dezembro 27, 2010

Uma resposta

Aquela sede que não passa. Vai ressecando a garganta e tudo por dentro. Impede o ar de chegar, e molhar dentro. Dispara o coração e com isso faz delirar. Avanço o copo d'água e vou bebendo incessantemente, na esperança de acalmar o anseio. Penso em tudo que já foi e, nessa tormenta vou deixando coisas, lastros, rastros, fagulhas de mim, de nós. Há um momento em que se perde a cor. Escalo as paredes frias da memória em busca de sustentar o que mais me fez feliz, mas sua textura é lisa como limo. Meu peito borbulha. Uma saudade desgraçadamente doída de algo que nem era de todo bom, ao contrário. Mais chantageava e consumia do que trazia  prazer, mas ainda assim, era minha eu a esperava em mim todos os dias. Agora a vastidão. Reverbera silêncio que vem agudo machucar meu tempo de pensar. Nem sei mais do que falo, se é de mim ou de ti, do que causei ou do que reagi. Não sei se quero ainda lutar por mim ou por voce , porque nós, eu sei, é quase irrecuperável, apesar de todo calor que ainda aquece meu peito. Apesar de sentir que seu sentimento passa pelo meu, distraído, e leva aquela vaga imagem de nós. De tudo isso   tem uma só questão que não encontrei resposta. E ela é, por que será? Eu penso se voce tem essa resposta? Será que existe uma resposta? Não sei dizer, sei que existe  essa sede. 

dezembro 26, 2010

Sim

Se eu disser, sim... foi bom, foi ótimo. Se eu disser quero ainda mais, um tanto  mais, muito mais do que o muito que pude evitar. Se disser que quero devorar teus arrependimentos, suas fantasias, seus medos, pensamentos. Se disser que  desdobro, multiplico o tempo para  voce crescer em mim. Se eu disser que invento um instante e congelo no teu beijo o meu. Se disser que sim. Que é tudo assim. Te mostro um caminho de galhos e que por ele ficará marcado todos os acessos de chegar. E  alcançar o que puder, quiser. Se eu disser que é importante, tão importante que os dias amanhecem depois que voce os clareia para mim. E se eu disser sim.. Porque sim, e embora  sim... é assim. Só assim. Voce sabe o que significa ser o sim?  Sim...

Pedras para carregar

Em busca do equilíbrio sacrificamos muitas vontades. Em busca da razão sacrificamos muitas loucuras, as melhores talvez. Aquelas que nos daria para lembrança um eterno sorriso de quem viveu única, e minunciosamente os delírios de se entregar completamente aos sentidos. De poder arrepiar ao atravessar a memória olfativa do perfume que marcava a pele.Ou de saltar dos olhos a imagem quando passar por aquele lugar onde estivemos, nos encontramos, nos conhecemos e nos procuramos, pela primeira vez.Queria mesmo era enlouquecer, insanceder de vez. Maldita razão que apunhala.Os momentos porosos, nem ela  preenche. Essa falta , essa ausência, esse interno que não cabe no externo que respiro, que vivo. Peço-lhe então.Me deixe dissolver, brandamente a razão em minha loucura. Permita-me esquecer, abster-me de equilibrar, deixe-me apenas continuar. 

dezembro 21, 2010

Um pouco de verdade

A verdade é que tenho uma enorme vontade de avançar em você, e não pense que é para ter do teu corpo o prazer da carne, porque dele já me desprendi. Voce desgrudou ele de mim. Já nao via  mais tanto desejo em imaginar teu pulso no meu a apertar com força, como se mandasse em mim. A verdade é que  também  fui esquecendo da tua boca que me  surrava  as curvas. A verdade é que já não queria tanto seu olhar engolindo o meu e, depois se desviando para revelar fechados o que sentia  ali, depois de ter a  mim. A verdade é que  mesmo diante disso tudo, não se  satisfaz. Quer a  indecência. Quer manter o despudor da fraqueza do que  não  tem coragem de  deixar, a troco da vaidade de sentir dono. Sinto muito. E senti mesmo. Senti que tivesse  que  acreditar nessa  postura aerada. Recorri a uma resposta, e atendi um ou na verdade, mais um capricho. Me afastei. Mas, como não foi  em ti que cortou, me seguiu. Sempre com a insuperável certeza da generosidade. Ainda a pouco,  pensando em ti, e considerando que me procuraste, mesmo tendo partido de ti  o pedido de afastamento, quis  te pedir desculpas, onde talvez eu  ainda não soubesse  enxergar que  errei. A verdade  é que também poderia te desculpar pelos contraditórios exemplos de  postura. Mas, um pouco só de verdade para  dizer o que realmente vi. Onde antes tudo  era  apenas um momento, agora me parece uma etertnidade, só que vazia,  completamente vazia. 

dezembro 18, 2010

Para quando...

Para quando um dia, você crescer, se sentir grande, mas não por fora, grande por dentro, seguro, sustentável, fiel e sem receios, pecador sem culpa, altruísta sem exageros. Para quando um dia descobrir que o orgulho é bom sim, mas apenas quando ele nos favorece e nos impulsiona para realizações plenas, não para  ocasiões de aparências. Para quando estiver entre a alegria e a felicidade, saiba aproveita-las, cada uma no seu explendor total  e, diante de uma ou duas talvez, dificuldades não se entregar. Use seu orgulho para guiar seus  sentimentos, mas só os nobres. Para quando você pensar que foi bom assim , perceber que pode ter sido sim, e de fato foi, afinal  foi você quem  escolheu o caminho, mas  sempre é tempo de  rever, seja para melhorar, seja para não repetir. Para quando você  quiser  saber, saber de mim ,o que senti, o que guardei, o que superei. Para quando seus dias  precisarem de complemento com significado. De tudo, eu sempre serei atenta. Para quando  meu gosto voltar a sua  boca como saliva de saborear o que já  não mais se tem, e neste momento você puder  crescer no som da minha voz, nos poros da tua pele, e ouvidos.. ai sim,  seremos então pares. Maduros. Eu, faço o possível  para te esperar, mas não posso prometer que me alcance.

dezembro 17, 2010

Sobre o sentido

Eu quero encostar meu ombro no seu e assim, meio que de relance, sentir você.
Eu quero colar meu rosto no seu e assim, meio que sem dizer,transfererir silêncios.
Eu quero entrelaçar nossos  dedos  das maõs e assim, meio que sem pressionar, saber ter.
Eu quero enroscar meus pés nos teus e assim, meio que sem olhar, compreender.
Eu quero sentir de você além do tato, da pele.
Eu  quero teu cheiro, teu miolo, teu segredo.
Eu quero reunir os nossos sentidos todos, enquanto  me beija, eu te provo 
enquanto me olha , eu te trafego, enquanto me respira, eu te absorvo, enquanto me diz, eu te ouço e todo o tempo, eu, voce, nos misturamos
Eu quero tocar, atravessar você  enquanto me molda e ultrapassa.
Eu quero meus  sentidos  nos seus, enquanto você chama  por mim

dezembro 12, 2010

Sobre o olhar

Seu olhar era mais atrevido do que  suas palavras, porque corria o corpo e invadia a trama do tecido, do vestido fino de algodão. Era tão forte, penetrante que fazia escorrer aquela  lágrima de suor pela espinha, e ia assim, arrepiando a pele, fazendo corar sem dizer uma só palavra. Os pés se enroscavam  e queriam sair em disparada. Mas o corpo desobedecia, e paralisado só sentia. Era sempre assim. Aquele olhar era como lâmina. E então o pensamento cobria  a imaginação. Já tinhas tantas memórias dessa troca hipinótica, frequência de dizer e esperar, que podia  se perder na vastidão de seus silêncios. Até o dia em que, de fato, quando a espinha sentiu escorrer da nuca, e se viu dentro dos olhos daquele olhar, refletida, seus pés saíram do chão, mas não foi  para correr, eles estavam vivendo a melhor cena que sua imaginação pode trazer em pensamento desde o dia em que aquele olhar atrevido a despiu do tecido de algodão.

dezembro 08, 2010

Sobre Beijo

O beijo começa  no olhar. Magnetiza e arrasta os lábios. Quando se aproximam e então se tocam, as vezes até trêmulos, transformam as sensações  junto com a respiração. A respiração que acompanha os batimentos no peito, crescentes, quando as  línguas cegas,  invadem as paredes úmidas e quentes da boca e se enroscam. Serpenteiam e reviram o lado de dentro. Desmancham medos, navegam mares, se perdem e se encontram. E ficam infinitamente se lambendo. Enquanto os corpos envolvidos pelos braços que abraçados se apertam, e  prendem os corpos tão juntos, que vão se deixando excitar, demonstrando na pele o arrepio de beijar. Se deixar beijar, para ser o beijo, ter o beijo, sentir o beijo, beijar.

dezembro 07, 2010

Uma palavra

Ache uma palavra para me dizer. Encontre uma frase sua, verdadeira, um olhar que possa ser interpretado,traduzido, lido sem mais, nem ninguém. Deixa eu ver de voce o que realmente é, onde é ferida, onde é cicatriz. Revela a face do querer, do medo, da incerteza. Não quero conhecer tuas certezas. Quero teus receios. Ainda que seja para não ficar, não importa. A vida se mistura com o tempo que temos para erros e acertos e, de repente, tudo vira  jogo. Não, as calçadas, não são tabuleiros. A chuva molha de verdade. Os olhos captam imagens, que os sentidos projetam. Ache uma palavra para me dizer que faça sentido.Alguma que tenha significa para voce e então, fará sentido para mim. Quando seu pensamento dobra  a minha esquina, eu  vejo tua sombra. Ache uma palavra para me dizer.Que não seja relativa, que seja exata, única. Uma só. Ela existe. Se ainda não a conhece, é porque não se reconhece, nem tão indefeso nem  tanto quanto seu contrário.
És apenas um vão.Sem absorção.Um vão, mudo. Ache uma palavra para me dizer. Uma apenas, que faça sentido.

dezembro 05, 2010

Areia dourada

Irrevogável. Mesmo quando rasga e arde, queima e pulsa, e não é possível  esquecer. Desejar ter. Não ter, não ser. Só querer receber, transforma. A indifrença  não é como a  ignorância, é só, agora,  insignifiicancia do que era. Ainda que a sede venha às vezes  mais forte,  mais seca, quase um martírio. É apenas o que restou do deserto que nos atravessou. Hoje já  não tão imenso, não tão intenso, assim. O tempo foi carrasco na magia, que acreditava, nascia todo dia. Seu ouro agora vale pouco. Não tem pegadas  na areia, não tem retorno, acesso, não tem  rastro. Seu ouro é só seu. Ninguém vai rouba-lo, nunca. 

