dezembro 21, 2011

Outras Metades

O que me parte ao meio não são as metades que me divido, são as faces que me transforma enquanto se afasta, enquanto se desculpa. É o que me faz aceitar em  mim o que não quero de você, e tão pouco de nós. A ausência, desistência, por não saber viver o antes e o depois de acontecer. Acontece que aconteceu, não sobreviveu, mas nasceu. E, ainda que não exista nos teus  braços, boca, pele, permanece em aromas, lembranças, vontades. Se não só as minhas, quem sabe das tuas, e  as nossas. Guardadas, proibidas, acovardadas.

dezembro 19, 2011

Dia nosso de cada dia

Para saltar é preciso fechar os olhos. Para sentir a liberdade, é preciso abrir os braços e respirar. Para mover é  preciso ter fé. E para ir, é preciso ter onde chegar. Os dias são oportunidades, minutos de desejos, aceitação e negação. Vive-los  talvez seja o maior desafio de cada um. Saber o que fazer e o  porque faze-lo.Pessoas não só se descobrem quando se permitem significar além das vestes. Não há formulas, nem milagres. Dia nosso de cada dia, nos dai hoje, a vida para ser vivida inteira.

dezembro 16, 2011

Trégua

Pelo abandono das diferenças. Pela abstinência da dor, das mágoas. Pelo desprendimento do orgulho. Trégua  no sal da lágrima, nas palpitações do medo, no suor das mãos. Trégua para as falhas, os equívocos, os enganos. Não é uma proposta protocolada, é antes um desejo, um firmamento. Porque nada é tão duro que não se possa partir,  nem tão tenro que não se possa juntar.

dezembro 14, 2011

Alma & Perdão

Meu perdão está cansado, doente. Meu perdão está  enfraquecido.Não tenho mais ímpeto de sentir sua ação. Não tenho mais coragem de leva-lo adiante. Minha alma está  exausta. Ela chama a mim. Minha alma que não tem fim, minha alma que não afunda, está exausta. Meu perdão não está resistindo e se desabraça da minha alma, que sozinha lamenta esse triste trajeto. Minha alma carregou  meu perdão, iludiu meu coração. E hoje, pesada dos perdões que consentiu, está amarga. Minha alma merece perdão. Merece perdão do que carregou e o perdão que arrastei na alma , merece que ela se esvazie.

dezembro 07, 2011

Refguiada

Eu sinto falta do abraço. Sinto falta do calor, mal humor, incoerência, fraqueza. Sinto falta de tudo que não  tem em mais ninguém, além de ti. E da mistura que tudo igualmente meu, te reage. Cacos, estilhaços, embrulhados em mentiras que peneiram o que não sabemos  transpor. Sinto falta da correção na escrita do português amarrotado que sinto quando escrevo. Ah! Sinto tanto entre muitas coisas, e sempre tem um canto seu. Meu maior disfarce é o silêncio, eu colei isso de você. Parece hilário e adolescente, e é. Maneira mais tranquila e assistida que compreendi para te levar, me levar, nos levar enfim. Estou aprendendo a  viver isso, assim. Ou reviver assim, aquilo que depois de poucas malicias trocadas com vida, perdemos a melhor delas. Aquela que transferimos para responsabilidade  o que deveria ser, intransferível, apenas sentido, vivido. Dê o nome que quiser, souber ou acreditar ser. Pessoas são pessoas e seus encontros acontecem. Alguns encontros jamais são insignificantes; tanto quanto se perdem diante de ponteiros, calendários. Eles ficam, preenchem, até se acomodam, mas não morrem. Eu só queria dizer que há momentos que escrevo e reservo para ti. Independente do que pense, siga, queira, conteste, fuja ou deseje. São aqueles momentos que me prende na tua alma, talvez inconsciente me furte e, eu respondo assim. Refugiada. Refém. E tão, tão muito mais tua do que antes me tivesse tomado.

Certas sementes

Olhei meus defeitos. E como foi triste apanhar de mim. Eu vi as culpas que atribui a outros, e quantas vezes, disse sim. Talvez, se dissesse não fosse igualmente ruim. As respostas eram além do sim e do não. Faltava alcance para defini-las. Hoje vejo isso em ti também. E o que sinto sobre o que  vejo,  ainda é de certa forma angustiante, por que é o seu avesso que deve ser revirado. Apanhei de maneira tal, que rasgou-me o orgulho a navalhadas. Sangrei. Defeitos não tem cura, assim como qualidades não se plantam, mas, entre um e outro  há algo de muito especial, respeito. Ele não está  no que espera do outro, ele deve estar  antes, no nosso avesso.

