dezembro 21, 2011

Outras Metades

O que me parte ao meio não são as metades que me divido, são as faces que me transforma enquanto se afasta, enquanto se desculpa. É o que me faz aceitar em  mim o que não quero de você, e tão pouco de nós. A ausência, desistência, por não saber viver o antes e o depois de acontecer. Acontece que aconteceu, não sobreviveu, mas nasceu. E, ainda que não exista nos teus  braços, boca, pele, permanece em aromas, lembranças, vontades. Se não só as minhas, quem sabe das tuas, e  as nossas. Guardadas, proibidas, acovardadas.

dezembro 19, 2011

Dia nosso de cada dia

Para saltar é preciso fechar os olhos. Para sentir a liberdade, é preciso abrir os braços e respirar. Para mover é  preciso ter fé. E para ir, é preciso ter onde chegar. Os dias são oportunidades, minutos de desejos, aceitação e negação. Vive-los  talvez seja o maior desafio de cada um. Saber o que fazer e o  porque faze-lo.Pessoas não só se descobrem quando se permitem significar além das vestes. Não há formulas, nem milagres. Dia nosso de cada dia, nos dai hoje, a vida para ser vivida inteira.

dezembro 16, 2011

Trégua

Pelo abandono das diferenças. Pela abstinência da dor, das mágoas. Pelo desprendimento do orgulho. Trégua  no sal da lágrima, nas palpitações do medo, no suor das mãos. Trégua para as falhas, os equívocos, os enganos. Não é uma proposta protocolada, é antes um desejo, um firmamento. Porque nada é tão duro que não se possa partir,  nem tão tenro que não se possa juntar.

dezembro 14, 2011

Alma & Perdão

Meu perdão está cansado, doente. Meu perdão está  enfraquecido.Não tenho mais ímpeto de sentir sua ação. Não tenho mais coragem de leva-lo adiante. Minha alma está  exausta. Ela chama a mim. Minha alma que não tem fim, minha alma que não afunda, está exausta. Meu perdão não está resistindo e se desabraça da minha alma, que sozinha lamenta esse triste trajeto. Minha alma carregou  meu perdão, iludiu meu coração. E hoje, pesada dos perdões que consentiu, está amarga. Minha alma merece perdão. Merece perdão do que carregou e o perdão que arrastei na alma , merece que ela se esvazie.

dezembro 07, 2011

Refguiada

Eu sinto falta do abraço. Sinto falta do calor, mal humor, incoerência, fraqueza. Sinto falta de tudo que não  tem em mais ninguém, além de ti. E da mistura que tudo igualmente meu, te reage. Cacos, estilhaços, embrulhados em mentiras que peneiram o que não sabemos  transpor. Sinto falta da correção na escrita do português amarrotado que sinto quando escrevo. Ah! Sinto tanto entre muitas coisas, e sempre tem um canto seu. Meu maior disfarce é o silêncio, eu colei isso de você. Parece hilário e adolescente, e é. Maneira mais tranquila e assistida que compreendi para te levar, me levar, nos levar enfim. Estou aprendendo a  viver isso, assim. Ou reviver assim, aquilo que depois de poucas malicias trocadas com vida, perdemos a melhor delas. Aquela que transferimos para responsabilidade  o que deveria ser, intransferível, apenas sentido, vivido. Dê o nome que quiser, souber ou acreditar ser. Pessoas são pessoas e seus encontros acontecem. Alguns encontros jamais são insignificantes; tanto quanto se perdem diante de ponteiros, calendários. Eles ficam, preenchem, até se acomodam, mas não morrem. Eu só queria dizer que há momentos que escrevo e reservo para ti. Independente do que pense, siga, queira, conteste, fuja ou deseje. São aqueles momentos que me prende na tua alma, talvez inconsciente me furte e, eu respondo assim. Refugiada. Refém. E tão, tão muito mais tua do que antes me tivesse tomado.

Certas sementes

Olhei meus defeitos. E como foi triste apanhar de mim. Eu vi as culpas que atribui a outros, e quantas vezes, disse sim. Talvez, se dissesse não fosse igualmente ruim. As respostas eram além do sim e do não. Faltava alcance para defini-las. Hoje vejo isso em ti também. E o que sinto sobre o que  vejo,  ainda é de certa forma angustiante, por que é o seu avesso que deve ser revirado. Apanhei de maneira tal, que rasgou-me o orgulho a navalhadas. Sangrei. Defeitos não tem cura, assim como qualidades não se plantam, mas, entre um e outro  há algo de muito especial, respeito. Ele não está  no que espera do outro, ele deve estar  antes, no nosso avesso.

Breguice

Hoje pela manhã enquanto tomava meu banho, ouvia do som da rua, os carros parados, em fila, aguardando o sinal verde lá de cima da avenida permitir que avançassem; mas devagar, porque  me parece que as quartas feiras, todas as pessoas transitam em seu automóveis. Mas, enquanto  tomava meu banho, uma música chegava como um sopro. Era a voz rouca do Tim Maia, na canção  " Você". Me fez imediatamente pensar na breguice classificada, partilhando um sorriso molhado, sem testemunhas. Lembrei de como é sentir paixão. Cantei baixinho junto ao som daquele carro. Como é maravilhoso quando a gente se desprende de protocolos e diretrizes, que alguém em algum tempo descreveu como deveríamos sentir e nos comportar sobre maneira. Chega a ser engraçado como os muitos ditos sobre a paixão e amor. Cada sentimento igual, contrário, que provoca sofrimento, extasie e assim misturado, ou  isolado. Por vezes, não vem; volta. Por vezes nos toma de assalto, durante o dia, ou a  noite. Distraídos no carro em transito, no banho...

dezembro 06, 2011

Letra de música

Te sinto na espreita. Tão tímido quanto eu. Ontem eu li , não ouvi, eu li mesmo, a letra de uma música, linda. Há uma frase nela que bastaria. É como aquela carta, aquele ponto mágico, aquele segredo. Ela  diz sobre  defesa e respeito. Fraturas no comportamento que jamais calcificam sem nunca terem se quebrado de fato. É lindo. E poético, para não ser triste, ou covarde, talvez. Gostaria imensamente de saber-te. Mas se num tu mesmo te sabes. E de novo a letra diz que talvez, se esperem sem saber. Pensei então que de quase tudo que já ouvi e li,  música, melodia e letra, são  quase infinitamente perfeitas, em momentos que procuramos que nos digam das  hipóteses que nos asfixia os dias, o porque disso tudo. Não sei, mas ainda assim, te sinto na espreita, sempre. Entre um silêncio, um instante, numa conversa na cama. Naquele compasso de dança, no giro do corpo  seguro pelas mãos, na calçada larga  a caminho de casa. 

