junho 30, 2010

Jangada

Cobria o corpo com tecido puido. O tempo fez assim.
Aquele pedaço de pano, trazia e guardava a presença dele.
Na jangada passou por muitas noites no mar traiçoeiro
Tinha as vértebras machucadas
as mãos enrugadas, em carne viva
palidez e cansaço
Além dos lábios molhados
Nos olhos, o tempo da espera
Quando enfim , chegou a beira mar
sentiu os pés na areia
Quis voltar, porque é no mar
que seu coração sente pulsar

junho 29, 2010

Tabuleiro de olhares

É preciso muita coragem para tanta covardia.
E se esconde como um castigo, uma punição
Engraçado, porque as vezes na mesma medida que causa
dor, causa raiva. E as ações se tornam na verdade, reações
O que vem depois é que é o pior. É o reconhecimento da perda
da falta, do vão, do tudo que a fraqueza realmente não deixou
que a vida proporcionasse. Mãos formigando, batimentos alterados,
sorriso amarrado no rosto, pensamento seguindo passos
Prazer.Gozo. A melhor de todas insensatez, a de querer ter, e ter.
Chega o tempo da cosntatação.
Tudo passou assim , a meio palmo da boca,
meio palmo dos lhos, meio palmo dos braços..
meio palmo de saber
Procurava uma justificativa que fosse de dentro
uma falha, um exagero, talvez um defeito.
Mas não, aos poucos se perecebe que não há.
Outro dia descreveram...nossa...
Instigante, um desafio e tanto
No tabuleiro olhares
"xeque mate "

junho 28, 2010

Pela vidraça do quarto

Seria dela. Se não fosse tão dele
círculo onde contém e está contido
são momentos que se procuram
desencontrados
Ela passa semi nua, transparente
pela vidraça de quarto dele.
Ele observa pela cortina
com vontade e receio
Ela passa, ele pensa
O tempo vive nos dias
cresce, mostra as vias
varre poeiras, e vai levando
Ela, talvez não passe mais pela
vidraça, para roubar-lhe o
olhar. Ele talvez jamais descubra
sobre o que verdadeiramente
ela carregava por de trás
das cortinas do seu quarto




Fio da navalha

O inesperado é tão perigoso que quase destrói as estruturas tão racionais e sistematicamente estudadas. Movimentos seguem de resultados e controle de ações, numa previsão matemática impressioanante. De repente, alguém joga um objeto. Algo cortante. Algo que não faz parte do previsto. As mãos se atrapalham, estabanadas tentam segurar sem causar danos. Tarde. Qualquer coisa que fuja ao monótono, programável e previsível modo de entender, é uma navalha.
As navalhas são assim, assustam pelo fio. Finas , de aparência frágil , possuem corte preciso, marcam a pele, sangram a carne. É um perigo que merece sim , atenção, domínio, coragem.
Depois de aprender a manusear, não haverá mas receios em segura-la . Mesmo quando jogada pelo ar na direção de sua mão. O que não se pode ignorar, é que nem tudo é exato.
Aliás, exato é tudo aquilo que não da muitas possibilidades de viver intensamente.
Nos cerca de cuidados , nos protege de perigos e assim , nos rouba prazeres.


junho 25, 2010

Aquele vinho...

...O liquido despejado pelo gargalo
do alto escorria molhando os cabelos
caídos no rosto
chegava na boca
descia pelo pescoço
alcançava o colo e
seguia entre os seios
trilhava até o abdome
guardava um pouco no umbigo
e corria certo, entre as coxas
para dentro, se misturando nela
havia calor e frio
então tremia, gemia
os olhos ardiam
a boca chamava
as mãos se agarravam aos cabelos dele
as paredes ela empurrava com as costas
pela força das pontas dos pés
então, foi carregada, seduzida
gemeu, tremeu, e se entregou
irrefutavelmente, irremediavelmente,
irresistivelmente, irrevogavelmente
inevitavelmente, insandecidamente
e se encontrou total e completamente
dele, nele, pra ele.

Página de diário

Linhas em branco
Espaços sem pontuações
Lá no meio um rabisco com teu nome
depois da folha amassada
a tentativa de desamassar
A folha não vai voltar mais para diário
nem as coisas pro lugar
Porque não...?
Desobedeça, revide,
provoque, contorne,
insista, descubra
comande, percorra
corte , se corte
mexa , remexa
que lixo de coisa
certa sem pulso
sem tempero
que espaço bobo entre
o nada e coisa nenhuma
boca serrada , mãos vazias
historia de fria, árida
para tantos dias ígneos




Das emoções

As emoções são abstratas
Telas sem molduras
linguagem de seleção
Vaga por preencher com
luz , cor , frio ou calor
lágrimas ou sorrisos

junho 24, 2010

Recessivamente....