Breguice

Hoje pela manhã enquanto tomava meu banho, ouvia do som da rua, os carros parados, em fila, aguardando o sinal verde lá de cima da avenida permitir que avançassem; mas devagar, porque  me parece que as quartas feiras, todas as pessoas transitam em seu automóveis. Mas, enquanto  tomava meu banho, uma música chegava como um sopro. Era a voz rouca do Tim Maia, na canção  " Você". Me fez imediatamente pensar na breguice classificada, partilhando um sorriso molhado, sem testemunhas. Lembrei de como é sentir paixão. Cantei baixinho junto ao som daquele carro. Como é maravilhoso quando a gente se desprende de protocolos e diretrizes, que alguém em algum tempo descreveu como deveríamos sentir e nos comportar sobre maneira. Chega a ser engraçado como os muitos ditos sobre a paixão e amor. Cada sentimento igual, contrário, que provoca sofrimento, extasie e assim misturado, ou  isolado. Por vezes, não vem; volta. Por vezes nos toma de assalto, durante o dia, ou a  noite. Distraídos no carro em transito, no banho...

dezembro 06, 2011

Letra de música

Te sinto na espreita. Tão tímido quanto eu. Ontem eu li , não ouvi, eu li mesmo, a letra de uma música, linda. Há uma frase nela que bastaria. É como aquela carta, aquele ponto mágico, aquele segredo. Ela  diz sobre  defesa e respeito. Fraturas no comportamento que jamais calcificam sem nunca terem se quebrado de fato. É lindo. E poético, para não ser triste, ou covarde, talvez. Gostaria imensamente de saber-te. Mas se num tu mesmo te sabes. E de novo a letra diz que talvez, se esperem sem saber. Pensei então que de quase tudo que já ouvi e li,  música, melodia e letra, são  quase infinitamente perfeitas, em momentos que procuramos que nos digam das  hipóteses que nos asfixia os dias, o porque disso tudo. Não sei, mas ainda assim, te sinto na espreita, sempre. Entre um silêncio, um instante, numa conversa na cama. Naquele compasso de dança, no giro do corpo  seguro pelas mãos, na calçada larga  a caminho de casa. 

dezembro 05, 2011

Insalubre

Procuro todos os dias. Encontro sempre. Está em mim, no espelho, no pensamento. Naquele momento. Está na melodia de qualquer som. Raspas de um solo de cordas. Está em tudo que me faz tentar esquecer. Há um prisma. Impregnado. Solto, desamarrado e por isso em todos os lugares. Se me distraio, acabo por me surpreender. Ainda atenta, olhos alertas, e num único escape o coração salta. Te encontrei. Te senti, respirei, vomitei, desmaiei, adormeci. Era assim, sempre assim. Todos os dias. O encontro. Macio no abraço, áspero no adeus. Insalubre.

dezembro 04, 2011

R.S.V.P

E se teus lábios sentirem os meus de perto, quase dentro? E se minha língua roçar na sua? Avançar em ti rasgando teu calor, marcando o caminho de chegar? E se meu olhar prender no teu, minhas mãos entrelaçar  nas tuas, presas, suadas? E se tua pele escorregar na minha, por trilhas, morros, fendas? E se teu sussurro traduzir meus gemidos? E se esse beijo acontecer?

dezembro 03, 2011

Façamos assim

O que não pode ser resolvido, terminou. Não se vive de resquícios.

Longe de mim

Inexplicável sensação. Cheio de vazio. De ar quente nos pulmões que refletem o gelado do momento. Não sei. Acontece uma difícil contradição, negação, pudor e tentação. Tenho saudade ao mesmo tempo que tenho esquecimento. Comparo teus traços aos de outros, e nunca chego ao melhor ou pior; só chego até você. Ainda  não descobri, aceitei , percebi. Repasso e passo por  mim entre eu e você. Desvio, esbarro. Há sempre um rastro. Porque?  Sinto uma tristeza enorme que  não sei se é minha ou sua, porque ela  só acontece quando meus pensamentos tem principio em ti. E se penso em ti é porque me tenho assim, longe. Prefiro o silêncio. Calada vou desfolhando.

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...