junho 29, 2011

Estado de inércia

Que absoluta inquietação paira sob os pensamentos? Corro para me esconder de mim e só consigo desviar, no entanto. Essas garras que me prendem em movimentos arranham as  paredes por onde escorrego meu corpo, até que chegue ao chão. E, no solo, caído, sem força e ofegante, espera, somente espera. Não sei se ao passar por mim , me verás como morta ou machucada. Mas ao olhar para ti, entenderei  de única vez, sem que digas uma única palavra através do teu olhar, teu pensamento. 

junho 27, 2011

Imagem, intensidade, tesão

Saliente e solto. De lábios carmim na pele rosada, língua molhada, enfim. Tesão que roça e enrosca, braços, mãos que invadem coxas, que lambuzam bocas, que engolem beijos. Arrepio que rouba da memória os sentidos, tesão vertical. Pulsante, latente, quente. Carícias que provocam sussurros, movimentos que alinham corpo, corpo que entrega a carne, malícia sem limite, gula, fetiche. Imagem. Intensidade. Tesão. Tradução. Segredo, sem confissão.

Exausta

Certa vez me perguntou,  por quê? Havia  uma série de respostas que caberiam ali. Mas o entendimento e a satisfação das  respostas está naquilo que a gente pretende saber e se beneficiar delas. Mesmo que seja só por um momento. A resposta não pode ser pensada, ensaida e justificada. Tem que ser espotanêa. Essa é a verdadeira. Sem gaguejar, suspirar. É a fala curta sem adereços, é o olhar encontrado no começo, é palpitação, a saliva. O resto é teatro da vida. Mas as respostas pedem, precisam de sequências. E então, acontece se esbarando nelas as mentiras, os medos, as dúvidas  e as inúteis precauções. Mas por quê, eu também quis saber. Um silêncio tão grande toma conta do nosso olhar, e naquela fração de segundos uma eternidade vivida, querida, imaginada, vem desse olhar que  vasculha por dentro de cada um , querendo saltar  dali e simplesmente deixar explodir e por fim, responder. Mas  não. Houve um apenas gesto. Um abraço forte, quente, demorado, como um pedido de deculpas, como um desejo  mutilado, como um dia cinzento chuvoso de pensamentos longos, que acalentam no peito, segredos gelados. A respostas mudas, daquele  abraço  insinuavam  porque não fomos capazes de nos dizer. Porque inibimos todas as sensações e depois, sem perdão da ausência, seguimos numa tormenta de não saber o porque deixamos tudo passar.E assim, tornamos  a repetir e repetir os mesmos enganos, as mesmas falhas, as mesmas  perguntas, sempre. Por quê?

junho 25, 2011

Juro

Juro não  trazer mais no olhar seu nome. Juro dispensar sua presença, ausência, existência. Juro que deixarei diluir toda e qualquer imagem, palavra, gesto seu em minha vida. Juro. Juro que impedirei que oportunidade se torne real. Juro que ficará apenas como o pouco que houve.Que assistirei a distância seu embaraço camuflado. Juro que tentei de todas as maneiras dizer o quando, quanto e o porque. Coisas que nem de longe quis compartilhar, e talvez, nem consigo mesmo. O mundo fica mais simples de olhos fechados. De todos os erros o mais dolorido é sem dúvida o arrependimento. Não. Não é o meu. Mas quem sabe, não é o que vai sentir.

O agora

Já não sei quantas foram as vezes que sucumbi minhas vontades. Já não lembro, ou não quero lembrar de tantas podas, acreditando que isso faria crescer mais forte. Forte de que? De algo que não tive coragem? Forte pelo laço de fingir, ludibriar meus olhos e apenas ver simplesmente reflexos de existir? Quanta vezes senti o que não tive, transformei o que não toquei. E chegada aqui, hoje, trago as mãos  vazias. Esses dias eu te vi. E tive uma vontade de correr na tua direção. Então me lembrei da minha desimportância para voce. Ou da ideia que voce queria que parecesse ser. Seria uma troca de desprezo defensivo? Não sei. De vez em quando sinto falta, saudade, vontade ardida de querer teu  jeito. As vezes sei que se misturam, embaralham, e se tornam cegas certas palavras. Já estou acostumada a te saber assim. Aliás, acostumada a não te saber de jeito algum. Voce é uma sensação, calor, delirio, orgasmo, sedução. Tudo que não se alcança, tudo que não se desfaz, separa ou isola e, como  não pode ser completo, acontece aos pedaços, num espaço, vão. Não vou mais sucumbir. Não vou mais cerciar. E quanto a voce, bem, que seja assim, parte de um presente. Apenas isso, instante de um piscar. Que ora existe, ora finge estar.