dezembro 05, 2011

Insalubre

Procuro todos os dias. Encontro sempre. Está em mim, no espelho, no pensamento. Naquele momento. Está na melodia de qualquer som. Raspas de um solo de cordas. Está em tudo que me faz tentar esquecer. Há um prisma. Impregnado. Solto, desamarrado e por isso em todos os lugares. Se me distraio, acabo por me surpreender. Ainda atenta, olhos alertas, e num único escape o coração salta. Te encontrei. Te senti, respirei, vomitei, desmaiei, adormeci. Era assim, sempre assim. Todos os dias. O encontro. Macio no abraço, áspero no adeus. Insalubre.

dezembro 04, 2011

R.S.V.P

E se teus lábios sentirem os meus de perto, quase dentro? E se minha língua roçar na sua? Avançar em ti rasgando teu calor, marcando o caminho de chegar? E se meu olhar prender no teu, minhas mãos entrelaçar  nas tuas, presas, suadas? E se tua pele escorregar na minha, por trilhas, morros, fendas? E se teu sussurro traduzir meus gemidos? E se esse beijo acontecer?

dezembro 03, 2011

Façamos assim

O que não pode ser resolvido, terminou. Não se vive de resquícios.

Longe de mim

Inexplicável sensação. Cheio de vazio. De ar quente nos pulmões que refletem o gelado do momento. Não sei. Acontece uma difícil contradição, negação, pudor e tentação. Tenho saudade ao mesmo tempo que tenho esquecimento. Comparo teus traços aos de outros, e nunca chego ao melhor ou pior; só chego até você. Ainda  não descobri, aceitei , percebi. Repasso e passo por  mim entre eu e você. Desvio, esbarro. Há sempre um rastro. Porque?  Sinto uma tristeza enorme que  não sei se é minha ou sua, porque ela  só acontece quando meus pensamentos tem principio em ti. E se penso em ti é porque me tenho assim, longe. Prefiro o silêncio. Calada vou desfolhando.

outubro 31, 2011

trechos fatiados II

...porque tenho a carne pecadora, embora a alma que padece desta culpa, ainda se mostre mais pura do que muita carne santa. Pecados são pecados, censurados, omissos, cada um, um. Com seu sonho, peso seu castigo. Eu vivo como minha voz determina, minha carne sacia, meus olhos enxergam, meu peito deseja, meu sorriso descobre, minha lágrima escorre e como qualquer outro mortal; querendo transformar alguns momentos em vidas imortais, para absolver e pecar...

outubro 24, 2011

trechos fatiados

Aguda e estreita. Observava e aguardava, pacientemente a sua vez. Antes, quando  ansiosa, afoita não via detalhes, não sentia olhares, fazia  o que imagina ser, vivia o que imaginava ter. Hoje, assistindo as estações, passa pelo tempo imune,mas cada dia mais sabedora de suas dores, amores e ações.

outubro 17, 2011

Minha Agonia

Tenho agonia de saber e reconhecer algo que já me convenceu. Tenho agonia de sendo assim, assistir no conjunto a ligeiros encantamentos, que serão futuramente tão fúteis e vazios.Tenho agonia de calar, porque não me diz respeito, embora na mesma aliança, se passa longe do que de fato é meu sentir.Tenho agonia de ter apenas que assistir a mesma trilha, variando as tradução.


outubro 16, 2011

outros trechos


As vezes, mas só as vezes, vem uma imensa vontade de não mais precisar lembrar das coisas que me maltrataram os sentimentos e, deixar que o toque suave daquela sensação, ainda que momentaneamente, do teu abraço aconteça um passo adiante do meu pensamento...

Era quase noite, meus olhos fixavam os seus, e o adeus. Era um momento ímpar, despedida dos tantos pares que fomos, e tivemos. Depois disso, tantos minutos, instantes se seguiram. E ainda hoje, que me parece tão distante de ontem, aperta-me o peito a velha sensação de voce. Sensação de voce em dias, que eram meus, tardes, noites, impares, pares as vezes, mas só as vezes, aos domingos, sem despedidas.

outubro 09, 2011

Sensações

Estava  reparando agora . Eu  nem me lembro direito dos traços do seu rosto, mas entendo perfeitamente sensação que seu corpo deixou no meu. Eu nem preciso lembrar exatamente do seu  rosto, porque sua feição e expressão está  nos meus  sentidos,em todos  instantes.

outubro 03, 2011

Perpendicular

Ela é perpendicular em sentimentos. Seus sentidos é que se misturam, contornam, embolam. A geometria se da conta de tantas maneiras, num convite restrito ao que insinua, nua , para quem desafia-la, a ter com ela. Entretanto, nada se aplica a vaga ideia matemática. O que mais se admira na vida dela é a equação de cada ideia...Vive-la é muito mais que interpreta-la...

setembro 26, 2011

Descontinuando....

Era um trato. Eu fazia comigo e mantinha com voce. Não  exagerava, nem mesmo quando voce não me entendia, ainda que pudesse parecer o contrário. Minhas dúvidas eram tão inocentes, quanto a fragilidade da incompreensão de uma criança quando algo lhe é negado sem razão pertinente. Porque não!? Queria  manter o trato. Mas não pude. Primeiro descontinuei de mim e, depois de você. Voltei atrás várias vezes. Inverti, murchei. Preenchi  as noites, a espera dos dias. E quanto mais tentava manter, mais voce ruía  a minha frente. O pior de tudo é que eu me sentia desmoronando também. Até que  enfim, se acabou. Acredita se disser que ainda me pego triste por pensar em ti? Acredita que ainda tenho raiva por destratar um trato? Acredita que  não voltarei atrás novamente? Acredite. Acredite também que por mais que temporariamente me dôa o destrato, me faz sentir bem nessa infame situação não ter que tratar mais nada com voce.

setembro 25, 2011

Desnutrir

Tenho a sensação de que agora é tarde. Que  apesar de  ainda perceber resquícios de  aceitação, é tarde.Tenho  a sensação de que passou e, seu rastro é  quase nulo. Quase. Sim, ainda existem marcas. Aqueles hematomas. Aquela  anorexia de corpos. A sensação não mata sentidos. Amordaça. Desnutre, por fim. Processo longo , inevitável, com efeitos colaterais diversos. Do pecado ao perdão e com ele, o esquecimento...

