As vezes parece que atravessa na carne, atinge a alma e sangra. Um descontentamento, uma mágoa, uma mágica, de se fazer tão sempre e aqui, quando nunca está. As vezes uma lágrima pesa nos olhos, mas não transborda na face. Alaga por dentro. Invade. Meu olhar tem horizonte. Meu querer tem temperatura. As mãos se entrelaçam num gesto de oração, e o que pedem é que chegue. Que me faça sentir. Minha boca sussurra em dialeto, coisas de nós dois. E meus passos pelo vazio no tempo, são a trajetória de algumas lembranças. Amanhã, tudo será igual. Mas, com um toque especial. Será outro dia. E até que você não venha novamente, vou ter esperanças. Nos dias impares eu visto branco. Nos dias pares, visto vermelho. E assim alternando, vou passando a ausência, permitindo abstinência, concordando com a palidez até achando comum e lindo essa translucida placidez.
O que foi deixado do lado de fora já não tem tanta importância assim. É mais árduo o que está do lado de dentro. Isso sim, é importante.
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