Tateando

O que não é dito,  será também não sentido
as margens são duas, uma de cada lado
cadernos sem pautas, não  ditam a linearidade
escala de trajeto íngreme
segue assim, pelo tato 
e por ele até descobrir- se
quem sabe um querer
quem sabe um prazer
quem sabe, apenas
um dia de cada vez

Sans Destinatio

 A espera  é sempre  longa
uma partida que nunca chega de verdade
marcas de uma viajem ,calçadas,  vias estreitas
cheiros, mãos, marcas
Passagem que se cria 
Via de mão dupla, navalha .
Corte fundo, profundo que não chega no cerne
Hoje,  ainda pela  manhã, 
senti  o cheiro  do que ficou
da noite que não dormi
das coisas que não vi, 
não falei, não senti
Meu  caminho sai agora
itinerário
 Sans destinatio
os pneus queimam  o chão 
as asas  cortam os céus
e enquanto tudo  transgride 
eu vou... na carona no vento
desses movimentos,  simplesmente vou
embora fixa e  enraizada por  dentro
há sempre uma parada ...


( sempre achei que para  se soltar na interpretação de cada texto, é necessário ouvir uma boa música.
que seja  excitante, que te leve ...em algum momento pra bem perto de onde os pensamentos moram...)

Meia Metade

Meia metade da minha minha metade
que anda através das pequenas partes
de dia alegria de noite vaidade
Embora sorrisos e aventuras a
as vezes insensatez sem doçura

Meia metade do que posso
a outra do que vivo
para alguns e para todos
as metades do equilíbrio
Meio jogo
Mea culpa
Meio sol
Meia lua
Meio amor
Meia paixão
Metade meu
Metade sua
Para meio mundo
Extremos, avessos
Comunhão
Metades nuas
as minhas, as suas