Qualquer dia, voce pode se perguntar o por que de tudo
e eu vou te responder agora, que houve muitas respostas
No entanto uma mudez sentenciou, assim objetivamente, fim.
Mas fica lá naquela morada chamada lembrança,
mesmo que num sacrificio para se manter adormecida
o contentamento do sentido no prazer, quando quente
minha boca tocava a tua.
No trajeto da tua língua em mim,
das minhas mãos que guardavam parte de você.
De quando recessiva, presa entre tuas pernas,
era dominante do teu pensamento
De quando mesmo longe se fazia perto,
porque era só fechar os olhos e sentir,assim...
Mas nada mais tem importância.
O relógio diz que as horas não se encontram nos ponteiros.
As razões são insanas mesmo
A boca pode secar, a respiração ofegar, as mãos transpirar.
Por fim, esquecerá. Quase simples assim

junho 23, 2010

Vitrine do tempo

Sim, dar um tempo é um exercício.
Um comando obedecido.
Um princípio ativo de sintomas para compreensão
Metamorfose da emoção para razão
Para diluir imagens,destemperar sabores
desmontar palácios,janelas,barcos
Descriar e desiludir palavras.Engolir
Covardia da intenção de querer manter
quando apenas tem fumaça ou indigestão
Descruzar braços,abraços,pernas
quem sabe laços.
Dar um tempo para passar o presente
pro passado e deixar ele lá, desinteressado
sem risco, sem entusiasmo.
Dar um tempo é homeopático.
Não cura, mas previne
Os olhos ainda são a vitrine
há quem pare para ver o que tem dentro,
antes de entrar.

junho 22, 2010

Os dois lados

... Sentir a respiração quente na nuca
e os braços cruzando meu corpo
entrelaçando com minhas mãos, pelas costas
em pleno dominio seu
e total entrega minha
De olhos fechados para não ter
nenhuma outra forma diante de mim
que não seja tua presença
e, se meu rosto alcança a tua boca
quero a lingua revirando meus sentidos
até que os pés saiam do chão
e voce me leve por onde for
Agarrada por fora
carregada por dentro

junho 20, 2010

Beijo de cartão postal

Um dia me descubro outra
Um dia me vestirei diferente
Sorrirei diferente de outros dias
Um dia não consumirei meus pensamentos em voce
Um dia não esperarei mais o seu toque
Não lembrarei mais do seu cheiro, do seu gosto
Um dia entregarei o que coleciono em pensamento
num postal, talvez, assim despretensioso
como aquele primeiro beijo
Um dia vou aprender a não pisar descalça
E conhecer o revés das ausências
Um dia não precisarei contrair
Nem mesmo seguir estradas já caminhadas
Um dia crio a minha, e então alguém vai seguir

Fatias essenciais

Já estive do avesso várias vezes.
O avesso é o lado certo.
É o lado de dentro, pelo lado de fora
O avesso é real, é o que existe
Onde se guarda, com vontade de expor
O avesso é o todo cortado em fatias
para mostrar no lado de fora,
pouco a pouco, coisas essências
O avesso é o puro, cru, virgem
Não me basta mais só estar do avesso
Me mudei para sempre no avesso meu

Coisas entre si

Me desagarro
Vou caindo de mim
Sinto frio e calor
Sinto medo
Lágrimas molham
meu corpo nu, livre
desamarrado
desagasalhado
arrepiado, molhado
livre enfim
Livre de mim
da razão, abandonada
resta a emoção, casta
Minha poesia é todo o corpo
é toda alma, entrelaçados

junho 19, 2010

Loucura


É um momento corrido
Daquele que a experimenta
Daquele que a busca
Daquele que a encontra.
Daquele que a desconhece
O sangue corre pelas veias
Liquido, quente , vermelho
De repente - inopexia
Eu não te vi mais
Voce não me tocou mais
Desconhecemos o que encontramos
porque buscávamos a liberdade
inconstantes fugas lascívas.
Minhas, suas.
Nessa loucura procuro um pouco mais
de voce em mim.
E quando ouço chamar,
loucamente, eu simplesmente, vou