Criptograma

Para decifrar, encontrar e ter. Encaixar, resolver, exibir, conectar, saber. Transversal, paralelo, vertical, horizontal
Mistériosa, entre esconderijos, senhas, coordenadas, advinhações, atenção, observação. Um jogo da vida. Uma condição. Um prazer. Diversão que vicia, Incansável. Insubstituível. Sem igual. Palavra que entre tantas outras destaca, marca, refere.Para cada um , uma , para cada momento, uma, para cada sonho, coito, choro, alegria, sorriso, espera, conquista, definição. De um jeito, de um tanto, de um vazio, de um colosso de um meu. De um seu, sua. Conjugada, verbalizada, adormecida, palavra nua. Sílaba por sílaba.

dezembro 03, 2010

A espera

Esticou o corpo no tapete, preguiçosa e  lascivamente. Não temia que os pensamentos fugissem. Isso, lhe pertencia. Dominava o tempo com pernas que cruzava , descruzava. .As mãos se mantinham na taça, onde do vermelho bebia do pecado a solidão. Inquietude. Nem sombras,  nem reflexos, tudo a volta apenas ecoava como um mantra.Quando outra vez? Da janela, a lua  prateava as paredes e ela, muda , sorria. Amanhã  quem sabe...

dezembro 01, 2010

Aroma da côr

No vão da minhas coxas. No céu da sua boca, na imensidão daquele tempo que dura o olhar.
Do toque da pele, do silêncio, do gemido.
Do rítimo no pulsar. Juramento, sacramento, promessa, confesso, todos calados. Tudo  ali.
Junto, somado, trocado. Meio a paredes, portas e janelas,  isoladas, térmicas. A música eclética, nada que dissesse aos sentidos, mas, os detalhes, todos colhidos.
Particularmente tão único, quanto a cor do baton ou o perfume usual. Natural.
Traços pintados a mão não são  sequênciais.
Se não fose o recado no espelho, desbotado com o vapor do chuveiro, assinado...um beijo. 
A côr pode ter aroma.

novembro 29, 2010

Reverso

Quando nos passam a faca pelo lado do fio, o corte sempre carrega a profundidade da lâmina. E sangra. Nada adianta se esvair, porque de todo quente que esse  vermelho escorre, não  lava o que já tem  necrosado, lá dentro. Sim, é pesado. É pesado e necessário, porque só assim é que se da conta da potência que tem as palvaras. Quase tudo se recompõe, amor, dor, sorriso. O que quebrou, pode calcificar-se, embora perca a tenacidade, a força para  respirar. Nunca, jamais, em lugar algum, olhares serão vistos, labios serão tocados, e dizer por dizer, será outra vez despertado. Não pense que a dose de alívio é ausência. Não. Nem  para  dizer, nem para sentir, menos ainda para suprimir.Desmanchar criações não desfaz intenções. O amargo se diluirá. E derretendo as crostas que revestem o tempo, vai permitir apagar, toda voz que soou, todo ouvido que ouviu.

novembro 22, 2010

Para falar de nós

Pontos isolados, atraidos pelo que não se sabe. Se interpretam constrangidos e, diante dessa visão se distanciam mais e mais. Há uma sombra, pelo que se diz ser poeira, fragmemos, migalhas de tudo. Complexo para ser exato, é claro. O simples nunca pareceu ser óbvio.O que permanece é essa sensação de que sempre está presente. Seja porque realmente está, ou não.Quando a noite  voce transpira  enrolado no lençol e, ao amanhecer quando  dobro a esquina as batidas do peito aceleram, fazemos de conta que não nos diz. Entre uma busca, uma fuga, uma ilusão, os dias se vão. E como é dificil permanecer.  Voce sabe passar, eu não sei. Palavras, argumentos que dizem nada no vão, que sempre deixamos exisitir. Liberdade viagiada. Mas eu, eu vou saber um dia o que é. E voce, talvez. Quanto a nós, nós.... seriamos eu e voce?

Ah…

Se ele soubesse o que nela queima, jamais distrairia suas mãos, ou desviaria seus pensamentos. Descobriria que nos lábios dela  mora o beijo dele e, que em seu olhar a contemplação de pertencer. Ela, já não pode mais enganar com as palavras as atitudes, aquelas que renuncia. Prefere entregar-se agora. Descansar na mesma espera que a fez chegar, estabanda, trocada, ao que  permanece então, no esperançar outra vez e sempre. E era assim, sempre foi. Ela queria apenas, o que já lhe parecia muito, e tanto para que pudesse se dar. Sofria de um silêncio agudo, que de vez em quando rasgava-lhe a voz através de letras impressas com o esmalte  transparente de seu querer. Embora soubesse ela, que tudo isso corrida pelo vento a toa, não podia deixar de sentir. Ah, se um dia ele soubesse viver dela, o que a faz simples, assim.

novembro 19, 2010

Quando transborda da raiz

Desfazer. Tirar as algemas. Dizer sem precisar  pensar. Parar de fazer disso uma estratégia. Apenas deixar que os dias  sejam claros e as noites, talvez, se não forem suas de fato, que sejam sem culpa em pensamentos teus, meus. Pensei esses dias, que passei a compreender algumas coisas que sempre disseram e que para mim era tão fora da lógica. E descobri que muitas vezes, criamos uma lógica para justificar e confortar as próprias adversidades internas. Não, não é nada em especial, e só o conjunto. Gosto de sentir, ainda que proibido. Porque para desejar não há  limite e às vezes, nem lógica, senso ou nexo. Nós é que definimos, quando sabemos. E até onde eu sei,  pensar  não machuca, não constrange, coibi, pressiona ou  muda alguma coisa. Ainda sou livre diante do silêncio, e das vezes todas onde quem sabe, fui culpada, era por uma razão só. O querer. Que  transbordou da minha raiz, pelos poros, olhar, e garganta,  consumidos em palavras. 

novembro 15, 2010

Embolia

Discordo de tudo que se emprega para dizer o contrário. Embalado em sutilezas trocadas  pela mais  forjada delicadeza, onde na verdade, nunca se sabe, o que de fato está por trás. Sentidos que se desenham entre vogais e consoantes  meio as sombras. Transformam em sinônimos palavras que não são. Se é pra dizer que seja consistente. Mesmo que contrário ao que mantém em ti. Sabes o que é latência? És constritor, de ti. Começa pelos passos  que se arrastam, pesadosEmbolia

novembro 13, 2010

Exatamente , Supostamente.

Era meu corpo. Era o teu corpo. Sentia teu toque como de uma seda deslizante em mim.. As pontas dos dedos mapeavam minha geografia que naquele momento se despia para você. Um olhar incansável de te ver ali, e que crescia  no nosso  desejo de devorar. Suas mãos prendiam as minhas no o alto. Sua  boca encostou na minha e a língua, ah, e a língua  me torturava. Procurava pela minha. Era tanto que não se dizia mais nada . O sangue que corria  queimava a carne. No chão, os corpos.Ora pesava o meu sobre o teu, ora teu sobre o meu. Tão lentamente como uma eternidade, e preciso como uma respiração diafragmática. Aquela  noite era nossa, só nossa. Eu queria me perder no teu abraço, no teu folego, no teu beijo, na tua transpiração e nunca mais voltar. Voce queria o domínio, a força total de quem tem, possui, uma mulher. Eu, por mais que antes pudesse parecer o contrário, era e seria sempre desarmada de ti. O que viria nem tinha importância, pois cada instante era teu, e único como jamais de ninguém  tivesse sido. E não foi. Nunca mais. Te percorrer, marcar, alcançar e, de você, ser o lado de dentro foi conhecer algo que não quero esquecer. Fiz-me livre. Cedi. E continuaria cedendo. Basta que seja maior. Maior que as palavras de definição, maior que as respostas de inexplicáveis perguntas, maior que qualquer outra coisa que se conheça. Só no silêncio de nossos pensamentos  confidenciamos. Era  algo que não se sabia  entender, e que por isso talvez, pudesse morrer ali. Não morreu. Dorme. Apenas dorme. Quero-te. Exatamente como não posso dizer-te. Supostamente como não posso senti-lo.

novembro 10, 2010

Procura-se

Raciocínio sem lógica. Cegueria de paixão. Sedução. Sorrisos. Emoções de viver, prazer em ter. Cheiro, gosto, olhar.

novembro 09, 2010

O Senhorio

Era sentir  a respiração entre as coxas, e o suor do corpo que  lhe corria  pelas costas. Era a secura da boca e a falta de ar  que  quase sufocava-lhe a vida.E naquele lençol enrugado, fora das margens do colchão imundo, que ouvia o sussurro nos ouvidos. Era assim, lasciva, burlesca, profana. Queria sim, que nada  pudesse parar. Seu corpo sacudia  para frente e para trás, sentia o peso  sobre si, e a força de seu senhor. Sim, seu homem e senhor. Aquele que a possuia. Submissa  continuava. Sempre. Por todas  as noites em que ele estava  nela, e todas as que ela se valia das lembranças dele. Ele era seu homem e ela, sua mulher.

novembro 07, 2010

Bifurcação

Já me negou  algumas  vezes. E ainda assim contradiz  teus anseios. Minha  penitência  é maior que o castigo teu. És tu que eu quero, adiante. És tu qu eu quero que me domine e preencha o que  me falta, e como faz falta tu em mim. Abandona essa sensatez por um só instante e enlouquece pelos minutos que nos descobrimos a sós. Esquece que não tem amanhã , se não  tivermos o agora, venderemos nossos dias à alguém sem  paixão. Não queira descobrir por completo e ter certeza do que é certo , porque  certo é o que nos permitimos.Se está vazio agora, é porque deixou  que seu todo ficasse comigo, pretexto pra vir busca-lo.Não  fique solto. Essa distância toda  pode nos   alcançar e  seremos dois vazios, afastados demais. Eu por te querer e tu por não acreditar em ti e em mim.

