra baixo e não à frente.

É assim que normalmente fazemos.
Não é preciso pedir que dissimule.

Provavelmente não haverá encontro no olhar. Vivemos mais preocupados com as pessoas a nossa volta, do que com as que literalmente estão a nossa frente.
A inocência ficou perdida , ao atravessar aquela rua , ao descer aquela escada, talvez ainda tenha se perdido, naquele beijo de adeus.

maio 21, 2009

Muro

Do ponto de partida, até onde se deve chegar, e sabe-se lá onde
verdadeiramente é a chegada, o caminho é traçado pelo estreito
muro.Trocar os passos sob ele e ver as coisas do alto, talvez, seja
tanto ou mais desafiador, do que imaginar e/ou temer o que exista
antes escolher pra qual lado vai, e agir..Caminhar sob o muro é buscar
o equilíbrio, a concentração. Para "pular" ou "descer" com
maior segurança, é melhor observar detalhes do que há nos dois lados.
Mas, ainda assim, sempre existe a possibilidade de algo ter escapado
e então, vai ter que enfrentar o imprevisto.Seja qual for o lado do muro
que escolheu descer. Há pessoas que são tão duras que logo nos primeiros
passos já decidem que pular para um dos lados, é que lhes parece mais seguro.
Acho que para serem práticos, eliminando algumas variáveis que possam sugerir uma outra emoção, adrenalina, quem sabe insegurança..Outras fazem o percurso de ir e vir muitas vezes, preferindo o risco do desequilíbrio, à certeza do solo, ainda que também desconhecido. Porém, é chão firme. Razão, emoção,medo, ousadia, lógica, inteligência, sensibilidade. A vida diante de voce, o muro á sua frente...

maio 19, 2009

Cego

O cego, aguça audição ainda mais do que olfato, o tato e o paladar.
Enquanto caminha desvia seus passos de tropeços.
Se direciona através dos ruídos.
Constrói seu equilíbrio com as pedras que sente sobre seus pés e, a partir dai reconhece a segurança.
O sol que aquece o dia, guarda o calor no solo, que, ao anoitecer se mantém quente, apesar da superfície resfriada pelo vento.
É preciso ser cauteloso, há brasa sobre as cinzas.
O cheiro que sente por onde passa, permite que crie um olograma, e assim ele fixa e determina as lembranças que se acumulam na sua vida.
E, ao tocar naquelas letras ásperas e traduzir a composição de todos seus sentimentos, inclusive os sentidos sem medo, registra o fato de romper com o desconhecido, para escrever sua história.

maio 07, 2009

As Horas

Em certa altura da vida, não podemos ser apenas mortais.
Alguém espera. Há caminhos pra mostrar, há palavras pra dizer.
Nunca mais, permita que o medo abrigue teu olhar
Agora vai... As horas passam, e na verdade só acumulam saudades
Lenços de papel se desfazem, procure o chão de terra
Faça suas malas, arrume seus armários
Acene para o espelho e, ao se enxergar ali,em pé pronto pra partir, sorria
Pra sempre será você , em todos os lugares, por todos os olhares,por onde passar.
No tempo as respostas, na lembrança a força.
Agora vai...

maio 03, 2009

Vadia

E ainda que por tudo, ou nada, escapada da língua ferina as palavras em delírio.
A música corta-lhe os ouvidos e o pranto escorre pela cara
Engole com olhar que circula em volta do corpo, a culpa, da sua imagem desvendada.

Vadia, medrosa se esquiva da multidão.
Amanhã de véu na missa, lamenta-se pelas almas perdidas, e por elas pede perdão.
Frustrada, oferecida, nem mesmo quando se desnuda, pode guardar em fotografia, e então supor encontrar amor.

Vende- se uma pessoa vazia.Quem quiser a companhia, siga sua língua ferina.
Está todos os dias na colina, deita-se e se estica, paciente, aguarda a vitima.

O Lago

A beira do lago onde me lavo dos pudores
deixo cair e seguir o medo quando digo teu nome
Ali onde ninguém vê, a sombra do meu corpo se mistura
na águas, onde tantas outras, também se lavam

Não importa que seja turva, pra mim é cristalina
é teu corpo, tua alma, minha boca, na tua vida
a correnteza que puxa e com força quer arrastar
todo caminho do teu leito e depois eu sei, desembocar
no mar que não tem tamanho, eu não posso mais
te achar.

Ainda assim, eu volto, todos os dias para me banhar
sei do risco de ser levada, mas é isso que estou a esperar

trecho de pensamento

"-Então para entender um sentimento, de sentido a ele, de forma igual e contrária. Terá então a resposta para alguns enigmas. Para definições exatas use a matemática, para outras, desprenda-se da exatidão."

Tempo

Pela treva do tempo que transforma palavras
em constantes rasgos de pensamentos, percorre o leito do rio, de seus desejos
arteiros, traiçoeiros, inquietos.
Atravessa caminhos áridos, se esconde de sombras mortas, as que provocou pra rir.
A intacta saliva que guarda a vida, sentimento da falta.
Ausência que deixa inerte, sinal que quer a volta.
O vento que veste o som do assobio, passeando em volta do ouvido, soprando o nome em vão, escorre do suor do teu rosto, pálido, quase morto.
Espera, suspira e resgata, a imagem era a minha .
O tempo transforma em quase nada, anda devagar, arrasta
As vezes chega, as vezes só passa.
Nem sempre acontece, nem sempre acaba
Por vezes nasce, por vezes mata

Leia- nos

Leia...leia sempre. Leia mais de uma, duas, 6 vezes. Leia com paciência de revelar detalhes, com permissão para que as palavras invadam seu...