janeiro 04, 2012

Cerne

Ela vinha. Acho que foi depois daquele último cigarro queimar entre seus dedos. Alternava com os passos equilibrados no salto fino e os goles etílicos, no copo que segurava com a  mão direita. Ordenar voz, palavras e pensamentos ficava distante do esforço que podia fazer. Só dizia. E disse tanto, que quase não restou  verdade pra continuar. Sem nenhum critério de pudor entre o que amava e odiava, queria e evitava, disse. Não que lhe faltasse consciência. Isso é como  se desculpam. Sobrava-lhe  realidade. Lavou a alma. Misturava riso, sorriso e lágrimas, mas tudo era de uma razão só. Falou sobre alma, tesão, coragem, ousadia, medo, solidão, afeto, lembrança, desejo, e no final, antes de desfalecer pelo cansaço do desabafo, suspirou  longamente enquanto seus olhos, pesados, venciam a claridade da manhã.

Bem querer

Talvez eu me despeça. Ensaie um adeus, ou quem sabe ainda simplesmente continue caminhando. Talvez eu jamais saia do lugar comum, das pieguices de dizer e sentir, transformar em carinho, toque e olhar, o que alguns afirmam viver em felicidade. Mas talvez eu faça isso tudo com alguém, numa troca improvisada. Dai, talvez eu fique, sinta, ou quem sabe ainda simplesmente viva um  bem-querer.

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...