Denuncia muda

Não, não é mistério , é  proibido. Ao pensar, e não distante do toque que penso ser o teu, me sirvo de mim, pura  e simplesmente pela ausência da tua carne perto e dentro. As vezes não tenho escolha, tenho oportunidades apenas.  Em momentos de delirio me tranco a sós  com o silêncio e deixo que ele invada. A  culpa é tua. É justamente neles, nos momentos em  que  calo, que me entrego a ti. Me diga, e o que faço  com o corpo  que  incendeia e como uma clareira  ilumina a volta toda? Mergulho nos lençois  vazios? Já não sou dona dos ponteiros do tempo que passam por mim quando  os minutos correm pra voce. Se deseja meu corpo, morada da minha alma que segue teu rastro, pelo vento, buscando o olhar, encontre-me. Posso sentir  o calor que  abraça, que molha e que me transpira. Não não é mistério. É proibido. É uma denuncia muda. 

novembro 06, 2010

Sem medo

Quero te-lo.
Quero te-lo com um desejo que vem primeiro.
Precedentemente de outro sentido no sentido de te-lo, simplesmente em mim. Em tudo que couber, no tempo e nos escritos, quero seguir entre nossos comuns momentos e, sentir-nos, em despeito do que outros pensem. Porque isso nos protege e robustece em nos viver. Tempo de querer.E quero- te meu como for, como vier.

novembro 04, 2010

Nas manhãs

Razões, justificativas,  acertos e porques. Buscamos tanto que as vezes passamos pelos principais  momentos  sem desfruta-los. Não  queremos falhar ou  magoar. Pensar que o certo é o  não, sempre. E, quem sabe nos dizer  até quando ou até que ponto nada tem  valor para se retrair assim? Quem sabe? Existe uma saudade, aquela que não tem dimensão porque não teve  existência e mesmo assim,  nos preenche de tanto, que o que cresce a volta é sempre pouco. Eu te sonhei. Quando não pude sentir-te em mim, estive além do toque. Ainda há marca no corpo pelo rastro de tua sede. Quando digo quero – te a ti , quero-nos, a nos dois. Amanhã serei e tu serás, a mesma quietude que consente a perversa ausência vivida. Encoberta por outra  boca, calor que não aquece. Dias sem tom.

outubro 29, 2010

Voz do travesseiro

Não saberia  dizer
Palavras se tornaram insuficientes
Inquietante  perceber que pertence
Ao pensamento, e que dá arrepio
Latente, desejo da boca
Pulsante querer do olhar
Deixar espalhar  pelos poros, o cheiro
Coisas que só revelamos a sós
Codificar reações para se decifrar
Segredos
Aqueles que negamos conhecer
Aqueles que desafiamos  sentir
Aqueles que esperamos saciar
Retomar o que incendeia, transpira
Ainda que calados, cercados de nós 

outubro 23, 2010

Receita de tempero

Eu
Voce
Mãos
Pernas
Bocas
Linguas
Nucas
braços, traços, abraços, chão
virar, revirar, rastejar , conter, prender, enroscar
transpirar, molhar, ofegar, olhar, repetir, sorrir, 
lamber, morder, arranhar, escorregar, deslizar
adentrar, contornar, assoprar, beijar, sorver

apaixonar, querer , desejar ter, 
manter aquecido no pensamento

outubro 20, 2010

A Procura

Já não há sentido na procura. O caminho é largo. Os passos vão se arrastando pelo chão e os olhos buscando  chegar  antes do corpo cansado. Espero só encontrar o toque suave  da  tua mão na minha  pele. Respirar o ar da tua respiração que descansa  no meu peito. Trocar nosso calor. E ali ficar,eternos  minutos nos sentindo. Apenas nos sentindo.Ah! quanta vontade de não deixar escapar nenhum segundo teu em mim. Enfim o encontro. Nos absorvemos de maneira tal que, antes meu beijo tem a tua lingua, que já estava na minha boca  que já era tua, se não fosse antes, a tua , tão minha. Nessa procura somam-se muitas palavras, desse encontro , somam- se muitas  verdades, livres, lindas, nosssas. É só que basta, era só o que procurava. Fim. Aconteceu você.

outubro 13, 2010

Um dia voce

Um dia, voce. Um dia só,  vou te querer. Mas neste dia, vou te fazer nascer. Neste único dia vou resgatar das tuas próprias omissões e procuras em vão, voce.  Neste dia as horas serão minhas e transformarei em eternidade casa segundo, porque te quero. Neste dia você viverá apenas a sua propria beleza, aroma e expressão. Neste dia  meu corpo será teu reino, e o teu meu paraiso. Neste dia sem contradições, distorções e  mentiras, só neste dia, porque me entrego à te pertencer, sem  querer saber o que será, e voce  se dá, sem reprimir  o que amanhã não  permitira existir. Porque? Porque eu sou  mulher e voce... Voce é desabrochar que  meus olhos seguem, até onde alcançar. Porque ? Porque és homem e como todo homem incompreendio de si mesmo.Mas neste dia, neste único dia, sequestrarei  suas razões. E depois, quando  nascido num suspiro longo, buscar o calor do meu  peito, te darei a mão, para que possa se levantar   e ir, seguro. Até que em algum outro dia, renascer seja meu nome na tua voz.

Bebe de mim

Eu tenho medo do teu veneno que muda meus desejos, sobre o que querer. Eu tenho medo do teu disfarce, da tua angustia. Já sei qual é a essência que te atrai, e dela vou me valer, até para que saibas dos teus erros. Pois, agora que sabe meus traços, minhas curvas, conhece meus caminhos, agora que  pode  desenhar em silencio e guardar em segredo meu beijo,agora que descobriu minha boca, minha mente, não me tens. Meus lábios estão para ti. Lábios que devoram sua alma pelo lado de fora, e contra os seus, pressionam, mordem devagar, umidecem. Invasão de lingua que se enrosca por dentro, e puxa pelo céu da boca, como um convite. Tenho medo do teu veneno em minha boca, acidez da saliva que queima no corpo e desassossega o  juízo teu. Meu. Navegar pelos templos da carne. E agora que conhece  tudo, bebe  de mim a distância. Desnuda.

outubro 11, 2010

Urgência

Hoje tenho urgência. Sedenta de te tocar, de sentir. Hoje estou por você. Como naqueles dias em que me prendia, sem razão de ser. Hoje estou por um triz, para dizer, correr, querer, despir. Hoje estou assim pelo sopro. Desfiando os retalhos, calçando os desníveis. Hoje estou assim, como se fosse agora a pouco, como quem em outra voz, estivesse aqui. Como quando me sustentou o sono saciado naquela tarde. Hoje estou assim, trazendo de longe um pouco mais de voce. Hoje estou assim, querendo saber de voce, lembrar de voce, chamar voce. Hoje estou assim. Sem padrão de comportamento, sem estilo de argumentação, sem porques e sem se nãos. Hoje estou assim, somente eu. Tenho urgência dos teus  braços, da tua boca, do teu olhar em mim.

outubro 09, 2010

Teclas da maquina de escrever

Gosto de me sentir provocada. Gosto de ter na boca a massa quente e pulsante do teu corpo. Gosto de te-lo chicoteando meu rosto para que eu quase implore que me percorra. Gosto da sua mão  marcada forte no meu quadril e da sua boca sedenta. Gosto da lingua  trépida e faceira lambendo meus  vãos, meus inteiros, minhas somas  e metades, abertas, suas, nuas. Gosto dessa mistura de cheiros e sons. Gosto da sensação de poder, e sem conquista, essa coisa meio vadia de prazer. Momento que a decência peca por invejar a  luxuria. Caprichos, troca de vaidades, encaixes, maõs, pés,  braços, embaralhados, transpirando. Corpos que vão dentro e fora dos prórpios corpos, descobertas entre alguns sorrisos calados e  suspiros entoados. Gozo. E  depois.... outra vez, mas desta vez, eu provocarei até voce me alcançar, para ter, ganhar...

outubro 07, 2010

Era um tanto...

Era um tanto. E um tanto não tem medida. É só, apenas ou  muito. Mas era o meu tanto. Tanto quanto eu podia, tanto quanto eu sentia  tanto quanto eu queria. E era um tanto que mexia, que desmedia, que sufocava os sentidos. Era um tanto que queria saltar, um tanto que queria saciar. Um tanto que esperava, contornava, pedia. Havia tantos outros muitos tantos, e nem por isso desistia, enfraquecia. Era meu tanto que valia. Era tanto quanto, tanto muito, menos tanto faz como fez. Era isso ...um  tanto de mim buscando um tanto de voce.

outubro 04, 2010

Jura eterna

Não quero do gozo a felicidade como jura eterna.Quero que todos os dias conquiste a  felicidade e que termine num gozo.Não penso num projeto de promessas,desenho um caminho que se estende por ele mesmo.Sentidos são dados aos pensamentos e, que sem vaidades se experimentam enquanto se descobrem.Se,dentro deles,do gozo,da felicidade,dos sentidos e pensamentos, houver um nome,reserve.Só assim concederás ao tempo prazo indeterminado sem acorrentar palavras. 

outubro 03, 2010

Omissões

Vamos nos enfrentando. Ameaçando, ludibriando, fingindo e acusando. Vamos nos desafiando num prolongar de silêncios e fuga de olhar. Vamos nos medindo pelo quanto é  possível  acreditar. O que já não era de todo verdade. Aliás, nunca foi igual. Sempre extremo. E se agora rodopia parecendo ser diferente, é porque  alguém mente.Essa provocação afastada de laços finos, sintonia destoada, sem conhecer o porque. Por que? Há tantas maneiras chances de se encontrar. Um serrote pode mastigar as margens e não alcançar o corte alinhado.E assim continuamos, até quando? Até fatigarmos. E depois seguir para  remoer sem dizer, sonhar sem viver, esquecer sem querer, desejar sem ter.

