agosto 29, 2010

Sede e Frio

Há dias que tenho sede e frio. Outros fome e calor. Sobrevivo ao tempo. Repasso o que me é necessário e permaneço assim. Quero ficar até os fim dos dias, quero exaurir forças, mas sentido-as lutar pelo o que senti. Não pretendo postergar. Quero perder o domínio, falecer, assim devagar, na tua imagem diante do suspiro de larga lembrança. Com jeito de quem soube reconhecer, embora não tenha podido viver. Descaso do inesperado. Mas nesse diminuir de olhos abertos, quero dizer no ouvido, talvez, coisas que na verdade, só se sente no instante mais insano. Naquele que transborda gozo daquela paixão que nasce e morre diante do sorriso aberto, seguido do silencio tão completo do corpo, da alma, do perpétuo. É isso. Perpétuo. Indissolúvel, inesquecível momento de comunhão. Permanecerá. Já não falo mais. Só sinto sede e frio, fome e calor .

Nomenclatura

Seria teu nome em minha vida. Ou a tudo que se destina. Ao meu beijo, minha carne, minha ansiedade e displicência que perde a linha ao te ver e não te ter mais. Seria a mesma palavra proferida àquela que não tem fim, amor talvez ou coisa assim. Nomenclatura de definição de emoção, pensamento solto. Nomenclatura que não conjugamos, porque não nos entregamos, não nos demos completos. Porque? Não sei. Voce sabe? Nomenclatura do difícil de dizer, que mesmo ainda tão pouco distante, não esquecido, quem sabe só evitado. Nomenclatura. Um espaço entre nós, necessário, doido, pra que? Para criar saudade ou simplesmente seguir um rótulo cujo nome é ... Nomenclatura. Existem várias, só vivo uma.

agosto 28, 2010

Divisão de nós

Sim, eu quero agora só teu corpo. Me livro da tua alma, para nao me apaixonar outra vez. Para não deixar imaginar, que além de calor da pele, como seria misturar nossas ideias de vida. Nem quero saber mais como seria também, poder impulsionar a coragem e sustentar uma felicidade de conquista nos dias que fossem nossos. Enxugar lágrimas quando no tempo não acontecesse o que diagnosticou tão regradamente, e brindar com teu sorriso a minha alegria de simplesmente pertecencer em nós, cumplicidade. Não, não quero imaginar mais. Em como ter os pés enroscados em dias frios, poderia aquecer toda estreita noite de ventos cortantes.Também não quero mais saber te esperar, as vezes amargo, as vezes doce. Agora quero só teu corpo, porque ele eu sei. É seguro nas reações e manisfestações de prazer. Sem segredo, sem medo de ter, dar, merecer. Eu arrisco um palpite. Um dia ainda, sua alma engole teu corpo. E, além do meu corpo, terá quem sabe, o encontro da imensa calmaria que me fez seguir, sem voce.

agosto 26, 2010

Verde fios de ouro

De repente sua mão segurou a minha e com a força do movimento me puxou para ir. Eu nem sabia direito pra onde , mas não quis nem tentar resistir. Era a sua mão, era voce me levando. Tinha tanta vontade de estar com voce que pouco importava o lugar. Seus passos foram ficando largos e eu tive quase que correr para te acompanhar. De vez em quando voce virava o rosto para trás e tinha um sorriso leve. Seus olhos fitavam os meus e eu via neles o reflexo de nós. Então voce fazia um movimento com a cabeça como que dizendo, falta pouco para chegar. Até que ao alcançar o alto daquela rua eu vi. Um enorme tapete verde, com nuances douradas do sol que pintava em fios de ouro, a grama macia. Nossa respiração era ofegante. Nos olhamos, nos beijamos demoradamente, nos abraçamos. E, nesse abraço nos tomamos por nós. Infinitamente entrelaçados, enroscados e entregues, feito crianças, rolamos pelo macio verdejante solo. Assim, desejo ingenuo. Saudade de viver menina, ter voce menino, livre. Amanhã é sempre o depois. Eu tenho saudade do agora.

agosto 25, 2010

Poema no mar

Quase em torno de mim mesma. Nesta vastidão, tão profunda encontro um feiche de voz. Ela diz que quando se busca tudo se encontra e, mesmo que distante de nós, ainda assim, está perto pelo que se aproxima da vontade incessante de se querer.Um desalinho alinhado. Era um poema guardado pra dizer eu te amo, de um modo insensato, de um jeito calado, como um grito abafado. Era tão lindo e cafona que as letras não quase não uniam, porque na palavra não cabia a ausência de voce. E para que Eu Te Amo não se perca por ai, gravei no ar que engoli, tranquei na garrafa que lancei em alto mar, o poema que fiz para navegar, até quem sabe um dia chegar. Tarde nunca será, porque Eu Te Amo, jamais se modificará.

agosto 21, 2010

Valsa Muda

Hoje me abracei no teu abraço, e como não podia ser diferente de todas as outras vezes, fiquei em voce. Senti a pele descolar da epiderme, descolar da carne, descolar da alma. Ah! Não me pergunte como é possível isso sem morrer.Fiquei parada sentindo o gosto, o cheiro o calor do pensamento.Que abraço gostoso! Que momento meu.Despretencioso, demorado, devolvido, trocado, querido, maior que tudo que se leva ou que se guarda de alguém em fotografias, são abraços de memórias. Senti meus pés sobre os seus, dançando naquela musica que jamais tocou, era silêncio puro e único. Valsa muda.