Reservas de cada um


Há intenções em segundas verdades, e nas primeiras mentiras também.
Sim, há sempre um querer. Seguido de um riso solto, um olhar que não chega direto mas, que está sempre tão a volta que não permite que a vibração escape aos sentidos
Será que vence pela insistência...
ou pela simples presença de sempre, sempre estar?
É curioso. Muitos não se importam em expor,
desde que juntos, seus corpos, suas bocas para outros. Isso pode. Mas em segredo não.
Pessoas se reservam. Ou se cegam simplesmente. É mesmo difícil compreender o que está dentro de cada um.

junho 14, 2010

Roda Gigante

Quando era menina adorava ficar ouvindo músicas
e desenhando cenas na minha cabeça.
Depois pegava um papel e uma caneta e escrevia, escrevia...
sempre fui assim. Não devia ter parado nunca, me fazia bem.
Eu me apaixonava pelas ideais. A menina cresceu,
o papel e a caneta se separaram de suas mãos.
Hematomas internos são mais crueis.
Ausente aos olhos e presente no coração.
Quando voce sabe que é mentira, é melhor. Sabe-se.
Mesmo quando ela é sua ou até mesmo quando não é.
E quando não se sabe? Não tem certeza?
Não se percebe, só tem vazio, culpa, saudade.
Então se mistura tudo com sonhos , erros, interpretações
Como num parque, na roda gigante.
Ora vazio, ora erro. Ora sonhos, ora culpa.
Ora saudade, ora angustia.
Momentos são momentos e, bons ou ruins
não voltam iguais na proporção e intensidade nunca.
São singulares, de sentimentos e de quem os sente também.

Sem começo

Tem hora que me da um medo enorme
Algo que consome e que não sei se quero descobrir
Um medo de sentir o que não quero, crescer o que não desejo
Medo de dizer, repartir, medo de conhecer e reconhecer o que já vivi
Um medo tão grande, e o alivo não chega
As vezes nos damos mais do que podiamos
Quero apenas que passe, que não tenha enraizado
Não sei se faço promessas por desassossego na alma
Me pego distraida e assustada, sem começo

junho 13, 2010

Outras verdades

Sentir-se amante e capataz do proibido
e suportável desejo de ter
Sentir os apertos e força das mãos
que sem tocar ordenam as reações
Prendem e subtraem todo essencial prazer de sentir
Sem limites apenas com doçura vai alcançando
as terras, castelos cabanas, choupanas
Ah se tudo fosse diferente desde o ínicio
ainda assim teria sido igual
Só se pertence quando está livre
o que independe de se estar só
Apenas se acredita no que enxerga,
mas se pode supor outras verdades
além daquelas da sala de estar.

junho 12, 2010

Descrição de uma conquista

Era só silencio entre o olhar
Os olhos saltavam as palavras, e só se observavam
Todos os músculos da face se retraiam para conter a expressão
A respiração delatava as intenções, o silencio permanecia
Sairam dali de mãos dadas, havia nos passos pelas calçadas,
aproximação do desejo
Não tinha mais como esperar, no meio da rua,
os corpos se encontraram abraçados e o beijo instigante provocou mais.
As mãos dele, na nuca dela,
segurando seus cabelos, insinuava descer pelas costas
Ela esmorecia sem reagir. Logo depois estavam um pelo outro.
Se entregaram em cada segundo de cada minuto,
de todo o tempo que desvendaram toque , lingua , carne, seios, pernas, braços.
Se olharam outra vez. Se olharam algumas outras vezes,
em muitos momentos outros , não se prometeram nunca.
Não se esqueceram nunca.

Confissão Muda

Não. Decidi que não quero mesmo apagar nada.
É o que restou, e é o que quero ter.
Toda vez que aproximo meu pensamento do teu
me encontro em voce
Toda vez que sinto nas minhas mãos o toque das suas
Toda vez que fecho os olhos eu tenho voce.
É assim que vai ser.
Uma confissão muda
Minha. Sua.

junho 10, 2010

Ardido #3

Esse ardido que me passa nos lábios
Esse sumo que me faz salivar
Ao pronunciar o nome, rouco
provoca, faz a pele eriçar
Fechar nos olhos a tentação de dizer
o que nem é preciso, basta que
feche os teus também,
Dedos correndo pelas grades
de uma cerca de galpão...
Erguer nos braços até
alcançar o teto e ver de baixo
o que pertence, no momento, teu
Faça outra vez, de novo, sempre
Arde aqui, comigo, sua, transpira
Depois... a água morna vai te banhar
Mas leva meus labios
porque estarão ardendo na tua boca
atormentando tuas mãos
persuadindo teus pensamentos
que são meus