outubro 02, 2010

Sem reprise

É intenso mesmo. Para que seja tudo, tem que ser assim. Não é o tempo que determina o quanto, é o como. Um conto de fadas que não envelhece, não despedaça, não dilui. É tudo forte, visceral, vermelho. Para que não  falte paixão, que não reste fim, é tudo enquanto existir. Não se respira depois, não se vive o que foi sucumbido. Por isso, assim. Como histórias que saltam dos livros, daquelas que da pra sentir o sopro da brisa, o gosto da lágrima, o molhado do corpo, o quente da língua, o brilho do olhar, a profundidade de suspiro, o medo, o sorriso, o pulsar, o prazer enfim. Tem que ser, assim intenso. Se  não for, vai restar sempre a dor, a ausência, a saudade vestida de trsiteza, de monotonia.Inteiros incompletos. A intensidade é crua. Não tem disfarce, não simula. Acontece naturalmente, sem corte, sem ensaio. Sem reprise. Apenas intensa.

setembro 30, 2010

Sutilmente fatal

O que quase não posso acreditar é a substituição. Não, não me refiro o fato da troca, mas da escolha de como viver isso.Substituição desmedida, preenchimento de avulsos, plantando outra  maneira de continuar  vazio. Falo do orgulho imenso e soberano que aleja e  evenena aos poucos a existencia de um querer.Falo da conveniencia de incertezas, falo da  ilusão. Nuance de uma condição.Solidão do abraço, cansaço do olhar, dormencia da alma.Surdez. Enquanto tanto foi  deixado para sequer, arrancar de dentro um sorriso verdadeiro.Entre dois pontos um fio, fino, mas resistente. Instrumento de nome proibido.O som requer atenção. Sentido de igual desejo, dedilhado complexo. Sutilmente fatal.

setembro 27, 2010

Intervalo de relação

Gosto de aquecer teus pensamentos.De provocar teus delirios por onde corre meu sangue quente. Gosto de saber que tuas  mãos  latejam quando buscam por meus seios. Gosto do umido da tua boca quando beija  meu ventre, porque  gosto de me sentir tua. Enroscar meus braços na tua nuca e trazer o sussurro no abraço. Explorar. Passear, cavalgar, serpentear  nossos corpos. Gosto de transpirar com voce. Gosto de ver seus olhos me prendendo, ditando o ritimo, seguindo os meus. Gosto de nos ouvir. Gosto de muito imaginar que antes o silencio já  era pecador.  Agora, basta que apenas  se distraia  no contorno dos meus lábios te chamando em segredo. Gosto de sentir que me carrega por dentro.

Vastidão do nada

Existem coisas que a gente não tem muito como explicar. Só podemos  aceitar ou rejeitar. Aceitar significa tentar conhecer, buscar, descobrir - sim arriscar. Rejeitar significa desistir, acovardar, subestimar o certo, deixar o duvidoso responder. Eu tenho um espirito pouco conformado com a vastidão do nada. Não gosto de ver areia subindo com o vento, granulando a paisagem dos meus olhos. Porque se isso se aproximar, esfregar para tentar enxergar pode arranhar minha retina e cegar. Eu  gosto mesmo é de sentir a o chão sob meus pés, mesmo que o solo seja quente, ou escorregadio, com muitos pontos cortantes, ainda assim, esse caminho vai me levar à  algum lugar. Ao passo que a tempestade de areia apenas me paralisa, me detém.

Fios ao vento

Sentia  quente, de modo ligeiramente atormentado entre o que queria apagar e o que emergia das entranhas. Razões que não tem lógica. São como  linhas finas, que se enrolam e embaralham em nós. Desatar, desembaralhar é descobrir o furtivo prazer de se misturar. Existem suavidades que só acontecem na transigencia  de querer  saber. Passear pelos meios, tingir  o vermelho de dentro, molhar os poros até  transbordar. Intorpecer, envolver com o perfume que é singular. Sorver. Caprichos que  desenham outras  vozes, distantes da minha tez, palidez. Sua insensatez. Cem ramos de perdão, para mil  galhos de entrega, fome de  entrelaçar, amarrar, conter. Existe ainda um paladar no atrevimento de desafiar o vento a emaranhar  nossos fios.

setembro 20, 2010

Segredo da Retina

Fecho os olhos. Percorro o tempo sem asas. Tenho o silencio como guia. O ritimo é o pulsar. A mão latente que comprime a carne na pele, termômetro do pensamento. A lingua umidece os lábios, calados, apenas brilham entreabertos. No escuro dos sentidos, nenhum feiche de luz, nenhuma sombra, nada. Imensidão. Composição que faz transpirar, excita. Misto de medo e ansiedade. Puramente prazer.Um cálice. Um cigarro. Livre. Dentro, quente. Minha alma absolve o corpo dos pecados. E confesso, gosto do desejo. Imaginar é sedutor...

Desvendando olhar

Parei um instante de te olhar com meus olhos de paixão e fui te buscar cru. Que triste fiquei. Eu te desenhei tão diferente. E te via assim, em cada centimentro de saudade, em cada milimetro de querer. Acho que evitava falar de qualquer outra coisa para não desviar o olhar, manter o sabor. Seu brilho foi ofuscando.Fui perdendo o paladar de ti. Eu queria encontrar tanta vontade de vida, não a minha, mas vontade de voce mesmo. Fui ficando cada vez mais triste. Monótona, indiferente, igual. Num desanimo de conquistar.Eu, voce, o mundo. Corri os olhos naquela fotografia e não identifiquei mais voce, mesmo num esforço desesperado de ver, não vi. Me olhei no espelho imediatemente e lá estava eu. Pensei, eu jamais sai ou me desencontrei. Percebi que estive insaciavelmente devotando meu calor num iceberg. E, depois de tirar as fantasias que coloriam tudo, veio o cinza. Fiquei triste. Não porque eu deixaria de te sonhar, mas por saber que voce não não é capaz de saber de si próprio. Não queria que voce me quisesse por que eu te queria. Minha sede era outra. Queria que voce se quisesse.E quisesse ainda mais, quando me abraçasse, molhasse minha boca ou pudesse rir das bobagens que eu lhe dizia, depois descansar seu corpo no meu.Queria te fazer mais e maior em voce. Fiquei triste, por descobrir que não por mim, mas por seu próprio deserto, descolori.

setembro 17, 2010

Entrelinhas.

Saborear sem provar do gosto.Ter sem sentir tocar. Imaginar. Sensação de aproximação sem a presença. Absorção de essência. Cosntrução de voz. Calor, dilatação e contração. Revelar em segredo, monólogo de prazer. Reação, extensão da entrega, suavidade de linhas na expressão do corpo. E os rasteiros pensamentos. Compasso. Onde? Entre as portas de garagens, os degraus das escadas, os carros estacionados, as marginais, as horas. Entre os dedos no teclado, entre os lençois e travesseiros, entre o poder e o querer, entre o querer e o querer esquecer. Entrelinhas.

setembro 16, 2010

Sal dos dias

Se não pode ser, que seja. Mas que seja de uma maneira que possa acreditar. De um jeito que sinta, de uma forma que envolva. Se não pode ser, que seja. Mas que exista algo, que signifique, que traga. Procura uma razão para esquecer.Não há. Nem mesmo o mais amargo desprezo. Porque dele, se reconhece a mentira.Tentativa vã viver no engano.Quando o sangue pulsa na veia e a pele arrepia, é o segundo da traição.Contradição. Haverá eternamente um castigo, um sal no fundo dos dias, quando os minutos deixam de marcar as horas, e se espalham nos segundos de sentir. Que resposta guarda o coração para a razão soberana? É preciso ouvir a voz do coração.

setembro 08, 2010

Cegueira do tempo

Existia uma cegueira. Havia um desespero contrário. Uma necessidade sádica dele e um tanto masoquista dela. Dele as palavras eram castradas para não dizer sobre si. Por outro lado, dela fertilizam. Porque tem que ser constrangido, o anseio de sentir. Mentiras. Vergonhas. Impurezas. Nenhuma profana vontade há de sobrepor a penitência amarga da felicidade idealizada. Castigo da alma, pecado da lingua . E a tentação emergia nos dois. .Ela dizia que o tempo é inimigo da vida. Ele acreditava que na vida o tempo é um aliado. A noite fecundou o dia, e o tempo nas palvaras se arrastou.

setembro 03, 2010

Cantos do mundo

As vezes me sinto tão linda. Isso acontece quando penso em voce . Quando penso que podemos, que queremos, e vamos. As vezes construo o que somos e ainda além, o que viveremos. As vezes amanheço no teu dia, pensamento tão forte que me vejo nos detalhes de cada canto do mundo. Nos farois das avenidas, nas praças, nos mares, nos bosques, no céu. E quando a tarde cai, no vermelho do sol, vejo no fogo que queima. As vezes me sinto tão ingenuamnete linda, paixão fina, que pulsa por dentro e desperta assim, esse sorriso de quem acredita ter. As vezes me sinto tão linda , só por te esperar vir. Eu sei...No caminho há muitas armadilhas´. Mas eu sempre estarei do outro lado, linda ... tua, nua. Sem esperar mais do que pensei, sem querer mais do que construi, sem prever mais do que vivi. Simplesmente linda. Para os dias em que voce estiver , chegar, quiser...

