junho 20, 2010

Beijo de cartão postal

Um dia me descubro outra
Um dia me vestirei diferente
Sorrirei diferente de outros dias
Um dia não consumirei meus pensamentos em voce
Um dia não esperarei mais o seu toque
Não lembrarei mais do seu cheiro, do seu gosto
Um dia entregarei o que coleciono em pensamento
num postal, talvez, assim despretensioso
como aquele primeiro beijo
Um dia vou aprender a não pisar descalça
E conhecer o revés das ausências
Um dia não precisarei contrair
Nem mesmo seguir estradas já caminhadas
Um dia crio a minha, e então alguém vai seguir

Fatias essenciais

Já estive do avesso várias vezes.
O avesso é o lado certo.
É o lado de dentro, pelo lado de fora
O avesso é real, é o que existe
Onde se guarda, com vontade de expor
O avesso é o todo cortado em fatias
para mostrar no lado de fora,
pouco a pouco, coisas essências
O avesso é o puro, cru, virgem
Não me basta mais só estar do avesso
Me mudei para sempre no avesso meu

Coisas entre si

Me desagarro
Vou caindo de mim
Sinto frio e calor
Sinto medo
Lágrimas molham
meu corpo nu, livre
desamarrado
desagasalhado
arrepiado, molhado
livre enfim
Livre de mim
da razão, abandonada
resta a emoção, casta
Minha poesia é todo o corpo
é toda alma, entrelaçados

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...