maio 13, 2011

Só sobre mim

Eu falo sobre mim. Falo sobre o que o alheio me mostra, e como eu o sinto e recebo.
Eu falo das coisas que me tocam com ternura, com tesão, com mágoa e raiva também.
Eu falo sobre o que penso diante das coisas que vejo, e tantas outras que imagino. 
Eu falo sobre a saudade. A de ter tido, e a de ter querido ter. 
Não. Eu não vivo tudo aquilo de que falo. 
Mas adoraria provar algumas passagens dessas.Tem dias que não falo, só penso. 
É porque tem dias que de fato não há muito o que dizer. 
Sentir já é o bastante, e chega a ser indescritível e infinito.
Ainda assim, gosto de falar, dizer. De vez em quando rimar verdade com fantasia. 
Eu gosto do beijo doce, que também arde e me faz passar a língua várias vezes sobre os lábios, misturando o sabor na carne quente e macia. Eu falo enquanto meus olhos passeiam tateando aquilo tudo que me pertenceu em desejos, momentos, dias, vidas, até.
Eu falo da gestação, criação de vontades, conquistas, projetos, amores, distâncias, encontros e finalmente, falo sobre o fim. 
Fim? Não. O fim não existe. Conheço o invisível, me acostumo com o intocável, convivo com o silêncio, mas isso não é o fim.
É o segredo de cada um. É só o que sinto.
Eu só falo sobre mim, e o que o alheio me mostra, como eu sinto e recebo.

Certeza. Sensação do acaso

Assim...
As vezes vem essa sensação de querer.
Querer um mundo inteiro, fatiado para poder experimentar pedacinhos.
As vezes vem essa sensação de ter ficado tão longe, que é preciso esforçar para reconstruir o som, a imagem.
As vezes vem essa sensação de que por mais que o abraço aqueça, a pele se resfria no desabraço.
Há uma sensação de secura na boca, sabendo da ausência da tua boca. 
Há uma sensação de obediência sobre teu braço ausente no comando. 
Certeza, da firmeza do teu olhar, sobre o olhar que se obstina.
Provocação. 
As vezes vem uma sensação de você.
As vezes vem uma sensação do limite.
Sensação de um mundo inteiro fatiado.
Sensação. Certeza do acaso.
Assim…

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