Naquela hora, naquele dia

Saudades dos teus braços nos meus que ainda abertos, espera o abraço apertado e assim encostar meu corpo no seu. Saudades da tua lingua encontrando a minha na fome de nossas bocas. Saudades dos teus olhos arredios buscando enxergar os meus, que te descobre nu. Saudades das tuas mãos segurando as minhas na rua, na cama, no caminho de chegar e voltar. Saudades da tua voz embriagando meus ouvidos. Saudades de estar naquela hora, naquele dia, na tua vida. Agora inventando todas as maneiras de não sentir, não saber. Agora tentando convencer que a saudade já passou. Agora eu leio meus codigos de voce, meus...minhas palavras guardadas pra falar. Saudade vai passar , vai passar...

setembro 02, 2010

Muralha da torre

Se sabe, é porque sente também. Só se sabe aquilo que se conhece. Daquilo que viu, ouviu, sentiu, provou e tocou. E aquele silêncio na voz depois do beijo de boa noite, deixou na fração de segundos o zumbido da linha crescer junto com a respiração. Desligou. Sinônimo mais... Qual é a profundidade do querer? Quanto mais águdo precisa ser o desejo, além de certeiro, para atravessar essa muralha? Aqui do lado de fora o pulsar é acelerado, e ai dentro descompassado. Não é indiferente, não vai se tornar indiferente, nem mesmo quando diminuido. Apenas se vê preso na corrente dos dias, olhando do alto da torre do castelo, toda beleza que há em sua volta, ainda vazia.

setembro 01, 2010

Ensaio de despedida

Tenho medo da tua reação indefinida. Tenho medo da saudade que possa sufocar seu ar, e que tarde, eu não possa mais te aliviar. Tenho medo que seu medo cresça dentro e fora das minhas verdades e então eu me perca pelas dores. Agora estou com medo de me dar. Estou ficando com medo de acordar de voce e não ter onde me agarrar. Estou ficando com medo de não ter a falta, despresar a ausência e perceber que não há, nada. Que tanto tempo no meu caminho, toda minha espera está se esvaindo, perdendo angustia e força em mim. Tenho seu cheiro como referência, seu beijo como meu desejo, seus olhos como os meus. Retrato de um tempo. Hoje ensaio para despedida. Sei que isso vai arder um bocado, sei que ainda e sempre haverá um tempo novo. Sei que tenho medo de não sentir mais medo de mim e da minha falta de ter medo de ter voce.

agosto 29, 2010

Sede e Frio

Há dias que tenho sede e frio. Outros fome e calor. Sobrevivo ao tempo. Repasso o que me é necessário e permaneço assim. Quero ficar até os fim dos dias, quero exaurir forças, mas sentido-as lutar pelo o que senti. Não pretendo postergar. Quero perder o domínio, falecer, assim devagar, na tua imagem diante do suspiro de larga lembrança. Com jeito de quem soube reconhecer, embora não tenha podido viver. Descaso do inesperado. Mas nesse diminuir de olhos abertos, quero dizer no ouvido, talvez, coisas que na verdade, só se sente no instante mais insano. Naquele que transborda gozo daquela paixão que nasce e morre diante do sorriso aberto, seguido do silencio tão completo do corpo, da alma, do perpétuo. É isso. Perpétuo. Indissolúvel, inesquecível momento de comunhão. Permanecerá. Já não falo mais. Só sinto sede e frio, fome e calor .

Nomenclatura

Seria teu nome em minha vida. Ou a tudo que se destina. Ao meu beijo, minha carne, minha ansiedade e displicência que perde a linha ao te ver e não te ter mais. Seria a mesma palavra proferida àquela que não tem fim, amor talvez ou coisa assim. Nomenclatura de definição de emoção, pensamento solto. Nomenclatura que não conjugamos, porque não nos entregamos, não nos demos completos. Porque? Não sei. Voce sabe? Nomenclatura do difícil de dizer, que mesmo ainda tão pouco distante, não esquecido, quem sabe só evitado. Nomenclatura. Um espaço entre nós, necessário, doido, pra que? Para criar saudade ou simplesmente seguir um rótulo cujo nome é ... Nomenclatura. Existem várias, só vivo uma.

agosto 28, 2010

Divisão de nós

Sim, eu quero agora só teu corpo. Me livro da tua alma, para nao me apaixonar outra vez. Para não deixar imaginar, que além de calor da pele, como seria misturar nossas ideias de vida. Nem quero saber mais como seria também, poder impulsionar a coragem e sustentar uma felicidade de conquista nos dias que fossem nossos. Enxugar lágrimas quando no tempo não acontecesse o que diagnosticou tão regradamente, e brindar com teu sorriso a minha alegria de simplesmente pertecencer em nós, cumplicidade. Não, não quero imaginar mais. Em como ter os pés enroscados em dias frios, poderia aquecer toda estreita noite de ventos cortantes.Também não quero mais saber te esperar, as vezes amargo, as vezes doce. Agora quero só teu corpo, porque ele eu sei. É seguro nas reações e manisfestações de prazer. Sem segredo, sem medo de ter, dar, merecer. Eu arrisco um palpite. Um dia ainda, sua alma engole teu corpo. E, além do meu corpo, terá quem sabe, o encontro da imensa calmaria que me fez seguir, sem voce.

agosto 26, 2010

Verde fios de ouro

De repente sua mão segurou a minha e com a força do movimento me puxou para ir. Eu nem sabia direito pra onde , mas não quis nem tentar resistir. Era a sua mão, era voce me levando. Tinha tanta vontade de estar com voce que pouco importava o lugar. Seus passos foram ficando largos e eu tive quase que correr para te acompanhar. De vez em quando voce virava o rosto para trás e tinha um sorriso leve. Seus olhos fitavam os meus e eu via neles o reflexo de nós. Então voce fazia um movimento com a cabeça como que dizendo, falta pouco para chegar. Até que ao alcançar o alto daquela rua eu vi. Um enorme tapete verde, com nuances douradas do sol que pintava em fios de ouro, a grama macia. Nossa respiração era ofegante. Nos olhamos, nos beijamos demoradamente, nos abraçamos. E, nesse abraço nos tomamos por nós. Infinitamente entrelaçados, enroscados e entregues, feito crianças, rolamos pelo macio verdejante solo. Assim, desejo ingenuo. Saudade de viver menina, ter voce menino, livre. Amanhã é sempre o depois. Eu tenho saudade do agora.

agosto 25, 2010

Poema no mar

Quase em torno de mim mesma. Nesta vastidão, tão profunda encontro um feiche de voz. Ela diz que quando se busca tudo se encontra e, mesmo que distante de nós, ainda assim, está perto pelo que se aproxima da vontade incessante de se querer.Um desalinho alinhado. Era um poema guardado pra dizer eu te amo, de um modo insensato, de um jeito calado, como um grito abafado. Era tão lindo e cafona que as letras não quase não uniam, porque na palavra não cabia a ausência de voce. E para que Eu Te Amo não se perca por ai, gravei no ar que engoli, tranquei na garrafa que lancei em alto mar, o poema que fiz para navegar, até quem sabe um dia chegar. Tarde nunca será, porque Eu Te Amo, jamais se modificará.

agosto 21, 2010

Valsa Muda

Hoje me abracei no teu abraço, e como não podia ser diferente de todas as outras vezes, fiquei em voce. Senti a pele descolar da epiderme, descolar da carne, descolar da alma. Ah! Não me pergunte como é possível isso sem morrer.Fiquei parada sentindo o gosto, o cheiro o calor do pensamento.Que abraço gostoso! Que momento meu.Despretencioso, demorado, devolvido, trocado, querido, maior que tudo que se leva ou que se guarda de alguém em fotografias, são abraços de memórias. Senti meus pés sobre os seus, dançando naquela musica que jamais tocou, era silêncio puro e único. Valsa muda.

Pés descalços

Voltava pelo mesmo caminho que havia ido. A cada passo que trocava, tropeçava entre desejo e saudade, que sentia. A luz dos postes da rua lhe davam a própria sombra de compania. E assim, lado a lado quase que de mãos dadas seguia. O caminho de volta parecia mais longo. Seus pés estavam em carne viva, ardiam em brasa, mas já nem ligava mais, o asfalto a certa altura se tornou um tapete. De vez em quando sua sombra convidava para descansar. Seguia. Dado momento, as luzes se apagaram, a sombra se foi e na escuridão soube, o caminho também chegou ao fim.

Involuntário direto

Quisera reconhecer o momento exato da traição. Onde negando o que não se encontrava, distraido do que sentia ou teria, afasta-se dele. Quisera ter outra vez a delicadeza do olhar e outra vez negar. Quisera nao ter que querer, e depois interromper o que seria como esperado, passo por passo, para do mesmo jeito deixar morrer. Só que lentamente. De certa forma a velocidade do inexpliavel engoliu no tempo a teimosia de deixar ver. Parece confuso, inexo. Repare bem, foi só um parágrafo. Ainda resta muito. Pouco se diz sobre isso. Mas, nada se esquece, nem mesmo se afasta assim. Não é uma opção voluntária no verbo que se conjugou.

agosto 19, 2010

Essas de mim

Essas esquinas tão vazias. Esquinas de mim. Caminhos que não se cruzam, se distorcem. Esses estreitos becos sem luz, penumbras de mim. Esconderijo cego de olhares distantes. Essas manhãs secas, estiagem de mim. Dias de horas engasgadas na garganta. Essa falta de ar, rarefeito de mim. Falencia de contentamento. Procuro meu plural. Entrelaçado na memória.

agosto 16, 2010

Um ano inteiro

O que realmente me faz sentido é o que sinto . E se sinto, quero sentir mais. Mais para poder gozar de ter, para poder saciar o que diz-se de todo prazer, que é ter. Ter a mim, a voce . Ter de nós, afinal o que foi sentir? E se disse para alguém o que senti é porque vivi. Minha vida fiz do sentir , do sentido de te-la assim. Confusa, louca, ardente, apaixonada. Forte nos encontros de palavras, corpos. E pra que esconder o olhar? Basta dizer o que sente, já não é mais. Já não é seu, não se revela em mim. Em todos os becos, entre um suspiro e um pulsar, vai me sentir. É isso que sinto.

