Aquela sede que não passa. Vai ressecando a garganta e tudo por dentro. Impede o ar de chegar, e molhar dentro. Dispara o coração e com isso faz delirar. Avanço o copo d'água e vou bebendo incessantemente, na esperança de acalmar o anseio. Penso em tudo que já foi e, nessa tormenta vou deixando coisas, lastros, rastros, fagulhas de mim, de nós. Há um momento em que se perde a cor. Escalo as paredes frias da memória em busca de sustentar o que mais me fez feliz, mas sua textura é lisa como limo. Meu peito borbulha. Uma saudade desgraçadamente doída de algo que nem era de todo bom, ao contrário. Mais chantageava e consumia do que trazia prazer, mas ainda assim, era minha eu a esperava em mim todos os dias. Agora a vastidão. Reverbera silêncio que vem agudo machucar meu tempo de pensar. Nem sei mais do que falo, se é de mim ou de ti, do que causei ou do que reagi. Não sei se quero ainda lutar por mim ou por voce , porque nós, eu sei, é quase irrecuperável, apesar de todo calor que ainda aquece meu peito. Apesar de sentir que seu sentimento passa pelo meu, distraído, e leva aquela vaga imagem de nós. De tudo isso tem uma só questão que não encontrei resposta. E ela é, por que será? Eu penso se voce tem essa resposta? Será que existe uma resposta? Não sei dizer, sei que existe essa sede.
O que foi deixado do lado de fora já não tem tanta importância assim. É mais árduo o que está do lado de dentro. Isso sim, é importante.
dezembro 27, 2010
dezembro 26, 2010
Sim
Se eu disser, sim... foi bom, foi ótimo. Se eu disser quero ainda mais, um tanto mais, muito mais do que o muito que pude evitar. Se disser que quero devorar teus arrependimentos, suas fantasias, seus medos, pensamentos. Se disser que desdobro, multiplico o tempo para voce crescer em mim. Se eu disser que invento um instante e congelo no teu beijo o meu. Se disser que sim. Que é tudo assim. Te mostro um caminho de galhos e que por ele ficará marcado todos os acessos de chegar. E alcançar o que puder, quiser. Se eu disser que é importante, tão importante que os dias amanhecem depois que voce os clareia para mim. E se eu disser sim.. Porque sim, e embora sim... é assim. Só assim. Voce sabe o que significa ser o sim? Sim...
Pedras para carregar
Em busca do equilíbrio sacrificamos muitas vontades. Em busca da razão sacrificamos muitas loucuras, as melhores talvez. Aquelas que nos daria para lembrança um eterno sorriso de quem viveu única, e minunciosamente os delírios de se entregar completamente aos sentidos. De poder arrepiar ao atravessar a memória olfativa do perfume que marcava a pele.Ou de saltar dos olhos a imagem quando passar por aquele lugar onde estivemos, nos encontramos, nos conhecemos e nos procuramos, pela primeira vez.Queria mesmo era enlouquecer, insanceder de vez. Maldita razão que apunhala.Os momentos porosos, nem ela preenche. Essa falta , essa ausência, esse interno que não cabe no externo que respiro, que vivo. Peço-lhe então.Me deixe dissolver, brandamente a razão em minha loucura. Permita-me esquecer, abster-me de equilibrar, deixe-me apenas continuar.
dezembro 21, 2010
Um pouco de verdade
A verdade é que tenho uma enorme vontade de avançar em você, e não pense que é para ter do teu corpo o prazer da carne, porque dele já me desprendi. Voce desgrudou ele de mim. Já nao via mais tanto desejo em imaginar teu pulso no meu a apertar com força, como se mandasse em mim. A verdade é que também fui esquecendo da tua boca que me surrava as curvas. A verdade é que já não queria tanto seu olhar engolindo o meu e, depois se desviando para revelar fechados o que sentia ali, depois de ter a mim. A verdade é que mesmo diante disso tudo, não se satisfaz. Quer a indecência. Quer manter o despudor da fraqueza do que não tem coragem de deixar, a troco da vaidade de sentir dono. Sinto muito. E senti mesmo. Senti que tivesse que acreditar nessa postura aerada. Recorri a uma resposta, e atendi um ou na verdade, mais um capricho. Me afastei. Mas, como não foi em ti que cortou, me seguiu. Sempre com a insuperável certeza da generosidade. Ainda a pouco, pensando em ti, e considerando que me procuraste, mesmo tendo partido de ti o pedido de afastamento, quis te pedir desculpas, onde talvez eu ainda não soubesse enxergar que errei. A verdade é que também poderia te desculpar pelos contraditórios exemplos de postura. Mas, um pouco só de verdade para dizer o que realmente vi. Onde antes tudo era apenas um momento, agora me parece uma etertnidade, só que vazia, completamente vazia.
dezembro 18, 2010
Para quando...
