junho 30, 2009

Imensidão

Foi ontem, foi hoje, foi agora
Sensação de não memória
sensação de fantasia
Teu corpo e minha alma vazia
Queria que me arrastasse contigo
Imensidão

junho 29, 2009

Meu jeito



Esquecido
Entre o terceiro e quarto copo
Perdido
Entre a primeira e a penúltima vez
Sentido
entre a ausência e a frequência
Desregrado comportamento inócuo,que responde entre as lágrmas e o suor
do corpo, diante de voce, quando chega e põe fim a minha paz
Desafio meus dias, todos os dias, apenas pela sensação de prazer em me render ao meu algoz

junho 28, 2009

Minta

Não me dou na intenção de apenas marcar
Me dou na certeza de que nada substituirá
Nunca terá algo igual, maior, fugaz
Minta pra mim, minta pra nós
Convença somente a voce

junho 20, 2009

Submissa

Estava num canto entre a porta e a janela.
Agachada, encolhida, pernas abraçadas, cabeça entre as pernas e cabelos caidos na face.
As vezes, quando o suspiro vinha mais profundo, alguns fios dos cabelos se levantavam, com o ar que saia pela boca. A música que vinha pelo fone de ouvido, deixava meus pés marcarem o compasso. Já era final de tarde, aquele momento em que o sol desenha o contorno da cidade, forma paisagens, ali, eu refiz voce. Inteiro, sem perder nenhum detalhe. Ocupando todo o espaço. Eu refiz voce. Até pude sentir seu caminhar.
Vindo em minha direção, parou na minha frente. A sombra que seguia atrás de voce era imensa. Permaneci com a cabeça entre as pernas, só que agora, o corpo teimava em desobedecer a ordem de ficar imóvel. Sentia o sangue correr tão rápido nas veias, que estremeci. Sempre foi assim. Toda vez que estive com voce.
Um diacho de amor submisso.
Até mesmo quando apenas imagino.

junho 16, 2009

Indefesa

Eu corro em passos largos, corro o mais rápido que posso, sem olhar pra trás, sem retomar o fôlego.Minhas pernas quase se dobram na troca dos passos, ainda assim, eu continuo a correr sem parar. Mesmo sem saber onde vou chegar, sinto apenas a certeza que não quero que me alcance. Porque se me puxar pelos braços, e com um golpe voltar meu corpo de encontro ao seu , se minha boca chegar até a sua e meus olhos pararem nos seus...Desse instante em diante, mesmo que me ajoelhe querendo que desapareça, por certo estarei me entregando, esquecendo da própria defesa..

junho 15, 2009

Meia Luz

Gosto da meia luz. Das meias e espartilhos.
Gosto do cheiro da noite, da meia taça de vinho.
Do salto alto, da fumaça que sai da piteira
Gosto da curiosidade alheia.
O carmim na boca, as unhas que são garras
Pele clara, que contrasta com cabelos negros
Meu retrato, fotografia que desafia
Ousada, exibida, dada ao desfrute
Fantasia. Morada da imaginação de muitas noites vazias.
Jamais tocara em meu corpo.
Enquanto tuas mãos estiverem ocupadas, tirando o sono
de outra dama, desarrumando outra casa
Gosto da vida vadia, daquela que uma amante guarda.
Gosto da meia luz, não da luz apagada

Calendário

Vivo o tempo do lado inverso. Meu calendário é retrocesso.
Quero chegar novamente naquele dia em que te vi pela primeira vez.
Quero sentir outra vez a doçura e o encanto, iguais a perversidade e o amargo.
Passar algumas horas em voce, de forma tal, que minha sorte seja morrer ali

Vou repassar o passado, correr os dias ao contrário, e me livrar do que não pude esquecer. Teu sentidos ainda cercam minha presença.
Lembrança ingênua de te querer bem.


Não se preocupe querido, o tempo não é senhor nem escravo.
Os dias do teu calendário seguem e, distantes dos meus.
Talvez, apenas reste uma fotografia, guardada ou esquecida
Que fale sobre voce e eu...

junho 13, 2009

Conto Dos Amantes

Vendou meus olhos e foi devagar me levando.
Meu coração acelerado,descompassado,ansioso, segurava meus passos, mas mesmo assim deixei que me dirigisse.
Bem lá no fundo distante dos ouvidos, ouvia música. Mas de maneira que pudesse identificar que era a minha favorita, aquela que eu dizia à voce quando contava as histórias das minhas fantasias. Sentia o calor do lugar e logo percebi que eram velas acesas.
O aroma também se espalhava, deliciosamente, inebriante. Essa noite seria sua escrava. Não reagiria. Meus castigo era ceder aos seus desejos.Todos eles.
Meu corpo sentia quando você se aproximava, embora não me tocasse, apenas caminhasse ao meu redor, eu sabia estava nu. Segurou minha mão e sussurrou nos meus ouvidos...
...vem.
Meus lábios tremeram, e passei a língua sobre ele tentando um equilíbrio.
Os meus seios estavam , arrepiados, mostravam um perfil na sombra das luzes das velas. Então você me abraçou e eu quase desmaiei ali. Senti sua fome de me tomar.
Me pegou no colo, e deitou meu corpo molhado na cama, senti lençóis frios.
A música me instigava ainda mais. Eu estava deixando levar. Arrumou meus cabelos sobre o travesseiro, segurou meus braços, e então prendeu-me com lenços nas hastes da cabeceira de cama. Lambeu meu pescoço, meus seios. Murmurei teu nome...
A venda nos meus olhos, os pulsos serrados naquele lenço, a musica, você.. .afastei minhas pernas devagar,quando entendi que sobre mim havia invertidamente seu corpo.
Tua língua quente me levou ao delírio, enquanto minha boca guardava e molhava, parte de você, ritmadamente. A noite seguiu assim, mordaças, trancos, cavalgadas,extremos de prazer e fantasia.
Pela manhã dentro do quarto, apenas vestígios de uma aventura de dois amantes.

