junho 25, 2011

O agora

Já não sei quantas foram as vezes que sucumbi minhas vontades. Já não lembro, ou não quero lembrar de tantas podas, acreditando que isso faria crescer mais forte. Forte de que? De algo que não tive coragem? Forte pelo laço de fingir, ludibriar meus olhos e apenas ver simplesmente reflexos de existir? Quanta vezes senti o que não tive, transformei o que não toquei. E chegada aqui, hoje, trago as mãos  vazias. Esses dias eu te vi. E tive uma vontade de correr na tua direção. Então me lembrei da minha desimportância para voce. Ou da ideia que voce queria que parecesse ser. Seria uma troca de desprezo defensivo? Não sei. De vez em quando sinto falta, saudade, vontade ardida de querer teu  jeito. As vezes sei que se misturam, embaralham, e se tornam cegas certas palavras. Já estou acostumada a te saber assim. Aliás, acostumada a não te saber de jeito algum. Voce é uma sensação, calor, delirio, orgasmo, sedução. Tudo que não se alcança, tudo que não se desfaz, separa ou isola e, como  não pode ser completo, acontece aos pedaços, num espaço, vão. Não vou mais sucumbir. Não vou mais cerciar. E quanto a voce, bem, que seja assim, parte de um presente. Apenas isso, instante de um piscar. Que ora existe, ora finge estar.

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