setembro 28, 2009

Meu caipira

Ah, eu adorava aquele caipira. Nem sei bem ao certo o porquê, ou em quê tanto ele me atraia. Mas que eu gostava, gostava. Muito. De tudo. O jeito de andar, falar, olhar.
Ah, o olhar. Ele dizia pra mim que existiam duas maneiras de se olhar, e me olhava como quem apenas enxerga. E de repente aquele olhar pequeno crescia da sua íris colorida castanha, me envolvia mais e mais e era quase impossível desviar o olhar dele. Isso me dava um arrepio. Sabe desses caipiras que as vezes chegam a ser carcamanos? Ele era assim.
Batia o pé de fininho no chão, como quando a gente sinaliza insatisfação, e era, por eu não estar perto dele o tempo todo. Engraçado, eu achava graça de verdade. Pensava ”como alguém tão metropolitana pode se deixar levar e ficar com alguém assim?” Mas era justamente isso, essa diferença a toa que fazia sentido. O jeito despreocupado com as avaliações alheias dele me desligava também de todo o resto. Quando me beijou pela primeira vez, foi como se eu estivesse descobrindo outras sensações. E quando me teve pela primeira vez, foi como eu sempre tivesse sido sua e ele meu, a vida toda. Sintonia absoluta. Por um tempo foi assim. Totalmente intenso. Sabe daquelas histórias que parecem saídas de um conto romântico?
Corríamos nus pela casa, brincando, nos escondendo um do outro, de vez em quando a luz de velas, passávamos a madrugada inteira, permitindo fantasiar, percorrendo nosso corpos como quiséssemos e por quanto tempo quiséssemos. Imagina aquele amor que chega a ser necessário. Sabe daquele que a gente não fica sem nem um minuto? Daquele amor que a gente se diverte tanto que não consegue ficar emburrada? Desses. Que saudade do caipira.

Pedido

Eu faria muito mais e melhor do que as lentas manhãs sobre a claridão do céu
Ainda te arrancaria o folêgo, suspiro que se perde no encontro do ar
Queria ver tua saliva secar.
Guardar aquela fotografia que o olhar resgistra em meio a outras paisagens que cercam o lugar, teu rosto.
Deixei que escapasse pela corrente de vento, que soprou e arrastou, junto das folhas de jornal as noticias de voce.
Tudo se perdeu por aquele beco. E me parecia tão estreito.
Quero a abolição da lembrança da tua voz tremula e a ignorancia do calor do teu corpo.

E se não volta mesmo, me absolva dos teus malditos pensamentos.
Desate voce também essa sensação de que ainda há um instante que não responde pelo nome de adeus.
Tua vontade tem som, tem nome e chama.
Se não for para ter, que se cale. Eu peço teu silencio.
Já vai amanhecer outra vez.

setembro 24, 2009

Resposta

Preciso que não se acovarde.
Necessito que mantenha a sua sede de me tomar como sua,
além das arestas que apara as promessas que profaga.
Inúmeras vezes engasguei com as verdades e me socorri pelas mentiras que aceitei do meu coração. Fui profana. Não te expulso de mim, nunca o fiz .
Quem desvia o olhar do caminho é voce.
Não nego,ao contrário, chamo, busco, espero
As vezes subtraio calor do peito, para suportar a dor da lagrima, incertza.
Te vejo assim , reflexo do desejo. Distante.
Acumulo e sacio as fantasias, desafiando o tempo, sentada nesta varanda, no balanço da cadeira que leva e trás voce pra mim.

setembro 04, 2009

A Importância

Hoje percebi por alguma razão, que também já não tão tem tanta importância, que há tempos não me lembro de você. Que toda aquela importância que eu alimentei de você, sobre minha vida passou, e de tal maneira, que nem eu mesma me dei conta. Foi como se uma torneira aberta, esquecida assim, tivesse jorrado toda sua reserva, secando definitivamente.
É espantoso como os sentimentos e sensações nos pegam de surpresa. É sim, de surpresa! Quando nos apaixonamos e quando desapaixonamos. Ou alguém sabe dizer qual o exato momento que se apaixonou? Já ouvi histórias lindas e também cruéis sobre começo e fim.
Cheguei a sorrir, timidamente confesso, quando concordei comigo mesma, que descobri o início de mim.
Inicio? Mas não é a constatação do fim? Não. É literalmente o início.
Primeiro passo para compreender que nada é mais ou além do que eu mesma possa determinar em minha vida. Que atitudes definem posturas, reações e conseqüências, para as emoções. Que o arbítrio é meu. Não estou querendo fazer um “mea culpa”
Estou sim, sentindo, descobrindo, percebendo, conhecendo e provando, a maior capacidade que um ser humano tem. Retomar.
E sem você. Ainda que você nunca tivesse existido por inteiro, além de minha vontade de me entregar. Dentro da felicidade que iludi, alimentando desculpas e aceitando justificativas, deixando sempre um rastro do meu amor, para que você sempre chegasse.
Hoje sei que rastros se apagam com o tempo. Também sei que justificativas são torneiras abertas. E, que o que importa mesmo, é só o que tem importância própria.

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