Pés descalços

Voltava pelo mesmo caminho que havia ido. A cada passo que trocava, tropeçava entre desejo e saudade, que sentia. A luz dos postes da rua lhe davam a própria sombra de compania. E assim, lado a lado quase que de mãos dadas seguia. O caminho de volta parecia mais longo. Seus pés estavam em carne viva, ardiam em brasa, mas já nem ligava mais, o asfalto a certa altura se tornou um tapete. De vez em quando sua sombra convidava para descansar. Seguia. Dado momento, as luzes se apagaram, a sombra se foi e na escuridão soube, o caminho também chegou ao fim.

Involuntário direto

Quisera reconhecer o momento exato da traição. Onde negando o que não se encontrava, distraido do que sentia ou teria, afasta-se dele. Quisera ter outra vez a delicadeza do olhar e outra vez negar. Quisera nao ter que querer, e depois interromper o que seria como esperado, passo por passo, para do mesmo jeito deixar morrer. Só que lentamente. De certa forma a velocidade do inexpliavel engoliu no tempo a teimosia de deixar ver. Parece confuso, inexo. Repare bem, foi só um parágrafo. Ainda resta muito. Pouco se diz sobre isso. Mas, nada se esquece, nem mesmo se afasta assim. Não é uma opção voluntária no verbo que se conjugou.

agosto 19, 2010

Essas de mim

Essas esquinas tão vazias. Esquinas de mim. Caminhos que não se cruzam, se distorcem. Esses estreitos becos sem luz, penumbras de mim. Esconderijo cego de olhares distantes. Essas manhãs secas, estiagem de mim. Dias de horas engasgadas na garganta. Essa falta de ar, rarefeito de mim. Falencia de contentamento. Procuro meu plural. Entrelaçado na memória.

agosto 16, 2010

Um ano inteiro

O que realmente me faz sentido é o que sinto . E se sinto, quero sentir mais. Mais para poder gozar de ter, para poder saciar o que diz-se de todo prazer, que é ter. Ter a mim, a voce . Ter de nós, afinal o que foi sentir? E se disse para alguém o que senti é porque vivi. Minha vida fiz do sentir , do sentido de te-la assim. Confusa, louca, ardente, apaixonada. Forte nos encontros de palavras, corpos. E pra que esconder o olhar? Basta dizer o que sente, já não é mais. Já não é seu, não se revela em mim. Em todos os becos, entre um suspiro e um pulsar, vai me sentir. É isso que sinto.

Um pouco de silabas

As vezes um pouco mais de mim nas sobras de voce, as vezes quase nada de voce no muito de mim. Entre as sílabas separadas, construções de diálogos, contradições.Verdades opostas e um servir, sempre, de carinho e querer. Obscenas são as falhas, desencontros. Por onde será que agora os corpos se entendem. Se já não há mais tocar, sentir? Olhares. Ficou sim, um sentido de descoberta daquelas que por não saber resistir, definimos como mentiras. E foi assim. Essa reação.Tudo apenas percorreu um gosto. O meu no seu. Um fogo. O seu, no meu. Um pouco, voce e eu .

agosto 12, 2010

Teimosia e saudade

Tem dias que minha alma encharcada com meu pranto, e dolorida pelos hematomas, pede descanso.Ao caminhar pelo corpo, esbarra nas passagens de memórias. Minha alma pede descanso porque foi maltratada. Voce exercia um dominio sobre mim, absoluto. Por mais que eu tentasse ou fingisse que me mantia afastada, não era verdade. Eu só deixava essa impressão para não ceder. Brigamos sim, por coisas tão insuficientes, era meu amor que agia por defesa e medo de voce nao me compreender. Não queria debater, nem ter razão. Eu julgava voce egoista, e ainda acredito mesmo que fosse, me feria como ninguém quando eu buscava conforto nos teus braços, e voce de longe dizia ser exagero meu. Eu queria era cuidar de voce. Não te deixar só. Muitas vezes sai e, mesmo querendo ficar, achei que me afastando, talvez voce pudesse notar minha ausencia. Que nada... voce infinitamente mais firme que eu, se doia eu não sei. Não sei ainda se também havia orgulho nessa relação. Somos igualmente cabeça dura,o suficiente para negar isso até o fim. Fato é que sinto, muito. Fato é que temos o fim.

agosto 10, 2010

Pupilas dilatadas


Meu alfabeto traçado no papel, pensamentos que povoam as perguntas, como se fossem letras de músicas, ou quem sabe, poemas, contos. Existem palavras que unicamente já se dizem, se bastam. Mas, numa sequencia delas, desnuda-se tudo. Minha mão trêmula quer anotar da lembrança, as suas e eternizar. Quando quase tudo estiver tão vago, e o desejo de estender o sorriso daquela espera, que a saudade, no tempo segredou um pouco do nosso ficar, um pouco do nosso querer, leia as palavras que escrevi. Viveremos do instante em que elas, as palvaras escritas, dilatarem as pupilas, dispararem o coração, arrepiarem a pele e gelarem a espinha. Isso é o que escrevi o tempo todo para voce. Meu bem.