Brisa e Vento

Tudo o que se passa diante de nossos olhos
pode ou não tocar a alma.
É uma oportunidade que nosso coração oferece.
Se desarmado toda brisa passa,
embora com sua leveza sopra e se faz perceber.
Todo vento sopra, embora com sua força pode
apenas empurrar sem envolver.
Somos corpo soltos pela imensidão.
Num trajeto , num curso de atração de descoberta
de procura de um contra ponto.
Quero que o vento sopre bem forte
empurre e quando estiver quase presa
num solido muro desconhecido
que a brisa me faça companhia
pelo tempo que estiver ali.

junho 09, 2010

Paralelos superficiais

Ainda tem um nó na garganta
deixa passar...
queria juntar coisas que já li por ai
e reunir tudo pra dizer muito
um arranhão as vezes doi
mais que um corte profundo
Eu sei ...eu sei...
mas sei que sabe também...
não preciso mais da gentileza
do que gostaria da presença
na verdade não acredito que fosse
preciso escolher entre um e outro
Não diga nada que não seja
inteira e puramente seu
Nada por apenas dizer, porque
Palavras constroem, e ferem
na mesma proporção
palavras são como cristais
é ... eu sei....é preciso lapida-las
não se perca, não me perca
entre elas



junho 08, 2010

outro trecho de pensamento

eles pensam com a cabeça, a de baixo
e a nós com o peito, mas do lado de dentro.

Entendo Pouco

Se meus olhos dizem antes de eu falar,
e não estão sendo vistos, com pode saber?
Entendo pouco de voce . Sinto muito de voce
Entendo pouco das suas palavras, escondidas , guardadas.
Sinto muito as suas marcas.
E essa coisa engole pensamentos e dias
Arrasta um porque. E nem sei ao certo se queria saber.
Acho que antes queria sentir, ter, outra vez.
Não quero o corpo, quero alma.
Porque o que foi o que te dei.







Água e Fogo para o chá

Água e fogo não se toleram.
Se esbaram e tentam se sobrepor.
Sempre tão próximos e tão opostos.
As vezes se aproveitam em fusão,
em tão boas combinações.
As vezes morrem diante de uma condição.
Há uma mistura, talvez seja a falta de resistencia.
O chá - momento em que o fogo completa água
o resultado se dá em chá.
E depois de provar , seu gosto sentir seu cheiro
jamais deixará sua memória

Nada a ver

Eu não tenho nada a ver com voce.
Nada a ver com sua vida.
Nada a ver com seus gostos.
Nada a ver com seu jeito, seu cheiro,
nada a ver com seu tempo, seu umbigo.
Eu não tenho nada a ver com sua boca, seu gozo.
Nada a ver com momenos estupidos,
roubados, verdadeiros, perigosos e deliciosos.
Eu não tenho nada a ver com seus pensamentos
Eu não tenho a ver com superficies

junho 06, 2010

Camelias no outono

Minhas mãos estão frias. Minha cabeça em movimento esbarra em pensamentos que buscam encontrar razão onde não há . Interpretar, compreender, pra terminar de saber. Saber o que ?
Da fuga atroz. Quando sinto aproximar, o medo faz transpirar, a inquietação palpita mais forte, e o coração se paralisa. A translação acontece.O que está a frente pode ser o que é real ou não. Quando fecho os olhos tem muito de tudo. Que parece as vezes tanto, outras tão pouco. Muito de nada , pouco de tudo. Imagina uma respiração. Quanto ela diz? Revelação latente. Me distraio achando que quando estreitar os dias, num caminho onde as marcas parecem pegadas na areia, ainda vou lembrar do que senti. Quem sabe se mudar de cor na estação que vem depois, ou na próxima, quem sabe?A camélia por exemplo, se um galho é hidratado uma vez só, por alguns segundos é o bastante para permanecer viva. Mas minhas mãos agora estão frias...E eu preciso aquece-las para tocar, trocar, sentir, respirar e continuar em sístole e diástole.





junho 05, 2010

Fogueira -

(é tudo por agora , é tudo por enquanto)