As taças

Era a taça de vinho... aquela de coloração vermelho denso, escuro, encorpado. Era aquele pensamento no meio do vão. Vão das horas, vão das palavras,vão do silêncio. Era aquela taça de vinho encostada nas costas, da poesia pura , da liberdade de querer, embora sem poder ter. Poder, podia, até.Não tinha o vinho na taça, Era a taça vazia. Ah...Era o vazio da taça no vão . na distancia dos lábios que queriam se encontrar. Era a taça no vão do vazio do vermelho denso da boca distante e o tempo corroendo , passando, crescendo... e as taças se esvaziando, até mesmo do incolor e do vermelho.

setembro 12, 2011

Minhas cores

As vezes  parece que atravessa  na carne, atinge a alma e sangra. Um descontentamento, uma mágoa, uma mágica, de se fazer tão sempre e aqui, quando nunca está. As vezes uma lágrima pesa nos olhos, mas não transborda na face. Alaga por dentro. Invade. Meu olhar tem horizonte. Meu querer tem temperatura. As mãos se entrelaçam num gesto de oração, e o que pedem é que chegue. Que me faça sentir. Minha boca sussurra em dialeto, coisas de nós dois. E  meus passos pelo vazio no tempo, são a trajetória de algumas lembranças. Amanhã, tudo será igual. Mas, com um toque especial. Será outro dia. E  até que você não venha novamente, vou ter esperanças. Nos dias impares eu  visto branco. Nos dias pares, visto vermelho. E assim alternando, vou passando a ausência, permitindo abstinência, concordando com a palidez até achando comum e lindo essa translucida placidez.

setembro 10, 2011

Reticências

De tudo que pode ser chamado de cafona, existe algo de singular. Algo que os  inseguros não revelam o nome, mas sentem por dentro o sentido piegas do que evitam dizer. De tudo que esta omisso nas palavras e explicito nos olhares, gestos e até  nas ausências premeditas, tentativa de fuga em vão. Eu ouso viver, ainda que unicamente, vencida a falta de ar,  o suor,  a fragilidade e o medo. Viver assim, degustar prazer, sentir prazer e sentir do arrepio, o calor do abaraço. Esse deleite de conhecer, provar, saber, tão cafona quanto o beijo apaixonado  para os que nunca beijaram, é  como singularmente me deixo ser. Seja quando  você invade  meu pensamento, ou quando desarmada, te recebo como é. 

setembro 02, 2011

Celas

Nossos extremos. Nossos opostos, invertidos nas ocasiões menções, frações, sabe-se lá porque assim. 
Nossos momentos lentos, arrastados pelo sim no tempo, correndo do não, sofrendo.
Querendo e no entanto, morrendo, dia a dia. 
Pela nossa covardia de ousadia, pela nossa proposta vazia de deixar ir.
De deixar que digam, de deixar que nos vivam em celas menores. 
Celas virgens, escuras.

Sequência de pensamentos


Tomada pelo olhar que sugeria um afago, guiada pelo beijo na boca, e da língua que dizia calada toda uma história. Inflama a saudade do teu cheiro na minha pele, no meu pensamento e num arrepio de você, eu chamo teu nome. Mas você está surdo. Ou talvez, apenas distante de si.

Me parece tão distante as vezes, que mesmo se olhando no espelho, o próprio reflexo não se reconhece. Sai pelo mundo tateando algo que também desconhece, e então, num instante qualquer é capaz de agarrar o que sempre existiu, como se fosse a primeira vez. Mas, enquanto a palma de sua mão não tocar com firmeza toda a superfície, sem medo, terá a incerteza entre os dedos.


Véus que insinuam a presença. Queria dizer aos seus ouvidos, e tocar seu centro. Queria tocar sua boca e falar aos seus sentidos. Queria que suportasse. Mas, se depois de tudo, ainda não souber dizer, eu manterei a tua força como se minhas águas jamais tivessem lambido sua carne.

Entre o silêncio

Naquela noite, entre um silêncio e outro,diante da fuga de olhares que corriam pelos contornos, numa vontade enorme de recolher a melhor imagem despida do sorriso quase ingenuo de quem promete não deixar esquecer, foi que em segredo esqueci de de me proteger das verdades das palavras que sempre calçam os pés...





agosto 22, 2011

Da sua janela

Voce é um misto de alguém que já tive, com alguém que  imaginei. Um misto de presença e ausência,  realidade e fantasia. É  um aconchego  no peito, uma  lagrima  no olhar. Um disfarce tão perfeito, que me veste inteira, direitinho.Nas linhas dos teus traços, vejo sua trilha. Vejo suas pedras, suas flores. E sabe, o que mais me intriga? Elas se multiplicam, juntas.Não consigo te definir em mim. Não consigo te estender. Algo pálido e desejado, desbotado de sentidos, embora fraco, lindo. Acumulado. Um poço. Se invertesse, seria um farol. Da sua janela, o que será que vê, além dessa imensidão?

agosto 20, 2011

Memórias

Ainda me lembro da maneira como aqueles lábios tocaram os meus, do calor, cor , textura. Lembro da língua  vasculhando a minha boca, cercando a minha língua, molhada, atordoada. Lembro de ficar  arrepiada quando  ele estava mais próximo. Lembro de me sentir completamente nua, embora vestida, diante dos olhos dele, engolidores. Lembro do  humor, do mal humor, das  graças sem graças, mas,  que eram tão minhas. Lembro das  mãos  grandes, descobrindo, percorrendo, regando em mim suor, vontade, entrega. Lembro dos músculos em movimento, lembro da  expressão calada. Lembro do nosso silêncio.. tão  imenso.. tão mudo..e  hoje, distante. Lembro, quando toca aquela  música, até mesmo aquela que jamais ouvimos juntos e que ainda assim, é tão  peculiarmente sinônimo de momentos que foram nossos. Tem memórias que  nunca nos pertenceram de fato. Me lembro de ver chegando e partindo. Lembro de mim  olhando e sorrindo. Minhas memórias....

julho 31, 2011

Eu vou ali...

Eu vou ali me buscar. Eu vou  ali, pra ter comigo um dedo de prosa. Vou ali naquele cantinho meu, nosso talvez, para ter  um abraço. Eu vou  ali, para me encontrar dentro de uma palavra, de um olhar. Mas,  vou ficar  quieta. Eu vou ali, porque de lá eu vejo tudo. De lá eu sinto quase tudo, e posso ainda me  mexer. Eu vou ali, porque ali é lá para mim, é aqui pra você, e é enfim, qualquer onde eu quiser estar. Eu vou ali, porque ali eu sei de mim. Eu  vou ali, pra me buscar. Se quiser me encontrar,  é só ir ali.

