março 19, 2011

Confessionário

Não tive coragem de dizer. Me senti culpada. Talvez pela covardia ardida de já me condenar pelos princípios dos quais em nem sei bem se compartilho e aceito.
O pecado existe quando se pensa, deseja ou realiza?
E para quem regrou os tais princípios, os experimentou a troca de sabe-los?
Se o que importa é a alma, porque o corpo paga pelas contradições nesses castigos?
Não quis desejar a tua ideia, nem teus dias, imaginei só a tua pele, a tua massa. Perdão. Exagerei quando pensei em te sentir muitas vezes. Não nos dias, só nas horas, algumas delas. Quem dera, horas silenciosas, de frases inteiras apenas com movimentos completos.
Confesso, minha culpa cresce. E quanto mais ela cresce maior é o meu arrepio, minha sede.
Meu cigarro te desenha.
Meu cálice me condena e o que não confesso, me respira.

Ranhuras

As sinto quando passo a mão pelas lembranças da sala do pensar. Quando caminhando entre as mobilias, revivo seus detalhes, imagens que compuseram lindos cenários, nos meus dias. Gavetas ainda com aromas papel de bala, frascos de perfumes vazios, petálas já desidratadas, coisas que representaram muito.

E, aquela fotografia quase desbotada. Por alguns instantes meu peito e olhar congelaram. Nesta sala do pensar, o silêncio é quase obceno.Quando atravesso essa sala, sinto saudade. Sinto falta, na verdade falta e saudade, sempre. Daquela mobilia tua, sobre o piso da minha sala, do quarto, da casa. Nas paredes, só as ranhuras. As minhas, as tuas.

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...