junho 23, 2011

Ressaca de ausência

Não deixar ir, mantendo afastada assim, a vez de querer voltar. Seguindo os passos com olhar guloso, engasgado com o ar insuficiente para respirar, se aproximar. Proibir. Justificar qualquer palavra com a ação nula de simplesmente sub existir. Desconhecer. Seguir acreditando que as fragrâncias são  iguais em toda pele, em toda parte. Adoecer e mesmo assim, deixar desistir. E, todos os dias se olha, se promete, e continua a se desidratar de suas entregas. Ressaca de ausência...

junho 21, 2011

Solidão, que nada

Que imensidão tem um corpo? Quanto será que cabe dentro dele que não aperte a alma? Que não sufoque o ar, que não coiba a vontade? Que imensidão tem as palavras, aquelas que não são ditas e que perdidas, vivem a se debater entre os pensamentos? Que solidão é essa que nunca enxerga a porta entreaberta? Porque regar a semente oca, para enraizar e se espalhar no solo dos dias? E para que mesmo tanta busca, para chegar a nada? Se não se sabe o que deseja e tudo parece ser tão maior do que a mais vasta imensidão do corpo e alma, de nada adianta buscar. Fazer anagramas é ficar sempre com as mesmas opções. Opções são as restrições de quem se esconde das oportunidades. A plenitude está sempre adiante. Ninguém, absolutamente ninguém sente solidão, se por um momento permitir que outro sorriso lhe impregne os olhos, os lábios e a alma. A solidão não  tem força para seguir, sem que tenha anuência de quem a julga forte.

junho 17, 2011

Enquanto e depois

Entre os ossos e a carne. Espirito, alma. Com os pés sobre os teus, para que me leve nessa  música até e por onde quiser, qualquer caminho. Quero perder, transformar. Quero ouvir teu  peito batendo forte, sem  evidenciar. Quero o beijo. Não qualquer um, o seu. O meu. Quero muda, dizer com língua ao encontrar a sua. Quero vive-lo dentro, fora, através. Não quero palavras, apenas gestos. O transpirar as mãos. Quero sugar de você os pensamentos, roubar os momentos e deles, nos provar, completo paladar. Arrepio de desejo, abraço , calor. Quero que me conduza pela música, que nos permita dançar. Estou apesar de sobre, completamente sob seus pés. A tua boca tem gosto. Teu cheiro, teu toque. A música é essa. Os corpos, são os nossos. O rangido  da vitrola ao final da música faz todo sentido. E o tempo...ah, o tempo. Ele se mistura no silêncio que nos parece eterno, enquanto e depois de tudo.

junho 14, 2011

Rio de água doce

Era só pra provocar. Insinuar, atrever. Mexer e remexer. Era para escavar o miserável  vão e a distante posse. O domínio. Ainda em solo fértil poder replantar e colher. A semente? A aquela que desejarmos que cresça. Aquela que vai nos alimentar, transformar e reproduzir. Em todos os sentidos, desde o mais casto até o mais promiscuo. Da luxúria ao subserviente. Mas que em todos os sentidos faça existir. Há entre as margens, um rio. Rio  que reflete. Rio que convida, que abraça, porque é seu nado é o que o movimenta. Rio de águas claras, temperatura branda. Rio de água doce. Doce  como o  beijo, o olhar. Era só pra provocar a mim também. Sem saber onde chegar, mas de alguma maneira atravessando rios, desejando plantar, e quem sabe, atrever a viver em todos os sentidos, viver. Quando você me tem, é sempre assim.