agosto 09, 2010

Estreitos corredores de mim


Era tanto, mas um tanto fragmentado.Tão despedaçado que nem se sabia mais o que era realmente.Sua potência, sua fortaleza, sua definição.O que foi, o que restou? O que significa, qual importância tem? Não, não é despercebido. Talvez um pouco cansado. Existência se mantém com o calor, mesmo que apenas tépido, por razões tantas, ainda assim, aquece.E pra não dizer que pudesse ser só um capricho, ficou enroscado nas palavras, nos pensamentos e sonhos, aquele vão de saudade. Sem certeza de que lado vem, e porque alcança tanto, surpreende quando não se quer mais ter e, chega desse jeito , quase que sem pedir licença.Enquanto ronda, deixa sua presença pelos estreitos corredores onde enfileirados, os sentidos passam por mim. Se não percebe, também não sei. Já não faz mais tanta diferença o que está do outro lado. O melhor é o que gosto de ter aqui, dentro, guardado comigo.E, o que teria sido, também não sei. Talvez, pudesse ter sido tudo.

agosto 06, 2010

Ostras para dormir

Me pego tão distraida pensando, onde foi que me vi em voce? Nem sequer consegui responder essa questão e me apego tanto a que? Fico tentando digerir essa sensação de fermentação constante. Tento apontar os defeitos e até os vejo com clareza, todos eles, elencados. E, ainda assim as respostas não vem. Nem as minhas, nem as tuas. Que foram escritas nas mesmas perguntas. Que vinculo etéreo é esse. Que se arrasta tirando sono, que arranha sonhos, provoca insegurança na certeza. Desfaz as malas, desarruma a cama e deixa brillho no olhar. Não sei até onde se espalha. A respiração que não chegou até o peito, a imagem daquele abraço que não teve fim, porque era tanto, mas tanto ali... Daquele adeus que não se cumpriu, porque não saiu de dentro, não conheceu o fim. Mudamos de comportamento, nunca de sentimentos. Mesmo os confusos, os perigosos, eles ficam. E quanto mais nos omitimos deles , mais eles atravessam a nossa frente. Cortam-nos as veias, rasgam-nos as verdades e nos desafiam. E tudo acaba ficando assim, como se fosse uma coisa a toa, uma questão de convencimento e não de conquista.Desprezado, pouco sutil. Teimosia. E as repostas que não chegam, provavelmente são as que relatam e delatam, o que daquele abraço não foi dito.

agosto 05, 2010

Primavera de Girassol


Um dia desses eu vou dançar tanto e te provocar com minha liberdade de voce. Quero sorrir sem pensar onde estaria teu pensamento, e longe do teu corpo voltar a ter a mim. Qualquer dia desses quero pensar que as coisas todas, as certas e as incertas foram fortes, profundas sim, que fizeram da minha vida algo que se movimenta, e se faz agarrar, viver a prudência de ser amante do querer, momentos de verdadeira vida. Sim, porque imprudente é deixar que só os contornos se mostrem como raízes, como se pudessem florescer. Só há uma primavera, aquela que dá flores e voce as toca. É agora o momento de semear o girassol.

agosto 01, 2010

Nanquim, nuances e tons


Emprestei as cores para outra pessoa ver o mundo um pouco mais colorido. Derreti as tintas. No nanquim fiz os traços, tracei os sentidos, escrevi. No pedaço de papel sem pauta, surgiram formas, letras. Aquarela de mundos, segredos, contrastes. Então o colorido quis sentir, viver outros tons, espalhar nuances. O nanquim continua fiel a fina pena de caneta, que escreve sobre cores, nuances, e tons ditados pelos olhos que fitam a paisagem, pela fenda da porta encostada.

Seu cassino, meu circo

Existem algumas coisas que ferem. Normalmente são coisas que não se mostram relevantes, visto do ângulo de quem não as sente. A semântica está onde um gesto não desenha.Está entre o ar que arfa dos pulmões e a expressão do olhar.As vezes vem de uma calmaria, de um raso convite para brincar. É isso. Participantes apenas figuram. Uma coleção de rodadas. Não li a bula dos efeitos colaterais, não tomei a vacina da precaução. Nunca estive num cassino antes. Conheço as regras do circo. Uma brincadeira de picadeiro, que tem ingenuamente a proposta de fazer viver momentos de entrega ao simples de ser feliz, sem aposta. E depois quando quem ganha não leva, quem perdeu faz o que?Existem algumas coisas que ferem. Normalmente são coisas que não tem preço, que não se substitui, que não se apaga.

Leia- nos

Leia...leia sempre. Leia mais de uma, duas, 6 vezes. Leia com paciência de revelar detalhes, com permissão para que as palavras invadam seu...