Para quando um dia, você crescer, se sentir grande, mas não por fora, grande por dentro, seguro, sustentável, fiel e sem receios, pecador sem culpa, altruísta sem exageros. Para quando um dia descobrir que o orgulho é bom sim, mas apenas quando ele nos favorece e nos impulsiona para realizações plenas, não para ocasiões de aparências. Para quando estiver entre a alegria e a felicidade, saiba aproveita-las, cada uma no seu explendor total e, diante de uma ou duas talvez, dificuldades não se entregar. Use seu orgulho para guiar seus sentimentos, mas só os nobres. Para quando você pensar que foi bom assim , perceber que pode ter sido sim, e de fato foi, afinal foi você quem escolheu o caminho, mas sempre é tempo de rever, seja para melhorar, seja para não repetir. Para quando você quiser saber, saber de mim ,o que senti, o que guardei, o que superei. Para quando seus dias precisarem de complemento com significado. De tudo, eu sempre serei atenta. Para quando meu gosto voltar a sua boca como saliva de saborear o que já não mais se tem, e neste momento você puder crescer no som da minha voz, nos poros da tua pele, e ouvidos.. ai sim, seremos então pares. Maduros. Eu, faço o possível para te esperar, mas não posso prometer que me alcance.
dezembro 17, 2010
Sobre o sentido
Eu quero encostar meu ombro no seu e assim, meio que de relance, sentir você.
Eu quero colar meu rosto no seu e assim, meio que sem dizer,transfererir silêncios.
Eu quero entrelaçar nossos dedos das maõs e assim, meio que sem pressionar, saber ter.
Eu quero enroscar meus pés nos teus e assim, meio que sem olhar, compreender.
Eu quero sentir de você além do tato, da pele.
Eu quero teu cheiro, teu miolo, teu segredo.
Eu quero reunir os nossos sentidos todos, enquanto me beija, eu te provo
enquanto me olha , eu te trafego, enquanto me respira, eu te absorvo, enquanto me diz, eu te ouço e todo o tempo, eu, voce, nos misturamos
Eu quero tocar, atravessar você enquanto me molda e ultrapassa.
Eu quero meus sentidos nos seus, enquanto você chama por mim
Eu quero colar meu rosto no seu e assim, meio que sem dizer,transfererir silêncios.
Eu quero entrelaçar nossos dedos das maõs e assim, meio que sem pressionar, saber ter.
Eu quero enroscar meus pés nos teus e assim, meio que sem olhar, compreender.
Eu quero sentir de você além do tato, da pele.
Eu quero teu cheiro, teu miolo, teu segredo.
Eu quero reunir os nossos sentidos todos, enquanto me beija, eu te provo
enquanto me olha , eu te trafego, enquanto me respira, eu te absorvo, enquanto me diz, eu te ouço e todo o tempo, eu, voce, nos misturamos
Eu quero tocar, atravessar você enquanto me molda e ultrapassa.
Eu quero meus sentidos nos seus, enquanto você chama por mim
dezembro 12, 2010
Sobre o olhar
Seu olhar era mais atrevido do que suas palavras, porque corria o corpo e invadia a trama do tecido, do vestido fino de algodão. Era tão forte, penetrante que fazia escorrer aquela lágrima de suor pela espinha, e ia assim, arrepiando a pele, fazendo corar sem dizer uma só palavra. Os pés se enroscavam e queriam sair em disparada. Mas o corpo desobedecia, e paralisado só sentia. Era sempre assim. Aquele olhar era como lâmina. E então o pensamento cobria a imaginação. Já tinhas tantas memórias dessa troca hipinótica, frequência de dizer e esperar, que podia se perder na vastidão de seus silêncios. Até o dia em que, de fato, quando a espinha sentiu escorrer da nuca, e se viu dentro dos olhos daquele olhar, refletida, seus pés saíram do chão, mas não foi para correr, eles estavam vivendo a melhor cena que sua imaginação pode trazer em pensamento desde o dia em que aquele olhar atrevido a despiu do tecido de algodão.
