junho 12, 2011

Esparadrapo

Uma infinita vida cheia de esparadrapos. Porosos, consistentes, as vezes coloridos, na intenção de poupar um pouco a incomoda expressão do triste. Dias destoados dos desejos, sufocados. Gritos arranhando a garganta, mas por dentro ninguém vê. Ao  contrário, imaginam sempre que na voz contida, há maior compatibilidade de agir e dizer. Ledo engano. Há uma série de remendos. E os dias passsam em branco, não emocionam, não enraivecem, não  existem, passam. Quanta coisa quente evapora quando se pisa  no gelo. Quanta ausência. Quanta saudade eu sinto de sentir o sorriso colado no meu rosto e junto dele, o sangue  correndo quente, pulsando, pedidindo para viver, jorrar. Te dou tudo que puder, ainda que  não seja tudo. Não tenho marcas, nem esparadrapos. Tenho uma enorme vontade de desmanchar seus reparos, mesmo que depois nunca mais possa saber da sua ferida fechada.

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