janeiro 04, 2011

Não pense

Uma vontade de me deixar levar. Ensurdecer, cegar. Fico assistindo a esse mesmo filme, em reprise e, todas as vezes  faço a mesma  pergunta. É quase uma rotina. Destesto rotinas. Mas por que  essa é diferente? Talvez, porque essa ainda não tenha sofrido  nenhuma fissura. Está na suprema fantasia, no inquietante desejo. Há entre as pontas uma condução que não exige, ou não mostra exigências. Nada se diz, tudo consente. Nada  se aproxima, tudo busca. E busca em tudo aquilo que se aproxima. Na vontade, no medo, na ausência, na presença. Como uma página de livro, que  abrimos  num capitulo qualquer e ali está aquele trecho, escrito especialmente para nós. Não pense que esse pensamento me domina. Não. Ele  apenas me consome quando permito sentir. Gosto muito  da consumação. Ela arde, e isso  faz com que o sangue corra quente, rápido. Sugere. Não, não  pense. Deixe  a cegueira e a surdez te tomar de assalto. Será que assistir o mesmo mesmo filme pode mudar a pergunta, ou a rotina? Eu detesto rotina.

Carretel

Amor.
Descoberta
Conhecimento
Compartilhar
Ceder
Relevar
Manter
Representar
Enjoar
Desgastar
e continuar. Sabe-se lá por qual razão continuar a tentar, tentar, até que o tempo se forme em crosta, uma casca e, já nem tem mais importância. Basta apenas que não tenha que mexer em nada. Que fique como está. O amor perde a temperatura, não reage as mudanças. É homeopático. Às vezes, apático. Conformado e dependente. Quando acaba, deixa  sua marca. Um hematoma na alma. O amor cobra sim. Cobra tudo e com peso de compaixão.




Paixão.
Surpreende
Invade
Domina
Carrega
Provoca
É crua
Intensa
Esgota
Acaba
e deixa um gosto às vezes amargo, outras vezes  de puro mel. A paixão não censura. Ela vive daquilo que a envolve e deixa que naturalmente isso  cresça e fique pelo tempo que quiser morar. A paixão chega morna e ferve, reage e contesta as mudanças.É o remédio e o veneno. Avassaladora e mesmo forte; assim, quando acaba não deixa vestigios. Some. A paixão cobra muito, cobra posse, mas cobra como vaidade.

Neste fio de sentimentos, que escolha temos a não ser sentir? Fino, ele enrosca, enrola, enforca, e nos faz  tropeçar. 
Emaranhados, nos acompanham  pelos dias que tentamos fugir deles.  

Leia- nos

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