dezembro 08, 2010
Sobre Beijo
O beijo começa no olhar. Magnetiza e arrasta os lábios. Quando se aproximam e então se tocam, as vezes até trêmulos, transformam as sensações junto com a respiração. A respiração que acompanha os batimentos no peito, crescentes, quando as línguas cegas, invadem as paredes úmidas e quentes da boca e se enroscam. Serpenteiam e reviram o lado de dentro. Desmancham medos, navegam mares, se perdem e se encontram. E ficam infinitamente se lambendo. Enquanto os corpos envolvidos pelos braços que abraçados se apertam, e prendem os corpos tão juntos, que vão se deixando excitar, demonstrando na pele o arrepio de beijar. Se deixar beijar, para ser o beijo, ter o beijo, sentir o beijo, beijar.
dezembro 07, 2010
Uma palavra
Ache uma palavra para me dizer. Encontre uma frase sua, verdadeira, um olhar que possa ser interpretado,traduzido, lido sem mais, nem ninguém. Deixa eu ver de voce o que realmente é, onde é ferida, onde é cicatriz. Revela a face do querer, do medo, da incerteza. Não quero conhecer tuas certezas. Quero teus receios. Ainda que seja para não ficar, não importa. A vida se mistura com o tempo que temos para erros e acertos e, de repente, tudo vira jogo. Não, as calçadas, não são tabuleiros. A chuva molha de verdade. Os olhos captam imagens, que os sentidos projetam. Ache uma palavra para me dizer que faça sentido.Alguma que tenha significa para voce e então, fará sentido para mim. Quando seu pensamento dobra a minha esquina, eu vejo tua sombra. Ache uma palavra para me dizer.Que não seja relativa, que seja exata, única. Uma só. Ela existe. Se ainda não a conhece, é porque não se reconhece, nem tão indefeso nem tanto quanto seu contrário.
És apenas um vão.Sem absorção.Um vão, mudo. Ache uma palavra para me dizer. Uma apenas, que faça sentido.
dezembro 05, 2010
Areia dourada
Irrevogável. Mesmo quando rasga e arde, queima e pulsa, e não é possível esquecer. Desejar ter. Não ter, não ser. Só querer receber, transforma. A indifrença não é como a ignorância, é só, agora, insignifiicancia do que era. Ainda que a sede venha às vezes mais forte, mais seca, quase um martírio. É apenas o que restou do deserto que nos atravessou. Hoje já não tão imenso, não tão intenso, assim. O tempo foi carrasco na magia, que acreditava, nascia todo dia. Seu ouro agora vale pouco. Não tem pegadas na areia, não tem retorno, acesso, não tem rastro. Seu ouro é só seu. Ninguém vai rouba-lo, nunca.
Criptograma
Para decifrar, encontrar e ter. Encaixar, resolver, exibir, conectar, saber. Transversal, paralelo, vertical, horizontal
Mistériosa, entre esconderijos, senhas, coordenadas, advinhações, atenção, observação. Um jogo da vida. Uma condição. Um prazer. Diversão que vicia, Incansável. Insubstituível. Sem igual. Palavra que entre tantas outras destaca, marca, refere.Para cada um , uma , para cada momento, uma, para cada sonho, coito, choro, alegria, sorriso, espera, conquista, definição. De um jeito, de um tanto, de um vazio, de um colosso de um meu. De um seu, sua. Conjugada, verbalizada, adormecida, palavra nua. Sílaba por sílaba.
dezembro 03, 2010
A espera
Esticou o corpo no tapete, preguiçosa e lascivamente. Não temia que os pensamentos fugissem. Isso, lhe pertencia. Dominava o tempo com pernas que cruzava , descruzava. .As mãos se mantinham na taça, onde do vermelho bebia do pecado a solidão. Inquietude. Nem sombras, nem reflexos, tudo a volta apenas ecoava como um mantra.Quando outra vez? Da janela, a lua prateava as paredes e ela, muda , sorria. Amanhã quem sabe...
dezembro 01, 2010
Aroma da côr
No vão da minhas coxas. No céu da sua boca, na imensidão daquele tempo que dura o olhar.
Do toque da pele, do silêncio, do gemido.
Do rítimo no pulsar. Juramento, sacramento, promessa, confesso, todos calados. Tudo ali.
Junto, somado, trocado. Meio a paredes, portas e janelas, isoladas, térmicas. A música eclética, nada que dissesse aos sentidos, mas, os detalhes, todos colhidos.
Particularmente tão único, quanto a cor do baton ou o perfume usual. Natural.
Traços pintados a mão não são sequênciais.
Se não fose o recado no espelho, desbotado com o vapor do chuveiro, assinado...um beijo.
A côr pode ter aroma.
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