no box

Ergui os braços e espreguicei. Girei o pescoço no sentido horário e depois no anti-horário de olhos fechados, senti estalar. Pronto tudo nos devidos lugares.
Ainda sentada na beirada da cama, alcancei com os pés o chinelo.
Programei a cafeteira, e fui para o chuveiro. A água quente caia sobre mim. Lembrei daquele dia em que transamos no banho. Voce foi sorrateiro...sedutor...delicioso...
Fui tão vadia como qualquer uma poderia ser.
Perdi os sentidos.Todos eles. De um só golpe. Presa entre a parede e seu corpo.
A água corria e era como se o barulho da ducha, silenciasse nossos gemidos.
As putas gemem, e o gemido provoca... o corpo molhado desliza das mãos, tudo tem que ser forte, apertado. Senti falta de voce. A cafeteira apitou e o aroma de café se espalhou pela casa. Desliguei o chuveiro. O vapor colado no vidro do box, já resfriado pingava. Vesti o roupão, peguei uma xícara de café e, liguei pra voce...

um pedido

Fiz um pedido. Queria aprender a esquecer.
A não sentir todos os sentidos do amor.
Ensina-me, supliquei. Parece tão fácil decidir.
Em dias quentes me sinto melhor, eu transpiro e teu cheiro me cobre o olfato
Vejo as pessoas pelas ruas, sorriso largo, indefinido, expressão de prazer.
Ficam leves, despojadas, gesticulam com graça quando falam com alguém.
Em dias frios, não. Sinto um aperto enorme no peito. Os olhares são cabisbaixos, as mão guardadas nos bolso dos casacos, a boca serrada no rosto, o andar duro e apressado...
Me sinto só. Olho pela janela. No vidro embaçado abro um espaço com a luva de lã que aquece minha mão. Tudo parece literalmente congelado.
Eu não quero sentir assim todos os sentidos do amor.
Me ensina a esquecer.

seus passos

Seus passos se mantinham firmes e ritmados.
Um equilíbrio perfeito. Olhando de costas seguia confiante.
Elegante, desfilava um andar que não deixava dúvida alguma.
Sabia exatamente para onde se dirigia.
De costas, era essa a impressão que deixava.
Imaginei se ao dobrar a esquina, continuaria assim.
Não a segui. Só a vi de costas..

Verdade

Aqui onde ninguém alcança, a tua verdade inflama.
Ensaia sobre a fantasia em palavras de fé e malícia.
Viver a estréia da peça amor, que nos palcos é presa à desilusão.
Quantas são as verdades que partilham os momentos de um ato?
Se te entregas ao inferno da interpretação, não podes fugir das mentiras que te cercam.
Não te vistas com armadilhas em que os pensamentos te abraçam.
O veneno que a amargura planta no coração é adubo para a solidão.
Desprenda-te do medo. É preciso despir-se de ti.

Sensações

Uma das melhores sensações do mundo é de leveza.
Leveza da alma, do prazer, do sabor da conquista.
Sem pudor de parecer amante adolescente, exibo
um expresso sorriso nos lábios, sem nenhuma palavra.
Meu olhar que atravessa pelo ar e vai distante buscar.
Sinto o calor permanente, resultado de um forte sentimento.
Deixo que o vento sopre e minha pele reaja num arrepio completo.
Flexiono os ombros, inclino o pescoço e revivo aquele momento.
Tão meu que nem mesmo quando a luz brilha, os sons da cidade
invadem o dia, arranca o retrato da tua boca, da tua mão prendendo a minha, do teu olhar seguindo meu corpo. Amanheceu, os carros passavam, a luz se acendia, e o dia mostrava que era hora de partir.
Mas, a sensação de voce em mim, não acaba.

Na pele

E foi preciso ficar nua
Ver a pele arrepiar
transparecer ,emudecer
silenciar

Ter o mudo de encontro ao corpo
despir sentidos, olhar com sonho
sorrir do toque, do gosto, do encontro

E enquanto tudo está completamente
calado, eu caminho nua, em silencio selado

Impressões

Olhei as paredes brancas. Imaginei gravuras, texturas, cores. Desisti.
Tudo tão serenamente calmo. Fiquei procurando onde estaria o trincado. Toda parede tem uma rachadura. O pé direito duplo, acho lindo, mas não alcanço. Nossa como é difícil colocar um móbile, desviei meu pensamento. Lugar bonito esse. Me dei conta que só existiam mesmo, as paredes de alicerce.Todo o restante sem portas ou divisórias. Incrível! Amplo, arejado...vulnerável...explicito...
Por um instante senti frágil demais. Que bobagem a minha.
Acostumada com milhões de entradas e saídas, tudo trancado, resguardado dos olhos. Pronto, me decidi. É assim que eu quero.
Em pouco tempo lá estava eu. Ah ! Esqueci de falar das janelas! Verdadeiros Vitrais! Depois, fui me sentindo pequena dentro daquilo tudo. Pintei as paredes para esconder as rachaduras que antes não havia notado, dividi o espaço com os móveis, cobri com cortinas as janelas.
Fechei os olhos e me lembrei da casa velha. Aquela que eu tanto me queixava. Onde deixei meus sonhos de menina, por onde meus passos se perderam depois da porta de saída. Fui até ela. Aquela casa que achei que não mais servia, e que eu via feia, fria. Fiquei parada em frente, não pude mais entrar.
Só que desta vez, me parecia linda.

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...