Um pouco de silabas

As vezes um pouco mais de mim nas sobras de voce, as vezes quase nada de voce no muito de mim. Entre as sílabas separadas, construções de diálogos, contradições.Verdades opostas e um servir, sempre, de carinho e querer. Obscenas são as falhas, desencontros. Por onde será que agora os corpos se entendem. Se já não há mais tocar, sentir? Olhares. Ficou sim, um sentido de descoberta daquelas que por não saber resistir, definimos como mentiras. E foi assim. Essa reação.Tudo apenas percorreu um gosto. O meu no seu. Um fogo. O seu, no meu. Um pouco, voce e eu .

agosto 12, 2010

Teimosia e saudade

Tem dias que minha alma encharcada com meu pranto, e dolorida pelos hematomas, pede descanso.Ao caminhar pelo corpo, esbarra nas passagens de memórias. Minha alma pede descanso porque foi maltratada. Voce exercia um dominio sobre mim, absoluto. Por mais que eu tentasse ou fingisse que me mantia afastada, não era verdade. Eu só deixava essa impressão para não ceder. Brigamos sim, por coisas tão insuficientes, era meu amor que agia por defesa e medo de voce nao me compreender. Não queria debater, nem ter razão. Eu julgava voce egoista, e ainda acredito mesmo que fosse, me feria como ninguém quando eu buscava conforto nos teus braços, e voce de longe dizia ser exagero meu. Eu queria era cuidar de voce. Não te deixar só. Muitas vezes sai e, mesmo querendo ficar, achei que me afastando, talvez voce pudesse notar minha ausencia. Que nada... voce infinitamente mais firme que eu, se doia eu não sei. Não sei ainda se também havia orgulho nessa relação. Somos igualmente cabeça dura,o suficiente para negar isso até o fim. Fato é que sinto, muito. Fato é que temos o fim.

agosto 10, 2010

Pupilas dilatadas


Meu alfabeto traçado no papel, pensamentos que povoam as perguntas, como se fossem letras de músicas, ou quem sabe, poemas, contos. Existem palavras que unicamente já se dizem, se bastam. Mas, numa sequencia delas, desnuda-se tudo. Minha mão trêmula quer anotar da lembrança, as suas e eternizar. Quando quase tudo estiver tão vago, e o desejo de estender o sorriso daquela espera, que a saudade, no tempo segredou um pouco do nosso ficar, um pouco do nosso querer, leia as palavras que escrevi. Viveremos do instante em que elas, as palvaras escritas, dilatarem as pupilas, dispararem o coração, arrepiarem a pele e gelarem a espinha. Isso é o que escrevi o tempo todo para voce. Meu bem.

agosto 09, 2010

Estreitos corredores de mim


Era tanto, mas um tanto fragmentado.Tão despedaçado que nem se sabia mais o que era realmente.Sua potência, sua fortaleza, sua definição.O que foi, o que restou? O que significa, qual importância tem? Não, não é despercebido. Talvez um pouco cansado. Existência se mantém com o calor, mesmo que apenas tépido, por razões tantas, ainda assim, aquece.E pra não dizer que pudesse ser só um capricho, ficou enroscado nas palavras, nos pensamentos e sonhos, aquele vão de saudade. Sem certeza de que lado vem, e porque alcança tanto, surpreende quando não se quer mais ter e, chega desse jeito , quase que sem pedir licença.Enquanto ronda, deixa sua presença pelos estreitos corredores onde enfileirados, os sentidos passam por mim. Se não percebe, também não sei. Já não faz mais tanta diferença o que está do outro lado. O melhor é o que gosto de ter aqui, dentro, guardado comigo.E, o que teria sido, também não sei. Talvez, pudesse ter sido tudo.

agosto 06, 2010

Ostras para dormir

Me pego tão distraida pensando, onde foi que me vi em voce? Nem sequer consegui responder essa questão e me apego tanto a que? Fico tentando digerir essa sensação de fermentação constante. Tento apontar os defeitos e até os vejo com clareza, todos eles, elencados. E, ainda assim as respostas não vem. Nem as minhas, nem as tuas. Que foram escritas nas mesmas perguntas. Que vinculo etéreo é esse. Que se arrasta tirando sono, que arranha sonhos, provoca insegurança na certeza. Desfaz as malas, desarruma a cama e deixa brillho no olhar. Não sei até onde se espalha. A respiração que não chegou até o peito, a imagem daquele abraço que não teve fim, porque era tanto, mas tanto ali... Daquele adeus que não se cumpriu, porque não saiu de dentro, não conheceu o fim. Mudamos de comportamento, nunca de sentimentos. Mesmo os confusos, os perigosos, eles ficam. E quanto mais nos omitimos deles , mais eles atravessam a nossa frente. Cortam-nos as veias, rasgam-nos as verdades e nos desafiam. E tudo acaba ficando assim, como se fosse uma coisa a toa, uma questão de convencimento e não de conquista.Desprezado, pouco sutil. Teimosia. E as repostas que não chegam, provavelmente são as que relatam e delatam, o que daquele abraço não foi dito.

agosto 05, 2010

Primavera de Girassol


Um dia desses eu vou dançar tanto e te provocar com minha liberdade de voce. Quero sorrir sem pensar onde estaria teu pensamento, e longe do teu corpo voltar a ter a mim. Qualquer dia desses quero pensar que as coisas todas, as certas e as incertas foram fortes, profundas sim, que fizeram da minha vida algo que se movimenta, e se faz agarrar, viver a prudência de ser amante do querer, momentos de verdadeira vida. Sim, porque imprudente é deixar que só os contornos se mostrem como raízes, como se pudessem florescer. Só há uma primavera, aquela que dá flores e voce as toca. É agora o momento de semear o girassol.

agosto 01, 2010

Nanquim, nuances e tons


Emprestei as cores para outra pessoa ver o mundo um pouco mais colorido. Derreti as tintas. No nanquim fiz os traços, tracei os sentidos, escrevi. No pedaço de papel sem pauta, surgiram formas, letras. Aquarela de mundos, segredos, contrastes. Então o colorido quis sentir, viver outros tons, espalhar nuances. O nanquim continua fiel a fina pena de caneta, que escreve sobre cores, nuances, e tons ditados pelos olhos que fitam a paisagem, pela fenda da porta encostada.

Seu cassino, meu circo

Existem algumas coisas que ferem. Normalmente são coisas que não se mostram relevantes, visto do ângulo de quem não as sente. A semântica está onde um gesto não desenha.Está entre o ar que arfa dos pulmões e a expressão do olhar.As vezes vem de uma calmaria, de um raso convite para brincar. É isso. Participantes apenas figuram. Uma coleção de rodadas. Não li a bula dos efeitos colaterais, não tomei a vacina da precaução. Nunca estive num cassino antes. Conheço as regras do circo. Uma brincadeira de picadeiro, que tem ingenuamente a proposta de fazer viver momentos de entrega ao simples de ser feliz, sem aposta. E depois quando quem ganha não leva, quem perdeu faz o que?Existem algumas coisas que ferem. Normalmente são coisas que não tem preço, que não se substitui, que não se apaga.

julho 31, 2010

Carvão da fogueira.

Cobri minha agonia e seu incomodo.Agora fica como se não me soubesse. Acabou nosso desencontro. Todo caminho entre o acaso e o destino, cumpriu-se. Todo tempo de alusões à ilusões, bandeiras e corações, ritmos de fuga, enganos e interpretações. Onde alguém que possivelmente buscasse segundas intenções, sentia espremidas nas palavras, o oposto do que diziam dos abraços. Faça-se eternamente descoberto, livre. Então, de vez em quando ao esbarrar no reflexo do espelho, veja os animais e o pasto. Sinta o cheiro das flores e da terra. Para o carvão, guarde a lembrança que antecedia. A brasa. Vermelha, ardente, intensa, calor da fogueira.

julho 30, 2010

Eu sou


Tudo em mim é intenso. Meu riso, meu calor, meu beijo, meu corpo, meu jeito. Tudo em mim é tão verdadeiro que até mesmo quando finjo, é intenso meu fingimento. Faço porque eu vivo, e de modo ardente.Eu gosto desse desafio de sentir, penetrar. Eu gosto de ver o arrepio, a lágrima. Lamber o fio da faca, ter o quente e o frio. Eu gosto do olhar que segura o tempo, das frestas de janelas que espiam movimentos, as cordas que amarram os vocais da garganta. Eu sinto a fome, a sede, a areia que arranha.O sal do mar.O doce do mel. Eu gosto do castigo do pensamento, porque dele é intenso o desejo. Eu gosto pecado porque o perdão vem da entrega. Eu sou intensa. Eu gosto de emudecer, cegar, a mim e alguém. Surpreender. Intensa nas palavras, intensa no agir. Vestida ou nua. Inteira. Intensa

julho 29, 2010

Fascinio

Estou perdendo o direito de sentir, de dizer. Estou incomodando tanto e mexendo tanto com tua covardia que não me encara e não se afastar de uma vez. Eu estou impregnada em voce . Meu querer sustenta teu ego menino que ainda precisa disso para fingir ser homem. Provoca o que não consegue invadir pra ter, sua. Possuir. Saber ser. Desiste fácil esconde em meias verdades, e é tanta verdade nisso que não sai dessa sombra em brasa do que meu jeito mulher. Fascínio abortado. Inspiração, incendiar. Ainda assim, vai levar um tempo entre o ódio e o esquecimento. Veneno desta origem é letal, embora as pessoas gostem de saborea-lo assistindo seus efeitos... é a crueldade das quais os covardes vivem.

julho 28, 2010

Para seus dias

Para seus dias, meu pensamento, para sua sede minha saliva, para usa voz, minhas palavras, para seu olhos o meu olhar. Para me encontrar, procure ao seu redor...

Infinito do verbo

Todo verbo tem um tempo. Eu me desfaço do querer, não do esquecer. Todo nome tem uma imagem, que não tem tempo no vão dos pensamentos. Pensamentos podem ser verbos, presos no infinito.

julho 27, 2010

Terças, Quartas e Domingos

Meus dias serão só terças , minhas tardes domingos e as noites quartas. Minha voz será o eco, meu olhar a extensão. O calor a lembrança.Não quero que passe e se perca. Se não consegue imaginar o porque dos dias, invente uma razão para as segundas, quintas, sextas e sábados, que se vestem lentos no vazio de nós. Meu tempo de te querer é maior que 7 dias ou 24 horas.

julho 23, 2010

Suborno da razão


Não, não nos tivemos de fato. Todas as vezes que nossos corpos estiveram juntos, nós apenas nos emprestamos ao prazer. Não nos pertecemos porque não houve entrega. Tivemos e sinto falta de ter ainda mais, prazer. Nossa pele tem aquela combinação, combustão. Quero subornar a razão de dizer não, e me encontrar sorrateira, na tentação de sua boca. Onde voce me faz caber inteira. E te guardar todo, silenciosamente, no calor umido dos meus lábios.

julho 22, 2010

Coisas insanas e prazer

Queria nascer de uma vez, rasgar o chão. Queria respirar essa massa de ar que lhe preenche os pulmões e morre num suspiro longo, toda vez que chama meu nome. Quando minhas mãos deslizam lentamente, enroscando nos pelos do teu corpo. E, quando sinto tua língua quente, minhas coxas se abraçam no teu pescoço. Queria nascer agora, encaixada, entre o lençol e o travesseiro, no meio das coisas insanas e prazer.Queria dizer que não tem lá fora, depois da porta quando estamos do lado de dentro a chave é nossa.