julho 30, 2011

Metades maduras

Mais difícil de tudo, é lidar com nosso egoísmo. Mas não aquele que se expõe  as falas alheias, e delas   manifestam reações. O difícil é lidar com nosso  egoísmo interno. Aquele ocultado, encoberto de nós mesmos. Aquele que põe a culpa no outro e no centro  do mundo. Aquele egoísmo, que nos acovarda das atitudes, que nos sabota das alegrias e ainda assim, alimentamos no âmago. Alguém importante já me dizia, que  há uma enorme diferença entre entender e compreender. A felicidade não tem sinônimo. É ímpar, como a alegria. Da mesma maneira  a angustia e o sofrimento, o que  aliás, dias atrás, li que sofrer é um sentimento egoísta. Eu ainda  prefiro ratificar minha ânsia de viver. Sem culpa, com a razão e conhecimento dela. O fingimento não é meu forte. Ouso, arrisco e vivo. Essa é a melhor parte. As outras são ainda crianças em mim, se descobrindo mulher.

julho 29, 2011

Asfalto

Sem marcas visíveis, contínuo, extenso, monocromático.
Seco, é quente. Molhado, escorregadio.
Permite que trafegue nele, quase tudo.
Te leva, me leva, e algumas vezes nos leva  aos desencontros.
Permite paralelos, transversais, bifurcações.
Desvia, guia.
Sem ele, é só caminho.
Com ele é também destino.
Se pisa nele até mesmo descalço
De salto, sapato, butina
Sem marcas visíveis, assim
Mas  com o tempo, o peso das passagens desgasta
fragiliza, prejudica, e então quebra, danifica
Constrói-se outro, por cima ...
e por cima ... e por cima...

julho 25, 2011

Maybe

E um dia te descobri insensível. Que dor meu deu. Pensei, que triste isso. Quantas flores sem cor nascem pra voce. Que sinônimo para a vida se enquadra nos teus dias? Como será que deve ser passar horas esperando que elas passem apenas? Saber dos movimentos dos músculos faciais quando sorri, e desconhecer profundamente seu significado? Cumprir etapas e delas não realizar nenhuma. Produzir  algo que se assemelha  a sentir paixão, tesão, e reconhecer somente a configuração delas. Eu te vi tão vazio. Tão cênico. Fiquei  distraída pensando nisso e por onde exatamente eu passei. Não sei. Jamais saberei. Já havia notado essa ausência tua, mas por razão que também desconheço, não tomei verdadeiramente para mim. Acho que era pelo fato de não te saber ao certo.Não tem a ver com a destemperança  nossa. Essa exclusividade não te pertence. Quando dizia sobre submissão, era  a minha própria. Da escolha de ser assim, não da influência sobre ela.  E assim  esta sendo.Não estamos certos nem errados. Talvez seja este ponto de resistência, ou contraponto da entrega. Maybe...

julho 23, 2011

Tangerina & Limão

Gomos, sucos, peles, cascas.
Misturas, aromas, sabores.
Amores, ácidos, dores, ardência.
Amarras palavras azedas, oleosas línguas, sobremesas, momentos.
Doces, quentes, melados.
Escorrem, enjoam, embora aqueçam, são ignorados.
Dietas de atenção, calorias de afeto.
Gastronomia de sentir.
Corpo em forma, espírito  desidratado.
Paladar sem fome.
Subsistência
Apodrecendo
Sentimentos
Frutas, frutos
Sementes mortas
Solo em erosão
Resta só
Pó e chão
Vazio, solidão
Tangerina & Limão

julho 20, 2011

Todos os dias

Eu sou de mim o oposto e o reflexo. Quero  mais e menos e ao mesmo tempo, tudo. Não admito ausências, e posso suportar muitas distancias. Sou o avesso do lado direito.O inverso, e o recíproco.Vivo uma paixão ardente, pura luxúria em capítulos.Gosto de sentir  as palavras em gestos,os olhares em aromas,e a temperatura. Imagino em desafiar o medo, e dele me defender, desatando seus meios termos. Eu choro algumas vezes. Em outras sorrio. Os motivos as vezes também  são os mesmos, só que desordenados. Agora, neste momento, eu quero algo importante.Se ficar para depois não perderá a importância, só estará  igual a outras vontades comuns. O que diferencia é a resposta, e como ela  que me chega. O aceno. A lisura. Ainda que não mostre validade, seu tempo, não tem problema. O que eu quero acaba todo dia, e depois nasce outra vez. Todos os dias... 

julho 18, 2011

Romanticidade selada

Quero guardar algumas palavras para o depois. Porque quero somar aos gestos, multiplicar nos pensamentos. Quero sentir o provocativo gosto de voce. Quero olhar teu jeito, esperando por mais. Penso até que sentimos a mesma atração. As vezes não nos encontramos  no tempo. É que há dias que não se precisa jogar. É completamente desnecessária a vaidade. Há dias de se buscar apenas a tez. E tudo que acompanha a magia é exclusividade roubada do prazer. Só isso. Porém,quando se envolve, não se compromete, apenas se envolve com romanticidade selada, ficam sobrando desejos. Será que é possível  se render a luxúria sem culpa? A Insaciável volúpia, ardente, carrasca dos segredos que o prazer  detém. Insinuante é a forma que nos entregamos e resistimos, ainda antes, ainda depois, ainda agora.

julho 16, 2011

Nas verdades

Vaidades constritas
Enganos multiplicados
Retorno de acusações
Desejos indecentes
Amuleto de palavras
Dor de saber
Espera sem cansaço
Saudades

julho 15, 2011

Praticando voce

Vou praticar voce.  Te apresentar em mim. Apenas e superficialmente. Nada de ir além, do que  hoje sei, voce é capaz de suportar. Embora já tivesse desejado muito mais, apresento somente o pouco que consegue se mostrar. Limitadamente querendo ser grande, vive da angustia de isolar o gozo do prazer. O toque do corpo. A mente dos pensamentos. Ainda que seja assim, pobre a razão pela qual se estreita tanto, vou  te apresentar em mim, vou  praticar  voce. Pode ser, que de alguma  maneira, em mim, voce entregue a voce, alguns momentos que irão pertencer mais tarde.

julho 14, 2011

Um conto instigante




Vem,  na malicia de tocar,sentir.
Então deixa ir junto com a imaginação,as mãos,a boca, o corpo em si.
Tocar no  arrepio para acalmar o medo, confortar a ansiedade.
Respirar e pulsar.
Silenciar enquanto os olhos observam o contraste da sobre-pele de renda cereja, com a pele alva. Devagar, caber no tecido do lençol, já pouco desalinhado.
Pouco mais que uma aventura, pouco menos que uma história. 
Um conto, instigante.

julho 13, 2011

Vez por outra

Certa vez.

Uma vez.


Aquela vez.


Distribuída em seus fragmentos, muitas vezes depois. 


Feito pixe.


Feito mosaico


Feito um pedaço de seda fina, rasgada.


Memória puída. 


