setembro 26, 2011

Descontinuando....

Era um trato. Eu fazia comigo e mantinha com voce. Não  exagerava, nem mesmo quando voce não me entendia, ainda que pudesse parecer o contrário. Minhas dúvidas eram tão inocentes, quanto a fragilidade da incompreensão de uma criança quando algo lhe é negado sem razão pertinente. Porque não!? Queria  manter o trato. Mas não pude. Primeiro descontinuei de mim e, depois de você. Voltei atrás várias vezes. Inverti, murchei. Preenchi  as noites, a espera dos dias. E quanto mais tentava manter, mais voce ruía  a minha frente. O pior de tudo é que eu me sentia desmoronando também. Até que  enfim, se acabou. Acredita se disser que ainda me pego triste por pensar em ti? Acredita que ainda tenho raiva por destratar um trato? Acredita que  não voltarei atrás novamente? Acredite. Acredite também que por mais que temporariamente me dôa o destrato, me faz sentir bem nessa infame situação não ter que tratar mais nada com voce.

setembro 25, 2011

Desnutrir

Tenho a sensação de que agora é tarde. Que  apesar de  ainda perceber resquícios de  aceitação, é tarde.Tenho  a sensação de que passou e, seu rastro é  quase nulo. Quase. Sim, ainda existem marcas. Aqueles hematomas. Aquela  anorexia de corpos. A sensação não mata sentidos. Amordaça. Desnutre, por fim. Processo longo , inevitável, com efeitos colaterais diversos. Do pecado ao perdão e com ele, o esquecimento...

As taças

Era a taça de vinho... aquela de coloração vermelho denso, escuro, encorpado. Era aquele pensamento no meio do vão. Vão das horas, vão das palavras,vão do silêncio. Era aquela taça de vinho encostada nas costas, da poesia pura , da liberdade de querer, embora sem poder ter. Poder, podia, até.Não tinha o vinho na taça, Era a taça vazia. Ah...Era o vazio da taça no vão . na distancia dos lábios que queriam se encontrar. Era a taça no vão do vazio do vermelho denso da boca distante e o tempo corroendo , passando, crescendo... e as taças se esvaziando, até mesmo do incolor e do vermelho.

setembro 12, 2011

Minhas cores

As vezes  parece que atravessa  na carne, atinge a alma e sangra. Um descontentamento, uma mágoa, uma mágica, de se fazer tão sempre e aqui, quando nunca está. As vezes uma lágrima pesa nos olhos, mas não transborda na face. Alaga por dentro. Invade. Meu olhar tem horizonte. Meu querer tem temperatura. As mãos se entrelaçam num gesto de oração, e o que pedem é que chegue. Que me faça sentir. Minha boca sussurra em dialeto, coisas de nós dois. E  meus passos pelo vazio no tempo, são a trajetória de algumas lembranças. Amanhã, tudo será igual. Mas, com um toque especial. Será outro dia. E  até que você não venha novamente, vou ter esperanças. Nos dias impares eu  visto branco. Nos dias pares, visto vermelho. E assim alternando, vou passando a ausência, permitindo abstinência, concordando com a palidez até achando comum e lindo essa translucida placidez.

setembro 10, 2011

Reticências

De tudo que pode ser chamado de cafona, existe algo de singular. Algo que os  inseguros não revelam o nome, mas sentem por dentro o sentido piegas do que evitam dizer. De tudo que esta omisso nas palavras e explicito nos olhares, gestos e até  nas ausências premeditas, tentativa de fuga em vão. Eu ouso viver, ainda que unicamente, vencida a falta de ar,  o suor,  a fragilidade e o medo. Viver assim, degustar prazer, sentir prazer e sentir do arrepio, o calor do abaraço. Esse deleite de conhecer, provar, saber, tão cafona quanto o beijo apaixonado  para os que nunca beijaram, é  como singularmente me deixo ser. Seja quando  você invade  meu pensamento, ou quando desarmada, te recebo como é. 

setembro 02, 2011

Celas

Nossos extremos. Nossos opostos, invertidos nas ocasiões menções, frações, sabe-se lá porque assim. 
Nossos momentos lentos, arrastados pelo sim no tempo, correndo do não, sofrendo.
Querendo e no entanto, morrendo, dia a dia. 
Pela nossa covardia de ousadia, pela nossa proposta vazia de deixar ir.
De deixar que digam, de deixar que nos vivam em celas menores. 
Celas virgens, escuras.

Sequência de pensamentos


Tomada pelo olhar que sugeria um afago, guiada pelo beijo na boca, e da língua que dizia calada toda uma história. Inflama a saudade do teu cheiro na minha pele, no meu pensamento e num arrepio de você, eu chamo teu nome. Mas você está surdo. Ou talvez, apenas distante de si.

Me parece tão distante as vezes, que mesmo se olhando no espelho, o próprio reflexo não se reconhece. Sai pelo mundo tateando algo que também desconhece, e então, num instante qualquer é capaz de agarrar o que sempre existiu, como se fosse a primeira vez. Mas, enquanto a palma de sua mão não tocar com firmeza toda a superfície, sem medo, terá a incerteza entre os dedos.


Véus que insinuam a presença. Queria dizer aos seus ouvidos, e tocar seu centro. Queria tocar sua boca e falar aos seus sentidos. Queria que suportasse. Mas, se depois de tudo, ainda não souber dizer, eu manterei a tua força como se minhas águas jamais tivessem lambido sua carne.

Entre o silêncio

Naquela noite, entre um silêncio e outro,diante da fuga de olhares que corriam pelos contornos, numa vontade enorme de recolher a melhor imagem despida do sorriso quase ingenuo de quem promete não deixar esquecer, foi que em segredo esqueci de de me proteger das verdades das palavras que sempre calçam os pés...





Leia- nos

Leia...leia sempre. Leia mais de uma, duas, 6 vezes. Leia com paciência de revelar detalhes, com permissão para que as palavras invadam seu...