abril 07, 2010

Pensamento Algoz

Não tenho ciúme do teu corpo, da tua boca.
Mesmo quando remando contra,
lembro de cada instante, gesto, gosto, toque.
Do exato momento em que seus olhos cruzaram com os meus, 
sua perna que roçou na minha e,como tudo foi tomando forma de desejo.
Do momento que teu braço forte passou pela minha cintura e, firme
me conduziu contra seu corpo, provocando minha boca. 
Era assim, como uma vontade calada. Uma cena já antes descrita
de mãos que se entrelaçam e se completam ali.
Ainda assim, não tenho ciúme.
Depois, em toda sorte que o caminho nos deixou pertencer,
senti suas mãos, dedos, boca, braços, 
peito, coxas, seu pulsar, movimentos,
dizeres,voz, tudo. E eu ali, tão sua.
Pensamento algoz.
O ciúme não é dos corpos,que ao se encontrarem 
desfrutam de prazer, estimulam desejos
e guardam lembranças, cheiros
É do que moveu os corpos
É do que sentiu. O ciúme
é do que está por dentro
Embora tudo que se tenha alcançado, enfim,
tenha sido o gozo.
Ficou a vontade 

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