E como é linda


Desvenda -te


Envolva-me

julho 12, 2011

Fusão ou não

Quando viver se torna dificil, fatigante, desanimador.
Quando se substitui  as vontades pelo que está a mão.
Quando se troca  algo que  estimula as atitudes, por ações comuns.
Quando diz à vida "venha", mas, não me traga desafios.
Quando teme a chuva, porque ela vai regar os dias.
Quando se limita pelos outros.
Quando se enxerga apenas no espelho.
Quando diz palavras destacadas em trechos de livros.
Quando  precisa de bussola constantemente.

Me magôo rápido e enfureço também . Em contra partida, amo intensamente cada  momento, com a  alegria de quem quer viver. Não arbitráriamente, nem escandalosamente, mas, como quem quer sentir o sangue correr nas veias. Viver para criar a minha história. Deliberadamente com meus erros e acertos. Bem imperfeita e ainda assim, tão perfeitamente minha. De mais ninguém. Não construo sonhos que não me pertencem. Ergo meus sonhos  e talvez, eles  possam encontrar com os seus. Fusão, ou não. 

julho 07, 2011

Inadivertida

Eu quero os momentos impuros.
Os teus gestos, teus restos, teus magros lábios. 
Eu quero te roubar o sangue, transpirar a língua na pele salgada. Quero me lambuzar dos teus sentidos.
Quero te fantasiar de meu, me encenar tua, te pertencer na cama,vadia e muda. E depois de sentir o cheiro de quem já se castigou, lavar o rosto e sair do quarto, de você, de mim.

julho 05, 2011

Minhas desculpas

Desculpo sempre que desejar ser desculpado. Desculpo até mesmo quando não tiver culpa nenhuma. Desculpo em circunstâncias onde seria quase impossível. Não tem razão aparente para que eu faça isso, não me refiro as suas falhas comigo, me refiro as minhas próprias desculpas. As que me fazem sempre recomeçar em voce, começando em mim.

Ainda ontem

Ainda ontem chamei teu nome. Ainda ontem me entreguei no teu corpo. Me soltei no teu beijo e me deixei levar nos teus braços. Ainda ontem. Era um segredo, um conto. Ainda ontem eu vi teu olhar menino, satisfeito, exibido. Era um termo, um episódio a mais. Hoje um menino maior, embora ainda menino. Refletido em suas perguntas, buscas. Esbarrando nos espinhos das rosas que encontra no caminho. Ainda ontem estive igualmente outra. Estive igualmente solta, a toa, na tua, e propositalmente sua. Ainda ontem sabia teu nome, teu jeito, teu medo. E hoje, acredite, ainda sei.

julho 04, 2011

Linho para dois

Desamarrotar. Tirar as rugas, as dobraduras, as vezes, amargos vincos. Não permitir que  outro estado se manifeste que  seja contrário ao desejo de ir encontrar. Soltar e perder as amarras, nada precisa ser preso para viver mais. É tão curto o tempo que se tem para  ter. Não blefe neste jogo. Ele é perigoso. O tempo atravessa com rapidez, ontem já é tarde. Trago o ciúme da lágrima que não veio, bebo das palavras que sucumbiram, e ainda, sinto a força  para trazer a mim aquele silêncio em despedida. Quanto tempo faz? Eu guardo apenas o linho desse fundo de imagem. Amarrotado. Amarelado puído. As vezes te sei  entre meus pensamentos, como se o desejo sobrepusesse a razão, e assim, com as  mãos alcançar o que  já foi, e que  ainda quer estar. Não. Nada definitivo. Pois certezas, temos as nossas. As que dissemos, as que entregamos, até as que nos negamos. Engano? Também não, todo tecido amassa...

julho 03, 2011

Alinhar-me - NP

Eu sinto falta de você. Do seu olhar aquecendo o meu. Penso em ti nas noites em que o silêncio  ensurdece o vazio de não ter. Não seria a ausência a dor maior, ela se agrava na falta de saber. Quando tento encontrar uma direção, a mão oposta a recordação, querendo extrair, cicatrizar, ela  se esvai. Descreveria a ansiedade na angustia de um bolero. Essa mesma semântica, essa mesma  manha, essa mesma façanha de fingir que não é, que não sente, que não vê. Vou me alinhar à você. Vou me despir, pedir, sorrir e me deixar  levar. Em tempo, os minutos são meus pares, os pensamentos meus ares, e a saudade ainda é a falta de voce.

julho 02, 2011

Um dia frio

Os pés gelados. Se encostam em outros pés, gesto de carinho. Encaixar os corpos. Quase uma transfusão. Uma corrente de calor repartida num abraço perfeito. A palma da mão dele impede que o coração dela rasgue a carne, salte dos seios. Ao alcance dos ouvidos a respiração dele, intercalada com as palavras doces, dizendo sobre ideias para pouco mais adiante. Olhos fechados e rosto afundado entre os cabelos que cheiram a flor. Os pés se aquecem debaixo do cobertor. O abraço se aperta, a palma da mão trilha, os ouvidos ensurdecem, os olhos se encontram no olhar e o aroma de flor dos cabelos dela, se espalha. Para ecoar.Composição de som, imagem. Um dia frio.

junho 29, 2011

Estado de inércia

Que absoluta inquietação paira sob os pensamentos? Corro para me esconder de mim e só consigo desviar, no entanto. Essas garras que me prendem em movimentos arranham as  paredes por onde escorrego meu corpo, até que chegue ao chão. E, no solo, caído, sem força e ofegante, espera, somente espera. Não sei se ao passar por mim , me verás como morta ou machucada. Mas ao olhar para ti, entenderei  de única vez, sem que digas uma única palavra através do teu olhar, teu pensamento. 

junho 27, 2011

Imagem, intensidade, tesão

Saliente e solto. De lábios carmim na pele rosada, língua molhada, enfim. Tesão que roça e enrosca, braços, mãos que invadem coxas, que lambuzam bocas, que engolem beijos. Arrepio que rouba da memória os sentidos, tesão vertical. Pulsante, latente, quente. Carícias que provocam sussurros, movimentos que alinham corpo, corpo que entrega a carne, malícia sem limite, gula, fetiche. Imagem. Intensidade. Tesão. Tradução. Segredo, sem confissão.

