Escrevo para estancar a dor.
Ela nasce do um momento que percebo que já é hora de ir.
Quando pulsa a garganta, eu só levanto olhar para acompanhar a distância que parece crescer. Queria me agarrar no teu cigarro. Seus intervalos são curtos.
Vou fazer um jardim com frutos que floreçam.
Para sentir o perfume e guardar sabor.
As chaves da casa estão embaixo do tapete, exatamente no mesmo lugar.
Aquele bilhete - " voce é tudo"- que fez pra mim, ainda guardo e de tão amassado quase não se lê. Mas eu o sinto, da mesma maneira que acreditei no dia em que o encontrei, entre o travesseiro e o lençol da cama.
Já é hora de ir, eu sei. Não, não sou eu quem parte.
Eu moro neste amor, nessa entrega, nessa dor.
Escrevo, escrevo, escrevo...
O que foi deixado do lado de fora já não tem tanta importância assim. É mais árduo o que está do lado de dentro. Isso sim, é importante.
janeiro 07, 2010
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