Por que queimar minha fogueira
E destruir a companheira
Por que sangrar o meu amor assim
Não penses ter a vida inteira
Para esconder teu coração
Mais breve que o tempo passa
Vem de galope o meu perdão

Por que temer a minha fêmea
Se a possuis como ninguém
A cada bem, do mal, do amor em mim
Não penses ter a vida inteira
Para roubar meu coração
Cada vez é a primeira
Do teu também serás ladrão

Deixa eu cantar
Aquela velha estória, amor
Deixa eu penar
A liberdade está na dor

Eu vivo a vida a vida inteira
A descobrir o que é o amor
Leve pulsar do sol a me queimar
Não penso ter a vida inteira
Para guiar meu coração
Sei que a vida é passageira
Mas o amor que eu tenho não

Quero ofertar
A minha outra face à dor
Deixa eu sonhar
Com a tua outra face, amor

Não penso ter a vida inteira
Para guiar meu coração
Sei que a vida é passageira
Mas o amor que eu tenho não

Quero ofertar
A minha outra face à dor
Deixa eu sonhar
Com a tua outra face, amor


junho 04, 2010

Pouco mais pra saber

Gosto de olhar nos olhos
Gosto de sentir a força das palavras no olhar
Não faço promessa, porque não espero o amanhã
Quero sempre o hoje, o agora.
Não finjo, não alimento planta sem raiz
não acabo até terminar, ter certeza, esgotar
não deixo duvida, não escondo fraqueza
Gosto de sentir inteira, não guardo
nem muito, nem pouco, gasto
Inventos clipes de momentos
Tenho replay de sentimentos
Me esvazio e me preencho, todo instante
Não tenho medo dos hiatos
Não sei explicar o que não sei compreender
A ausência é o fio da navalha
Gosto da mão que segura , da boca que molha
Gosto da pele que sua, da voz que sussurra
Gosto de escrever, porque sempre que faço
morro um pouco, depois nasço, e renasço
Gosto de passar a língua nos lábios
Gosto de passar as mãos nos cabelos
Gosto quando gosto, porque me sinto forte
Não mudaria pra agradar, mas viveria para realizar
Não preciso dizer muito








junho 03, 2010

Antes, transbordar

Diz que que esta tudo errado.
Diz, que é mais fácil assim. Convence
Diz que é quase sem razão,
que é por proteção.
Diz que é impossível
Diz que apagou.
Mas diz olhando no olhar
Diz que é nada quando abraça,
diz que é nada quando pensa
Diz que sim. Diz que é isso
Vai passar, eu sei
Mas é preciso, antes, transbordar







A verdade daquilo tudo

Na verdade gosto de lembrar
como seguir teus lábios
Na verdade gosto de saber sentir
o que não sei de voce
Gosto do que suponho,
do que voce analisa em mim
Gosto dessa falta de domínio e da reação dele.
Gosto de querer outra vez e novamente e sempre
Gosto da saudade e da vontade que voce deixa
cada vez que passa por mim e,
da que leva de mim também
Gosto de me esquivar de seus braços
pra que voce me busque mais rápido
e me faça caber no seu abraço
Na verdade, gosto de não saber caminho de volta
Gosto de saber nos teus olhos fechados
o nome que cala, a cena que marca
Gosto de saber que voce está de alguma maneira,
que longe é passageiro, e que o que aquece
as minhas expressões, guardadas,
no atrito de seus pensamentos,
reagem em combustão
Na verdade gosto te saber nas músicas
te saber naquela rua , naquela mesa
naquilo tudo , nisso tudo que
sinto falta agora, aqui.

junho 01, 2010

Ainda não se sabe

Ainda não se sabe por quantas vezes a porta bate e fecha
Ainda não se sabe quantas camas a noite encosta e na pele roça
Quantas bocas a lingua toca, quantas mãos deslizam pelas costas
De quantas maneiras as palavras falam
Ainda não se sabe se conhecer é descobrir
Ainda não se sabe se depois de nu , pode sentir
Ainda não se sabe como se vestir
Ainda não se sabe se vai continuar
Ainda não se sabe se vai perceber
Ainda não se sabe, quem sabe mais tarde
se não for tarde demais dividir, ter um pouco mais
Ainda não se sabe se vai suportar
Ainda não se sabe se vale esperar
Ainda não se sabe o que o sliencio traz
Ainda não se sabe, não se sabe,
Ainda não se sabe matar

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...