Exausta

Certa vez me perguntou,  por quê? Havia  uma série de respostas que caberiam ali. Mas o entendimento e a satisfação das  respostas está naquilo que a gente pretende saber e se beneficiar delas. Mesmo que seja só por um momento. A resposta não pode ser pensada, ensaida e justificada. Tem que ser espotanêa. Essa é a verdadeira. Sem gaguejar, suspirar. É a fala curta sem adereços, é o olhar encontrado no começo, é palpitação, a saliva. O resto é teatro da vida. Mas as respostas pedem, precisam de sequências. E então, acontece se esbarando nelas as mentiras, os medos, as dúvidas  e as inúteis precauções. Mas por quê, eu também quis saber. Um silêncio tão grande toma conta do nosso olhar, e naquela fração de segundos uma eternidade vivida, querida, imaginada, vem desse olhar que  vasculha por dentro de cada um , querendo saltar  dali e simplesmente deixar explodir e por fim, responder. Mas  não. Houve um apenas gesto. Um abraço forte, quente, demorado, como um pedido de deculpas, como um desejo  mutilado, como um dia cinzento chuvoso de pensamentos longos, que acalentam no peito, segredos gelados. A respostas mudas, daquele  abraço  insinuavam  porque não fomos capazes de nos dizer. Porque inibimos todas as sensações e depois, sem perdão da ausência, seguimos numa tormenta de não saber o porque deixamos tudo passar.E assim, tornamos  a repetir e repetir os mesmos enganos, as mesmas falhas, as mesmas  perguntas, sempre. Por quê?

junho 25, 2011

Juro

Juro não  trazer mais no olhar seu nome. Juro dispensar sua presença, ausência, existência. Juro que deixarei diluir toda e qualquer imagem, palavra, gesto seu em minha vida. Juro. Juro que impedirei que oportunidade se torne real. Juro que ficará apenas como o pouco que houve.Que assistirei a distância seu embaraço camuflado. Juro que tentei de todas as maneiras dizer o quando, quanto e o porque. Coisas que nem de longe quis compartilhar, e talvez, nem consigo mesmo. O mundo fica mais simples de olhos fechados. De todos os erros o mais dolorido é sem dúvida o arrependimento. Não. Não é o meu. Mas quem sabe, não é o que vai sentir.

O agora

Já não sei quantas foram as vezes que sucumbi minhas vontades. Já não lembro, ou não quero lembrar de tantas podas, acreditando que isso faria crescer mais forte. Forte de que? De algo que não tive coragem? Forte pelo laço de fingir, ludibriar meus olhos e apenas ver simplesmente reflexos de existir? Quanta vezes senti o que não tive, transformei o que não toquei. E chegada aqui, hoje, trago as mãos  vazias. Esses dias eu te vi. E tive uma vontade de correr na tua direção. Então me lembrei da minha desimportância para voce. Ou da ideia que voce queria que parecesse ser. Seria uma troca de desprezo defensivo? Não sei. De vez em quando sinto falta, saudade, vontade ardida de querer teu  jeito. As vezes sei que se misturam, embaralham, e se tornam cegas certas palavras. Já estou acostumada a te saber assim. Aliás, acostumada a não te saber de jeito algum. Voce é uma sensação, calor, delirio, orgasmo, sedução. Tudo que não se alcança, tudo que não se desfaz, separa ou isola e, como  não pode ser completo, acontece aos pedaços, num espaço, vão. Não vou mais sucumbir. Não vou mais cerciar. E quanto a voce, bem, que seja assim, parte de um presente. Apenas isso, instante de um piscar. Que ora existe, ora finge estar.

junho 23, 2011

Ressaca de ausência

Não deixar ir, mantendo afastada assim, a vez de querer voltar. Seguindo os passos com olhar guloso, engasgado com o ar insuficiente para respirar, se aproximar. Proibir. Justificar qualquer palavra com a ação nula de simplesmente sub existir. Desconhecer. Seguir acreditando que as fragrâncias são  iguais em toda pele, em toda parte. Adoecer e mesmo assim, deixar desistir. E, todos os dias se olha, se promete, e continua a se desidratar de suas entregas. Ressaca de ausência...

junho 21, 2011

Solidão, que nada

Que imensidão tem um corpo? Quanto será que cabe dentro dele que não aperte a alma? Que não sufoque o ar, que não coiba a vontade? Que imensidão tem as palavras, aquelas que não são ditas e que perdidas, vivem a se debater entre os pensamentos? Que solidão é essa que nunca enxerga a porta entreaberta? Porque regar a semente oca, para enraizar e se espalhar no solo dos dias? E para que mesmo tanta busca, para chegar a nada? Se não se sabe o que deseja e tudo parece ser tão maior do que a mais vasta imensidão do corpo e alma, de nada adianta buscar. Fazer anagramas é ficar sempre com as mesmas opções. Opções são as restrições de quem se esconde das oportunidades. A plenitude está sempre adiante. Ninguém, absolutamente ninguém sente solidão, se por um momento permitir que outro sorriso lhe impregne os olhos, os lábios e a alma. A solidão não  tem força para seguir, sem que tenha anuência de quem a julga forte.

junho 17, 2011

Enquanto e depois

Entre os ossos e a carne. Espirito, alma. Com os pés sobre os teus, para que me leve nessa  música até e por onde quiser, qualquer caminho. Quero perder, transformar. Quero ouvir teu  peito batendo forte, sem  evidenciar. Quero o beijo. Não qualquer um, o seu. O meu. Quero muda, dizer com língua ao encontrar a sua. Quero vive-lo dentro, fora, através. Não quero palavras, apenas gestos. O transpirar as mãos. Quero sugar de você os pensamentos, roubar os momentos e deles, nos provar, completo paladar. Arrepio de desejo, abraço , calor. Quero que me conduza pela música, que nos permita dançar. Estou apesar de sobre, completamente sob seus pés. A tua boca tem gosto. Teu cheiro, teu toque. A música é essa. Os corpos, são os nossos. O rangido  da vitrola ao final da música faz todo sentido. E o tempo...ah, o tempo. Ele se mistura no silêncio que nos parece eterno, enquanto e depois de tudo.

junho 14, 2011

Rio de água doce

Era só pra provocar. Insinuar, atrever. Mexer e remexer. Era para escavar o miserável  vão e a distante posse. O domínio. Ainda em solo fértil poder replantar e colher. A semente? A aquela que desejarmos que cresça. Aquela que vai nos alimentar, transformar e reproduzir. Em todos os sentidos, desde o mais casto até o mais promiscuo. Da luxúria ao subserviente. Mas que em todos os sentidos faça existir. Há entre as margens, um rio. Rio  que reflete. Rio que convida, que abraça, porque é seu nado é o que o movimenta. Rio de águas claras, temperatura branda. Rio de água doce. Doce  como o  beijo, o olhar. Era só pra provocar a mim também. Sem saber onde chegar, mas de alguma maneira atravessando rios, desejando plantar, e quem sabe, atrever a viver em todos os sentidos, viver. Quando você me tem, é sempre assim.

junho 13, 2011

Eu quero assim. Vermelho. Quente. De maneira que insinue e transcenda. Eu quero assim. Vermelho. A carne, o lábio, o calor. Quero assim porque sou assim. Não quero menos, e isso não é impossível. Porque o impossível dura o tempo exato até ser realizado.


junho 12, 2011

Esparadrapo

Uma infinita vida cheia de esparadrapos. Porosos, consistentes, as vezes coloridos, na intenção de poupar um pouco a incomoda expressão do triste. Dias destoados dos desejos, sufocados. Gritos arranhando a garganta, mas por dentro ninguém vê. Ao  contrário, imaginam sempre que na voz contida, há maior compatibilidade de agir e dizer. Ledo engano. Há uma série de remendos. E os dias passsam em branco, não emocionam, não enraivecem, não  existem, passam. Quanta coisa quente evapora quando se pisa  no gelo. Quanta ausência. Quanta saudade eu sinto de sentir o sorriso colado no meu rosto e junto dele, o sangue  correndo quente, pulsando, pedidindo para viver, jorrar. Te dou tudo que puder, ainda que  não seja tudo. Não tenho marcas, nem esparadrapos. Tenho uma enorme vontade de desmanchar seus reparos, mesmo que depois nunca mais possa saber da sua ferida fechada.

junho 10, 2011

De vez em quando....

