outubro 29, 2010

Voz do travesseiro

Não saberia  dizer
Palavras se tornaram insuficientes
Inquietante  perceber que pertence
Ao pensamento, e que dá arrepio
Latente, desejo da boca
Pulsante querer do olhar
Deixar espalhar  pelos poros, o cheiro
Coisas que só revelamos a sós
Codificar reações para se decifrar
Segredos
Aqueles que negamos conhecer
Aqueles que desafiamos  sentir
Aqueles que esperamos saciar
Retomar o que incendeia, transpira
Ainda que calados, cercados de nós 

outubro 23, 2010

Receita de tempero

Eu
Voce
Mãos
Pernas
Bocas
Linguas
Nucas
braços, traços, abraços, chão
virar, revirar, rastejar , conter, prender, enroscar
transpirar, molhar, ofegar, olhar, repetir, sorrir, 
lamber, morder, arranhar, escorregar, deslizar
adentrar, contornar, assoprar, beijar, sorver

apaixonar, querer , desejar ter, 
manter aquecido no pensamento

outubro 20, 2010

A Procura

Já não há sentido na procura. O caminho é largo. Os passos vão se arrastando pelo chão e os olhos buscando  chegar  antes do corpo cansado. Espero só encontrar o toque suave  da  tua mão na minha  pele. Respirar o ar da tua respiração que descansa  no meu peito. Trocar nosso calor. E ali ficar,eternos  minutos nos sentindo. Apenas nos sentindo.Ah! quanta vontade de não deixar escapar nenhum segundo teu em mim. Enfim o encontro. Nos absorvemos de maneira tal que, antes meu beijo tem a tua lingua, que já estava na minha boca  que já era tua, se não fosse antes, a tua , tão minha. Nessa procura somam-se muitas palavras, desse encontro , somam- se muitas  verdades, livres, lindas, nosssas. É só que basta, era só o que procurava. Fim. Aconteceu você.

outubro 13, 2010

Um dia voce

Um dia, voce. Um dia só,  vou te querer. Mas neste dia, vou te fazer nascer. Neste único dia vou resgatar das tuas próprias omissões e procuras em vão, voce.  Neste dia as horas serão minhas e transformarei em eternidade casa segundo, porque te quero. Neste dia você viverá apenas a sua propria beleza, aroma e expressão. Neste dia  meu corpo será teu reino, e o teu meu paraiso. Neste dia sem contradições, distorções e  mentiras, só neste dia, porque me entrego à te pertencer, sem  querer saber o que será, e voce  se dá, sem reprimir  o que amanhã não  permitira existir. Porque? Porque eu sou  mulher e voce... Voce é desabrochar que  meus olhos seguem, até onde alcançar. Porque ? Porque és homem e como todo homem incompreendio de si mesmo.Mas neste dia, neste único dia, sequestrarei  suas razões. E depois, quando  nascido num suspiro longo, buscar o calor do meu  peito, te darei a mão, para que possa se levantar   e ir, seguro. Até que em algum outro dia, renascer seja meu nome na tua voz.

Bebe de mim

Eu tenho medo do teu veneno que muda meus desejos, sobre o que querer. Eu tenho medo do teu disfarce, da tua angustia. Já sei qual é a essência que te atrai, e dela vou me valer, até para que saibas dos teus erros. Pois, agora que sabe meus traços, minhas curvas, conhece meus caminhos, agora que  pode  desenhar em silencio e guardar em segredo meu beijo,agora que descobriu minha boca, minha mente, não me tens. Meus lábios estão para ti. Lábios que devoram sua alma pelo lado de fora, e contra os seus, pressionam, mordem devagar, umidecem. Invasão de lingua que se enrosca por dentro, e puxa pelo céu da boca, como um convite. Tenho medo do teu veneno em minha boca, acidez da saliva que queima no corpo e desassossega o  juízo teu. Meu. Navegar pelos templos da carne. E agora que conhece  tudo, bebe  de mim a distância. Desnuda.

outubro 11, 2010

Urgência

Hoje tenho urgência. Sedenta de te tocar, de sentir. Hoje estou por você. Como naqueles dias em que me prendia, sem razão de ser. Hoje estou por um triz, para dizer, correr, querer, despir. Hoje estou assim pelo sopro. Desfiando os retalhos, calçando os desníveis. Hoje estou assim, como se fosse agora a pouco, como quem em outra voz, estivesse aqui. Como quando me sustentou o sono saciado naquela tarde. Hoje estou assim, trazendo de longe um pouco mais de voce. Hoje estou assim, querendo saber de voce, lembrar de voce, chamar voce. Hoje estou assim. Sem padrão de comportamento, sem estilo de argumentação, sem porques e sem se nãos. Hoje estou assim, somente eu. Tenho urgência dos teus  braços, da tua boca, do teu olhar em mim.