junho 13, 2011

Eu quero assim. Vermelho. Quente. De maneira que insinue e transcenda. Eu quero assim. Vermelho. A carne, o lábio, o calor. Quero assim porque sou assim. Não quero menos, e isso não é impossível. Porque o impossível dura o tempo exato até ser realizado.


junho 12, 2011

Esparadrapo

Uma infinita vida cheia de esparadrapos. Porosos, consistentes, as vezes coloridos, na intenção de poupar um pouco a incomoda expressão do triste. Dias destoados dos desejos, sufocados. Gritos arranhando a garganta, mas por dentro ninguém vê. Ao  contrário, imaginam sempre que na voz contida, há maior compatibilidade de agir e dizer. Ledo engano. Há uma série de remendos. E os dias passsam em branco, não emocionam, não enraivecem, não  existem, passam. Quanta coisa quente evapora quando se pisa  no gelo. Quanta ausência. Quanta saudade eu sinto de sentir o sorriso colado no meu rosto e junto dele, o sangue  correndo quente, pulsando, pedidindo para viver, jorrar. Te dou tudo que puder, ainda que  não seja tudo. Não tenho marcas, nem esparadrapos. Tenho uma enorme vontade de desmanchar seus reparos, mesmo que depois nunca mais possa saber da sua ferida fechada.

junho 10, 2011

De vez em quando....

Exagero
Complico
Replico

De vez em quando

Reprimo
Disfarço
Provoco

Mas, jamais
Esqueço
Desprezo
Brinco

Existem  coisas, que não são ditas.
Existem coisas que expressamos.
Existem coisas que simplesmente, existem
Cada hora de um jeito aparente, cada jeito com um detalhe, cada detalhe com a sua existência própria.
Singularidades...
De vez em quando, coisas assim , são mais difíceis do que imaginamos...

Definição

De que? Ou para que? Se  for sobre você, não há. Não conclui, não consegui. Eu nunca tentei ser essência, o núcleo, mas também ser desnecessariamente, o vão. Passar e viver só em alguns dos momentos. Os meus, os seus. Desisti de tentar compreender o porque, mas  ainda  quero entender. Os medos, os desvios, as ausências, quando é tão natural se saber, dos desejos, dos encaixes, das vontades. Que espécie de punição antecipada rege a defesa do sentir? Qual o pecado de se viver? Posso respeitar o seu não intenso, mas posso não concordar. O que me fere é justamente a sensibilidade. Evidentemente a minha. Porque sei da sua, ou da falta, ou ainda, da repressão da sua. Em nenhum momento isso se traduz em amor, ou paixão. Estou falando apenas da existência. Da influência dela nos dias. Em todos os dias em que pensamos, tolhemos e retratamos a nós mesmos, como um alívio de " mea culpa". Muito embora, ainda permaneça entre a carne e o espirito, aquela sensação de querer. Querer abraçar. Querer sentir. Querer respirar, transpirar, aquecer.

junho 05, 2011

Ainda...

Momentos errantes. Desconforto. Intromissão. Maneira de dizer, não, quando é quase um sim sufocado. Um pedido, um desejo. Não, não saia. Ou não, não vá. É quase impossível. O que está dentro não muda com a geografia. Li tanto que não me lembro mais das anotações que fiz. Resumi só o que senti, conheci. Não tenho mapa. Tenho sentido. Não tenho índice, sinônimo, antônimos.Tenho a mim e o que vejo, percebo, vivo. E se houve algum erro, onde foi? Será que foi quando nos olhamos? Quando nos tivemos? Ou quando  nos afastamos? E por que? Ah! E que diferença faz isso agora? Nenhuma. Porque absolutamente nada pode convencer ou mudar o que já foi. Uma certeza. Dentro da alma ninguém troca, substitui, nada. Aprende-se a continuar. Ainda que por vezes a gente volte a se encontrar, e conscientemente se querer, desejar, mais que inconscientemente não permitir, apesar de querer deixar outra vez, viver, só para tentar desta vez matar.

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...