Reação

Tenho sede da saliva que escorre. Tenho fome dos olhos que me mastigam. Um frio que vai até o arrepio, que me molha a nuca e transpira nas mão só porque sei que cheguei mais perto de voce.
Se dissesse tudo, ainda assim nada valeria. Pode ser que nada mais fique no lugar. Se me engano é porque não me faz sentir o contrário. Pense que não haverá mas noites em que minha voz vai morrer em seus ouvidos, por sussurros e gemidos. Guardo um segredo que reage a distancia tua.

julho 19, 2010

O nú de dentro


Minha nudez não essa é que seus olhos passeiam.Este corpo que se manisfesta em fogo que te abraça.Nem na boca que ainda espera outra vez pela tua. Minha nudez está nos esconderijos, nos becos dos pensamentos. Na calada, nos segredos dos pecados teus. É isso que rouba te a paz. Não são as curvas que tuas mãos derraparam, nem a pele que tua lingua percorreu. É a tentação do que é perigoso, da falta de controle. Meu corpo é símbolo disso, tua voz sobre ele é a condenção. Então escapa feito um bicho assustado.Minha nudez se desenha em um capricho cuja a punição é não ter.Vai me buscar em muitas. Terá todas. Nenhuma dentro.

julho 18, 2010

Se essa rua fosse minha

Não precisa olhar para outro lado para desviar olhar
Já providenciei para que a rua fique só sua
Pelas calçadas os paralelepípedos quebrados
o meio fio, onde as águas de chuvas escorrem
ate alcançarem as bocas de lobos , tudo limpo
Tudo livre, caminho por onde não pisarei
Lugares sem saudades, sem desejos
Ainda procuro exatamente o ponto de inicio
para poder torna-lo ponto final
E mesmo quando quero entender, porque algumas vezes
quando quis não continuar, seu olhar me alcançou,
ainda hoje não sei a razão pela qual dobrou as esquinas,
pelas quais antes, eu tentei correr
Talvez pelas mesmas razões que agora as atravesse
Não aprendi a decifrar, instintos, eu apenas conheço
sentimentos e esses, agora escorrem pela boca de lobo
na linha da água de chuva, se esfolando em pedras duras
até demoradamente desaguar em algum rio






Um trago - eternamente

Ainda não sei o que a resistência traz.
Também não sei o que ela leva.
Não sei da grandeza de dentro de cada um.
Sei que muitas vezes o não é um pedido alto do sim
para que venha, para que fique, para que veja, para que sinta.
Aquele cigarro. A eternidade daquele cigarro, a fumaça que subiu
Queima sozinho, solto, no único no intervalo de apoio, no vão do vidro do cinzeiro. Vejo da cadeira no canto do quarto a brasa consumindo o tabaco.
O ar que circula e explora com ardência arrasta o papel fino transformando em cinza. E quando acaba, ainda assim, seu cheiro fica impregnado, deixa também um colorido na parede, no teto, atrás da porta. A fumaça me atrai, o cheiro me envolve, o gosto me amarga a boca, os olhos se irritam. Se tornou meu vicio... um trago só.... eternamente


julho 17, 2010

De mãos dadas

É verdade que o tempo é testemunha de muitas alegrias e muitas dores. É também senhor soberano, de tudo aquilo que concedemos à ele. Quando quero que ele volte, abro a porta das minhas lembranças e nelas me conforto.Quando quero que me ensine, abro as portas das minhas lembranças e ele me mostra.Quando quero esquecer, abro as portas das minhas lembranças e ele me mostra um baú onde guarda para mim lembranças, que eu penso querer esquecer.Eu tenho sede de vida. Sede de tocar, de sentir e faço isso com toda força que vivo, sabendo de todos os riscos que posso ter que enfrentar. Mesmo assim ainda vou, porque não me imagino murcha, além da pele que vai enrugar com o passar dos anos. Tenho horror de tudo tão severamente certinho cronometrado parece que estou, e estou, seguindo regras que não são as minhas. Regras de gente sem veia, sem entusiasmo, regras de gente que tem medo de ser dar de ser feliz , de ter o que dizer, de ter o que consertar, o que resgatar, o que conquistar. Tem gente que tem medo de ser feliz. Quero viver os meus momentos, que certamente não serão os que outros planejaram, quero viver meu sangue, meu riso, meu pranto. Quero fazer, criar, mudar, experimentar, quem disse que pra ser feliz é preciso magoar outros ou se culpar por covardia alheia? Achamos a vida longa quando dela não tiramos proveito nenhum e contrariamente, a achamos curta quando percebemos que dela nos cabe a melhor parte, que é simplesmente vive-la. Proibimos, ignoramos, nos punimos em segredo pelas vontades, em busca da perfeição de avaliação social; sim vivemos em sociedade. Eu quero o avesso dela, não a rebeldia. Porque isso não me faz feliz , mas o seu avesso, sim. O que inibe os pensamentos, censura os desejos, sequestra os sentidos, o lado que aquece o sangue, que provoca a carne, que alimenta e impulsiona a vida, a morta carne que perambula pelas ruas das cidades em nome de uma falha e anêmica moral social.
Há muito mais dignidade em mim, quando pecadora.
Hoje ando de mãos dadas com o tempo. Não avanço, não retrocedo. Caminhamos nos olhando. Ele me permite sentir e decidir, e eu, o recebo sem responsabiliza-lo de carregar sozinho pelo que nos dedicamos saber, um do outro.


julho 15, 2010

Todas as maneiras

Eu gosto de demonstrar amor.
Em todas as formas que ele se manifesta..
Eu gosto do amor por ele só.
Porque é forte, porque é fraco e por isso contrastante.
Mesmo quando não recebo da mesma maneira,
ainda assim eu gosto.
Acho que viver é isso.
É tentar sentir o coração bater em busca de ser feliz.
Se felicidade são momentos, amor deve ser os ponteiros
que marcam esses momentos.
Eu já senti amor vindo de um olhar distante.
Já senti amor depois de odiar
Já senti amor na própria incapacidade de se dar amor
E com toda força de se ter o amor
Tem coisas que a gente passa a entender
mas fica só dentro da gente



julho 14, 2010

A posse

Na verdade, não há posse.
Há um bem querer enorme
Uma vontade de querer ficar
Um desejo de pertencer sem depender
apenas ter, trocar, sentir. Não há posse.
Há um eterno estado de conquista
Um bem querer vasto, profundo
Pradigmas não cabem mais


Vertigem

Vertigem é um sopro de vento entre o que sinto e o que vejo
Há instantes onde a vertigem é tamanha que me enjoa o estômago .
Há momentos em que a vertigem,
simplesmente embala delicados outros momentos
Sigo tentando equilibrar a sede e a fome,
mas um passo em falso e tudo se mistura
Não quero mais ter a sensação de andar fora do chão
a vertigem, a minha vertigem não vai mais me seduzir
Ao contrário, sou eu quem vai seduzi-la agora
Quero o desafio do medo de voar,
diante da reação dela, a vertigem
Quero domina-la no meu corpo
e caminhar, quase que desfila , pé ante pé
com desenvoltura, movimento,
na corda que voce não soube atravessar


julho 13, 2010

Por um triz

Hoje queria desafogar daqueles fiapos que ficam enroscados na garganta da gente e
toda vez que um pensamento vem, a sensação acompanha os sentidos e
se percebe que ainda tem muito à dizer.
Hoje to po um triz...

Sofismo

Eu vou tentar , para que nunca mais me roube assim
Eu vou tentar, para que nunca mais me divida
Eu vou tentar, para que nunca mais, seja unicamente nunca mais
Eu vou tentar, para que teus gestos não me magoem
para que eu não tenha em nenhum momento vontade de guardar
essa mágoa ,e que nunca tenha pense na oportunidade de devolve-la à voce
Eu vou tentar, mudar o caminho das minhas respostas,
sempre que elas quiserem teus braços
Eu vou tentar mentir.

julho 12, 2010

Sem pedir licença

Porque voce entrou assim, sem pedir licença?
Foi sorrateiro tomando espaço, e mesmo sem caber
em mim , afastou , empilhou, dobrou outros tantos sentimentos
e foi ficando. Tenho tanta raiva , tenho tanta raiva desse vão.
Tenho raiva de pensar que há momentos em que sem querer pensar
meu coração dispara, e mesmo quando finjo querer deixar, voce já está
E sinto ainda mais, quando de alguma forma
posso imaginar que há um animal de presença assustadora,
no corpo quente do homem que me abraça.
Um briga longa sem vencedor.
Já descobri muitas coisas. Entre elas, já descobri até, como odiar.
Mas não aprendi a desprezar, nada.
É ótima a sensação de saber do dominio.
E também, a sensação de saber que tudo passa.
Os piores e os melhores momentos
Todos passam

julho 08, 2010

Olhos de Nelson

Estou olhando para a vida como talvez, Nelson Rodrigues veria ...
Assim como ela é ... As vezes um pouco fria, as vezes quente o suficiente,
drástica , dramática, envolvente , intensa e real.
É o que me cabe. É a que eu tenho.
É a que me acorda todos os dias e me põe sorrisos ou lagrimas no rosto.
Mas, me sacode! E me da opção de senti-la e vive-la 24 horas por dia!

julho 07, 2010

Verbo Mulher

Incrivel como percepção é um detalhe quase imperceptivel
Como se passa uma vida inteira ao lado dela e , sem ela!
Não, nao se conveça de que o milagre existe.
O que existe é a descoberta.
O tempo não é milagroso, pode\ser aliado,
vai da importância e epaço que dedicamos à ele.
As vezes passamos por nós mesmos sem se quer
sentir nossos corpos em movimento.
O que dizer de nossas emoçoes e sentimentos...
Queremos servir, e nos culpamos por isso
Curiosamente vi tudo como se estivesse do lado de fora.
Tirei a culpa e a necessidade de servir
Percebi que o que queria mostrar, tem que ser descoberto
Percebi que nem tudo pode ser desoberto
Que nem todas as pessoas sabem o que fazer com as descobertas
Percebi que todos os meus detalhes são importantes.
Fortes, convictos, certeiros, presentes, definidos,
resultantes, provocativos, insinuantes, desafiadores
criativos, dificeis, orgulhosos, teimosos,
totalmente presentes no feminino do
Verbo auxiliar, de ligação, depoente ,Intransitivo, irregular ,Verbo iterativo, Transitivo ,Verbo Transitivo Direto e Indireto

