agosto 17, 2009

Intervalo

Só por enquanto, neste intervalo de tempo entre o fôlego e o suspiro eu te deixo ir.
Quero tuas mãos ásperas, brutas, fortes, me prendendo entre teus dedos, marcando minha pele clara.
Quantas voltas dão os ponteiros do relógio? Sem parar ficam girando, girando.
Que me importa pra que lado eles andam, se pra frente ou para trás.
Gosto assim, selvagem.
Quando me sinto do avesso, sem culpa, sem preconceito.
Guardo cada movimento seu numa frasqueira de viagem.
Embaixo da cama, dentro do armário, atrás da porta do meu quarto.
Saudade. Tua fotografia é papel de parede em meus pensamentos.
Quando essa distância terminar, quero te abraçar de verdade.
Quero voltar a ter seu calor em mim, e em teus olhos poder ler, ler outra vez tudo que ficou naquele intervalo.
Aquele que jamais se repetiu aquele que jamais se recuperou




In

Farsa

Disfarça a tua farsa.
Em palavras que não te traduzem.
Eu no fundo queria ver quebrar tua vidraça.
Em toda frase que lia, em toda palavra que ouvia, anotava.
Disfarça a tua farsa.
Engasgo e soluço com o ar seco que desce rasgando e queimando, tirando o fôlego.
Traiçoeira é a visão do meu olhar que passeia a volta tua.
Disfarça a tua farsa.
Só um reflexo de imagem, sem consistência, sem textura.
Disfarça a tua farsa.
Roe o tempo das verdades,
Para viver as migalhas da vaidade
Algum dia, não haverá mais disfarce.
Não haverá mais vaidade.
Não haverá mais verdade.

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...