abril 22, 2010

Ela - todos os sentidos

Há um lugar onde ela pode ficar sem se restringir. Deixar de lado a eterna manifestação de associação entre o que se pode e o que se deve. O que se mostra e o que se demosntra. Lá tudo isso se perde. É dissolvido. Toda paixão, toda delicadeza transcende, todo fogo queima. Ela é o cio, o ócio, romantismo, a luxúria. Ela é todos os sentidos. Capaz de se entregar em todos eles tão profundamente que quase se vira do avesso.Vive cenas que talvez jamais confessaria.Mas ali é permitido. Não tem limite.Por isso livre. Ali ela grita, rasga o silencio.Vive a expressão da nudez completa, dos pudores de dizer até os despudores de se permitir.
Coleciona no vão dos dias frases,trechos de si, como sentenças não aplicadas. Escreve pelas paredes, atrás da porta , nas vidraças, em todos os lugares. É a sua arquitetura interna. Retalhos se revelam, como uma provocação censurada.

Ela diz:

"...queria gritar que quero... "
"...queria não perguntar,queria saber, apenas saber..."
"...queria ter medo de querer menos..."
"...queria provar da fantasia..."
"...queria fazer loucura..."
"...queria sentir loucura..."
"...queria viver loucura..."
"...queria perder os sentidos, nascer em outros tantos proibidos..."
"... queria dizer que fiquei assim, e rir disso, porque alguém disse isso antes, apenas descobriram isso juntos..."

Ela queria:

Nunca mais esquecer...
Nunca mais não ter...
Nunca mais decidir...
Nunca mais fingir....
Nunca mais esperar...


Ela sabe, ouve, sente , toca e não pára de se aproximar.
Ela rodeia a mim, como um gato, entrelaçando
minhas pernas, roçando o corpo.
Ela está em mim.

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