"verbo mulher"

orgia

Uma orgia de mim. Me entreguei despudoradamente, invadi todo meu corpo. E além disso, penentrei na alma. Momento único. Deixei que me tocasse, passei por tudo, senti o quente , o pulsar , senti o frio , o arrepio, me vi sorrindo e experimentei o salgado da lágrima. Pensei inúmeras vezes em parar, fechar os olhos , correr para a porta e sair. Resisti até o fim . Então me descobri fecunda. E muitas outras coisas se mostraram significantes e insignificantes diante do que agi até então. Há agora uma espera, mas uma espera sabida. Um tempo de construção e reconciliação. Um tempo de demolição e exclusão. Nascer, porém, muito além dos olhos alheios.
Descobri que gosto até dos meus defeitos. Apenas os maltratava porque não sabia lidar com eles. Que não é importante convencer ninguém, a maior importancia está em acreditar.

julho 05, 2010

Prendendo Folêgo

Me falta coragem de me vencer pelo cansaço
Me falta coragem de desistir do que nem mesmo
eu sei o porque e, pelo tanto que diverge , conflita
já seria o bastante ser ausência no espelho
Tão inconstante, repleto de perigos, ainda assim me falta coragem
Sinto muito que não possa ser o caminho
Sinto muito que não tenha força para desistir
Sinto muito, muito mesmo
Mas, pode acreditar.
Será Um golpe só
Uma única vez , agora

Água e Chocolate

Ela viu os olhinhos dele correndo de um lado para o outro buscando a coerência entre os lábios dela e as mãos dele . Viu um instante vago, daqueles que se não há recusa, não se consegue mais fugir dele. É tão único o abraço na cintura dela . Quando a cabeça encosta no peito dele e, sabem que não tem muito o que explicar, mas, há muito o que descobrir.Fica tão vivo o pensamento, e quente.
Tantos porques fazem e perdem os sentidos, entre a calda de chocolate e um gole d'água, ela e ele. Sensação de que as pernas ficaram curtas para correr, e então o tempo chega veloz ao encontro das vontades, vem o consentimento, a entrega deles.

julho 04, 2010

Do outro lado

Escorrega pelo corpo, por dentro e por fora
Vai descendo pela pele e pela alma
quente e fria, torturante sensação
um sopro, um arrepio, as mãos estremecem
se agarram nas paredes lisas, e nelas descem
as unhas tentam cravar, arranham,
descascam a tinta que transpira na massa
e se escondem entre a carne dos dedos
Alguém assiste do outro lado
Doi o corte da folha de papel, nas pontas dos dedos
Doi o corte de faca, na pele da palma da mão
Doi o ardido nos olhos, a fumaça





E como amo ...

Me entrego, assim na raiz
Nada de superficialidade
Intensamente, sempre
Assim há definição de começo e fim
O meio é o que sinto, quanto sinto
como vivo isso tudo
Sem metades, quero completo
Amor, dor, tudo, a vida não tem um lado só
as razões não são fortes que não
possam ser mudadas, experimentadas
Quero ter o que saber de voce
quero ter o que lembrar
nada vago , nada comum
Meus sentimentos são convulsivos
explodem, dominam
Não sei se faz deles um desfio ou uma barreira
Mas faz deles meus e de quem os sentir em mim
O tempo é subjetivo, o que faz valer
é como vivemos nele
Não me convenço por pouco
Eu amo, assim, entre o agora e o já
O urgente e o necessário
entre o imprescindível e o impossível
entre a tua boca e a minha
entre a tua vontade e a minha
entre a tua palavra e a minha
eu amo assim, entre o espaço
da tua saudade e da minha
eu amo assim, apaixonada
entre carne e alma
eu amo assim
com coragem


julho 03, 2010

Rapto das Reticências



Quero raptar voce, por 2dias
sequestrar seus medos
quero te viver, em 48 horas

Quero que me sinta pelo olfato
pelo toque, pelo abraço de
acordar em mim

Quero transpirar teu corpo
Cuidar do todo, fazer sorrir

Quero que sinta as possibilidades
que se divirta com as bobagens
que se entregue , não negue
são dois dias , enfim

Ao fim, voce pode querer ficar
ou pode querer partir
só vai saber se de me deixar

te roubar pra mim...

julho 02, 2010

Pecados em confissão

Queria saber se de alguma maneira,
quando o pensamento te toma de surpresa
na forma de meu corpo, minha boca, meu olhar
ele pulsa dentro de voce
Que se em segredo e sem palavras
por um descuido de resistência, me busca.
Se o meu gosto é o do pecado
Se não tem definição
Que essa distancia é sua proteção
Que o silencio é a confissão
Que eu te espero, errante





Dias fatiados

Detalhando os dias em fatias
a vontade é a fatia mais larga
Seguida da saudade
Dividindo as fatias em tiras mais finas
as tiras se espalham e misturam
vontade com saudade
confundem os dias
que se juntam outra vez
e de novo, e sempre oferecem
o mesmo sabor, da mesma receita
para a mesma espera
para o mesmo dia, enfim


julho 01, 2010

Dedos, Ovos e Faca

Quantos dedos temos nas mãos? Cinco ? Dez no total?
Não é preciso se encher deles pra falar.
Não se faz omelete sem quebrar os ovos
Não se afaga com a ponta da faca
Da mesma maneira que ruinas
não voltam a ser castelos
Restauros, são emendas
e emendas são estrias permanentes
Não fale de lirismo, para proteger
a maneira de ter um sorriso seguro
Sulreal é ter certeza de que só
o que é matéria tem força , peso,
e se transforma

junho 30, 2010

Jangada

Cobria o corpo com tecido puido. O tempo fez assim.
Aquele pedaço de pano, trazia e guardava a presença dele.
Na jangada passou por muitas noites no mar traiçoeiro
Tinha as vértebras machucadas
as mãos enrugadas, em carne viva
palidez e cansaço
Além dos lábios molhados
Nos olhos, o tempo da espera
Quando enfim , chegou a beira mar
sentiu os pés na areia
Quis voltar, porque é no mar
que seu coração sente pulsar

junho 29, 2010

Tabuleiro de olhares

É preciso muita coragem para tanta covardia.
E se esconde como um castigo, uma punição
Engraçado, porque as vezes na mesma medida que causa
dor, causa raiva. E as ações se tornam na verdade, reações
O que vem depois é que é o pior. É o reconhecimento da perda
da falta, do vão, do tudo que a fraqueza realmente não deixou
que a vida proporcionasse. Mãos formigando, batimentos alterados,
sorriso amarrado no rosto, pensamento seguindo passos
Prazer.Gozo. A melhor de todas insensatez, a de querer ter, e ter.
Chega o tempo da cosntatação.
Tudo passou assim , a meio palmo da boca,
meio palmo dos lhos, meio palmo dos braços..
meio palmo de saber
Procurava uma justificativa que fosse de dentro
uma falha, um exagero, talvez um defeito.
Mas não, aos poucos se perecebe que não há.
Outro dia descreveram...nossa...
Instigante, um desafio e tanto
No tabuleiro olhares
"xeque mate "

junho 28, 2010

Pela vidraça do quarto

Seria dela. Se não fosse tão dele
círculo onde contém e está contido
são momentos que se procuram
desencontrados
Ela passa semi nua, transparente
pela vidraça de quarto dele.
Ele observa pela cortina
com vontade e receio
Ela passa, ele pensa
O tempo vive nos dias
cresce, mostra as vias
varre poeiras, e vai levando
Ela, talvez não passe mais pela
vidraça, para roubar-lhe o
olhar. Ele talvez jamais descubra
sobre o que verdadeiramente
ela carregava por de trás
das cortinas do seu quarto




Fio da navalha

O inesperado é tão perigoso que quase destrói as estruturas tão racionais e sistematicamente estudadas. Movimentos seguem de resultados e controle de ações, numa previsão matemática impressioanante. De repente, alguém joga um objeto. Algo cortante. Algo que não faz parte do previsto. As mãos se atrapalham, estabanadas tentam segurar sem causar danos. Tarde. Qualquer coisa que fuja ao monótono, programável e previsível modo de entender, é uma navalha.
As navalhas são assim, assustam pelo fio. Finas , de aparência frágil , possuem corte preciso, marcam a pele, sangram a carne. É um perigo que merece sim , atenção, domínio, coragem.
Depois de aprender a manusear, não haverá mas receios em segura-la . Mesmo quando jogada pelo ar na direção de sua mão. O que não se pode ignorar, é que nem tudo é exato.
Aliás, exato é tudo aquilo que não da muitas possibilidades de viver intensamente.
Nos cerca de cuidados , nos protege de perigos e assim , nos rouba prazeres.


junho 25, 2010

Aquele vinho...

...O liquido despejado pelo gargalo
do alto escorria molhando os cabelos
caídos no rosto
chegava na boca
descia pelo pescoço
alcançava o colo e
seguia entre os seios
trilhava até o abdome
guardava um pouco no umbigo
e corria certo, entre as coxas
para dentro, se misturando nela
havia calor e frio
então tremia, gemia
os olhos ardiam
a boca chamava
as mãos se agarravam aos cabelos dele
as paredes ela empurrava com as costas
pela força das pontas dos pés
então, foi carregada, seduzida
gemeu, tremeu, e se entregou
irrefutavelmente, irremediavelmente,
irresistivelmente, irrevogavelmente
inevitavelmente, insandecidamente
e se encontrou total e completamente
dele, nele, pra ele.

Leia- nos

Leia...leia sempre. Leia mais de uma, duas, 6 vezes. Leia com paciência de revelar detalhes, com permissão para que as palavras invadam seu...