Exagero
Complico
Replico

De vez em quando

Reprimo
Disfarço
Provoco

Mas, jamais
Esqueço
Desprezo
Brinco

Existem  coisas, que não são ditas.
Existem coisas que expressamos.
Existem coisas que simplesmente, existem
Cada hora de um jeito aparente, cada jeito com um detalhe, cada detalhe com a sua existência própria.
Singularidades...
De vez em quando, coisas assim , são mais difíceis do que imaginamos...

Definição

De que? Ou para que? Se  for sobre você, não há. Não conclui, não consegui. Eu nunca tentei ser essência, o núcleo, mas também ser desnecessariamente, o vão. Passar e viver só em alguns dos momentos. Os meus, os seus. Desisti de tentar compreender o porque, mas  ainda  quero entender. Os medos, os desvios, as ausências, quando é tão natural se saber, dos desejos, dos encaixes, das vontades. Que espécie de punição antecipada rege a defesa do sentir? Qual o pecado de se viver? Posso respeitar o seu não intenso, mas posso não concordar. O que me fere é justamente a sensibilidade. Evidentemente a minha. Porque sei da sua, ou da falta, ou ainda, da repressão da sua. Em nenhum momento isso se traduz em amor, ou paixão. Estou falando apenas da existência. Da influência dela nos dias. Em todos os dias em que pensamos, tolhemos e retratamos a nós mesmos, como um alívio de " mea culpa". Muito embora, ainda permaneça entre a carne e o espirito, aquela sensação de querer. Querer abraçar. Querer sentir. Querer respirar, transpirar, aquecer.

junho 05, 2011

Ainda...

Momentos errantes. Desconforto. Intromissão. Maneira de dizer, não, quando é quase um sim sufocado. Um pedido, um desejo. Não, não saia. Ou não, não vá. É quase impossível. O que está dentro não muda com a geografia. Li tanto que não me lembro mais das anotações que fiz. Resumi só o que senti, conheci. Não tenho mapa. Tenho sentido. Não tenho índice, sinônimo, antônimos.Tenho a mim e o que vejo, percebo, vivo. E se houve algum erro, onde foi? Será que foi quando nos olhamos? Quando nos tivemos? Ou quando  nos afastamos? E por que? Ah! E que diferença faz isso agora? Nenhuma. Porque absolutamente nada pode convencer ou mudar o que já foi. Uma certeza. Dentro da alma ninguém troca, substitui, nada. Aprende-se a continuar. Ainda que por vezes a gente volte a se encontrar, e conscientemente se querer, desejar, mais que inconscientemente não permitir, apesar de querer deixar outra vez, viver, só para tentar desta vez matar.

maio 28, 2011

Magnetismo

E, é quando as tuas mãos deslizam no meu corpo e magnetizam a pele, que ela se rebela, arrepia.Momento que me domina.Vejo pelo espelho quando me prende a ti, e pelos cabelos me mostra como é o prazer. Ouço sua voz sussurrando e sinto seu cheiro. Gosto de acompanhar  seus  movimentos e retribui-los. Entrego meu olhar ao seu, e sei exatamente o que neles se confessam. Quando você se encaixa nas minhas coxas, quando lambuza a minha boca, quando a sua boca fala em meus seios, então somos, estamos e nos pertencemos em cada momento. Minha língua contorna seus traços, aqueço seu músculo, me enrosco nos teus pelos.E depois, quando nos restar apenas o pulsar acelerado, a respiração ofegante, saberemos o porque nos permitimos por algumas vezes.

maio 21, 2011

Traição

Como sinto falta de mim quando me preciso. Hoje eu trairia qualquer conceito meu, para simplesmente sentir prazer. Qualquer tipo de prazer.Trairia para satisfazer o proibido. Para relatar a sensação de gozar do fruto. Trairia para não ter falta do que não tenho o tempo todo.Trairia minha  inocência. Usaria maliciosamente argumentos e agiria para ter. Ter o domínio, o comando. Hoje reinventaria um tempo. Encaixaria meus pedaços.Acariciaria lentamente, abraçaria daquele jeito que parece não se soltar mais. Daquele jeito que quando a gente respira, suspira junto, porque não cabe nada mais além disso, só o silêncio. Quem sabe se eu continuar assim, me procurando, um laço me encontre antes e me devolva. Mas, seu ainda assim me trair, que seja no seu laço, no seu braço, abraço, pedaço de mim.

maio 18, 2011

Acordo

Não te sigo e nem me segues. Na verdade estou sempre presente No balanço das folhas de outono, quando o vento vem devagarinho te soprar os ouvidos. E até mesmo quando se distrai. Na condição de não dizer nada, calo. Vejo confissões mudas em olhares encontrados. Não delato e não relato. Fico. Existo dentro do infinito,e  a margem do inconstante, que já não é assim tão inesperado. O que surpreende é essa maneira  de conviver com  ausência de nós mesmos, quanto mais presentes estamos um do outro.Quando não nos seguimos, é porque estamos dentro. Na condição de nada dizer, permanecemos calados.

maio 17, 2011

Eu te amo

Eu vim aqui só pra dizer que te amo.
Mas é aquele " te amo " que abraça o mundo enquanto ele gira.
Aquele "te amo" que alguns chamam de banal, só porque não é de todo, todo dia.
Mas amar, pode ser sentido e vivido de tantas maneiras, quase tão ou mais intensas que uma vida inteira, que as vezes, é em vão. Eu te amo quando me toca sem nem mesmo se aproximar. É que "te amo" pelo que já me fez viver. Eu te amo por aquele dia que sorrimos, e depois gargalhamos, sabe -se  lá por qual asneiras tenhamos dito; o que importa é que naquele momento nos pertenciamos, inteiros, e por isso, eu te amei. E  "te amo" além desse e de outros dias também. Não quis te amar para sempre e mudar, quis amar e  amei. Aliás, te amo. É que o amor, esse que eu te amo, é composto de detalhes mesmo. Não esses detalhes que alguns, muitos até, acham que amam porque assim foi ensinado. Eu te amo com amor que descobri em mim. É meu. Eu te amo porque conheço os defeitos, os meus. Isso mesmo,  os meus. Te amo porque te deixo ir. Não que em algum momento  não tenha querido que ficasse. Mas se tivesse conseguido, iria amar só a mim mesma, minha conquista. Eu te amo quando o mundo gira e a gente se encontra. Não, não é banal. É amor.