outubro 09, 2010

Teclas da maquina de escrever

Gosto de me sentir provocada. Gosto de ter na boca a massa quente e pulsante do teu corpo. Gosto de te-lo chicoteando meu rosto para que eu quase implore que me percorra. Gosto da sua mão  marcada forte no meu quadril e da sua boca sedenta. Gosto da lingua  trépida e faceira lambendo meus  vãos, meus inteiros, minhas somas  e metades, abertas, suas, nuas. Gosto dessa mistura de cheiros e sons. Gosto da sensação de poder, e sem conquista, essa coisa meio vadia de prazer. Momento que a decência peca por invejar a  luxuria. Caprichos, troca de vaidades, encaixes, maõs, pés,  braços, embaralhados, transpirando. Corpos que vão dentro e fora dos prórpios corpos, descobertas entre alguns sorrisos calados e  suspiros entoados. Gozo. E  depois.... outra vez, mas desta vez, eu provocarei até voce me alcançar, para ter, ganhar...

outubro 07, 2010

Era um tanto...

Era um tanto. E um tanto não tem medida. É só, apenas ou  muito. Mas era o meu tanto. Tanto quanto eu podia, tanto quanto eu sentia  tanto quanto eu queria. E era um tanto que mexia, que desmedia, que sufocava os sentidos. Era um tanto que queria saltar, um tanto que queria saciar. Um tanto que esperava, contornava, pedia. Havia tantos outros muitos tantos, e nem por isso desistia, enfraquecia. Era meu tanto que valia. Era tanto quanto, tanto muito, menos tanto faz como fez. Era isso ...um  tanto de mim buscando um tanto de voce.

outubro 04, 2010

Jura eterna

Não quero do gozo a felicidade como jura eterna.Quero que todos os dias conquiste a  felicidade e que termine num gozo.Não penso num projeto de promessas,desenho um caminho que se estende por ele mesmo.Sentidos são dados aos pensamentos e, que sem vaidades se experimentam enquanto se descobrem.Se,dentro deles,do gozo,da felicidade,dos sentidos e pensamentos, houver um nome,reserve.Só assim concederás ao tempo prazo indeterminado sem acorrentar palavras. 

outubro 03, 2010

Omissões

Vamos nos enfrentando. Ameaçando, ludibriando, fingindo e acusando. Vamos nos desafiando num prolongar de silêncios e fuga de olhar. Vamos nos medindo pelo quanto é  possível  acreditar. O que já não era de todo verdade. Aliás, nunca foi igual. Sempre extremo. E se agora rodopia parecendo ser diferente, é porque  alguém mente.Essa provocação afastada de laços finos, sintonia destoada, sem conhecer o porque. Por que? Há tantas maneiras chances de se encontrar. Um serrote pode mastigar as margens e não alcançar o corte alinhado.E assim continuamos, até quando? Até fatigarmos. E depois seguir para  remoer sem dizer, sonhar sem viver, esquecer sem querer, desejar sem ter.

outubro 02, 2010

Sem reprise

É intenso mesmo. Para que seja tudo, tem que ser assim. Não é o tempo que determina o quanto, é o como. Um conto de fadas que não envelhece, não despedaça, não dilui. É tudo forte, visceral, vermelho. Para que não  falte paixão, que não reste fim, é tudo enquanto existir. Não se respira depois, não se vive o que foi sucumbido. Por isso, assim. Como histórias que saltam dos livros, daquelas que da pra sentir o sopro da brisa, o gosto da lágrima, o molhado do corpo, o quente da língua, o brilho do olhar, a profundidade de suspiro, o medo, o sorriso, o pulsar, o prazer enfim. Tem que ser, assim intenso. Se  não for, vai restar sempre a dor, a ausência, a saudade vestida de trsiteza, de monotonia.Inteiros incompletos. A intensidade é crua. Não tem disfarce, não simula. Acontece naturalmente, sem corte, sem ensaio. Sem reprise. Apenas intensa.

Leia- nos

Leia...leia sempre. Leia mais de uma, duas, 6 vezes. Leia com paciência de revelar detalhes, com permissão para que as palavras invadam seu...