Dentro daquele olhar que atravessa
o caminho da menina
para se tornar mulher,
sem contar as pedras,
as terras, os arranhões,
ela segue andando.
Castiga os pés, porque não pode parar.
Não deve. Amanhece e anoitece,e ela vive
dias onde há sombras e noites com luar.
A menina sai carregando sua alma no corpo,
e a guarda tanto, que de vez em quando
até se desencontra dela mesma.
O caminho é duro. A menina retrata no rosto
mesmo sem fotografar,tudo que sente, ve e respira.
Um dia tudo vai se juntar em momentos,
talvez de saudades, e então ela se tornará mulher.
Vai perceber que ainda é preciso
caminhar um pouco mais.
Ainda carregando a alma de menina,
passará por outros caminhos, terras, arranhões.
E viverá dias e noites. Certamente momentos que mais tarde
se tornarão lembranças também e, talvez essas,
possam ser retratadas num álbum de fotografias.
Sem o caminho, sem o luar, mas,
com o mesmo olhar que fez da menina, mulher.
O que foi deixado do lado de fora já não tem tanta importância assim. É mais árduo o que está do lado de dentro. Isso sim, é importante.
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