maio 13, 2011

Só sobre mim

Eu falo sobre mim. Falo sobre o que o alheio me mostra, e como eu o sinto e recebo.
Eu falo das coisas que me tocam com ternura, com tesão, com mágoa e raiva também.
Eu falo sobre o que penso diante das coisas que vejo, e tantas outras que imagino. 
Eu falo sobre a saudade. A de ter tido, e a de ter querido ter. 
Não. Eu não vivo tudo aquilo de que falo. 
Mas adoraria provar algumas passagens dessas.Tem dias que não falo, só penso. 
É porque tem dias que de fato não há muito o que dizer. 
Sentir já é o bastante, e chega a ser indescritível e infinito.
Ainda assim, gosto de falar, dizer. De vez em quando rimar verdade com fantasia. 
Eu gosto do beijo doce, que também arde e me faz passar a língua várias vezes sobre os lábios, misturando o sabor na carne quente e macia. Eu falo enquanto meus olhos passeiam tateando aquilo tudo que me pertenceu em desejos, momentos, dias, vidas, até.
Eu falo da gestação, criação de vontades, conquistas, projetos, amores, distâncias, encontros e finalmente, falo sobre o fim. 
Fim? Não. O fim não existe. Conheço o invisível, me acostumo com o intocável, convivo com o silêncio, mas isso não é o fim.
É o segredo de cada um. É só o que sinto.
Eu só falo sobre mim, e o que o alheio me mostra, como eu sinto e recebo.

Certeza. Sensação do acaso

Assim...
As vezes vem essa sensação de querer.
Querer um mundo inteiro, fatiado para poder experimentar pedacinhos.
As vezes vem essa sensação de ter ficado tão longe, que é preciso esforçar para reconstruir o som, a imagem.
As vezes vem essa sensação de que por mais que o abraço aqueça, a pele se resfria no desabraço.
Há uma sensação de secura na boca, sabendo da ausência da tua boca. 
Há uma sensação de obediência sobre teu braço ausente no comando. 
Certeza, da firmeza do teu olhar, sobre o olhar que se obstina.
Provocação. 
As vezes vem uma sensação de você.
As vezes vem uma sensação do limite.
Sensação de um mundo inteiro fatiado.
Sensação. Certeza do acaso.
Assim…

maio 06, 2011

Bordando pensamentos

Vivo a te observar.
Mas não te vejo pelo corpo.
Te vejo através dele.
Vejo pela raiz da carne.
Te vejo.
Mas não pelo corpo de formas  maliciosas
Vejo através dele; na contração.
Te vejo no fragmento do olhar.
Vejo ao redor das cenas que partilha.
Te vejo descoberto.
Não te enxergo.
Te vejo.
Apenas te observo.
E aplico seus detalhes nos meus dias.

Código de acesso

A sensação de sentir.
Sentir e transmitir.
Sentir arrepio quando se aproxima.
Sentir na nuca a respiração, e pulsar com ela.
Sentir quando instiga, para  pertencer, caber.
Sentir e transmitir a sensação que nos mistura,
Sensação perfeita de movimentar músculos encaixados, molhados.
Consentimento mudo.
Seu  código é o silencio
Felino.
Sentido, completo.

maio 04, 2011

Sei

Te conheço.

Ou melhor ainda, te sei.

Te reviro e desviro.

Te desconvexo.

Te sei quando menos espera.

Te sei em vermelhas, douradas e negras  horas.

Te abandono de vez em quando.

Te acato e me entrego, e tu, tu se perde nos meios.

Eu te sei.

Tu defende a lingua, eu  exploro a fala

Eu desenho na noite teu olhar, e tu, segue.

Te sei.

E tu?

Sabe, sente, segue?

Sei.

Eu te sei

abril 29, 2011

TEZ

Não foi uma única vez. Mas também não foram muitas outras. Foram vezes o bastante para que pudesse desejar e o suficiente para não esquecer. Vezes em que transpirei  no olhar, salivei pelos poros e guardei. Recordo sussuros em  barítono nos meus ouvidos, e da reação  instantanêa do arrepio  na minha pele. Tua pele, na minha pele. Teu arrepio em mim.
Se fosse descrever a sensação da língua provando o gosto do gosto de ter, nas extremidades de cada meio, no meio de cada vão, e dentro de cada vez em que passeamos em nós, talvez, definisse algo como o silêncio imenso, seguido de um profundo e longo  suspiro da pele ao arrepiar.
Há dias em que o bastante e o suficiente ficam tão estreitos, que deliciosamente, se tornariam em uma outra vez.

abril 25, 2011

Mensagem para você

Sim. É para você mesmo. Ainda que pense que não, que tem certas coisas que não  fazem sentido. Fazem sim. É só se colocar bem adiante do texto, buscar um momento, uma lembrança, uma palavra, um olhar. Algo que seja a ponta do novelo.  Essa mensagem é para você, porque hoje não  é nenhuma data especial comemorativa. Nem de ganho, nem de perda. Também nada comercial, com marketing forte, que nos culpe e obrigue a tomar alguma atitude nada espontanêa, apenas e meramente formal.É algo que simnplesmenet nos pertence, de alguma maneira.Pertence porque de certa maneira nos envolveu, provocou, uniu, separou e agora, fragmenta, recolhe em reconstrução, quem sabe. De tantas etapas, as vezes interpretadas daquele jeito que  a gente gostaria de sentir, saber, e tão distante de quem disse e fez.Ah! quanta imensidão de nós. Podiamos ser  livres não é? Livre de pensar de como e porque será. Livres de sentir o depois, o jamais, o eterno desejar. Livres de volúpia, luxúria, masturbar. Podiamos apenas ser. Ou ter sido. É tão remoto o tempo que não saberia distinguir seus intervalos de incoerência discreta e sensatez. Hoje, busco não me incomodar mais. Me tornei egoista. Egoista de mim no melhor sentido. Acho que a tradução mais honesta, é me tornei mais eu.Quero muito que voce seja mais voce, também. Não precisa ser nada além de voce. Assim como eu. Desde que, eu  e você, não sejamos inimigos, adversários de nós mesmos. Sim, eu quero ter perto, próximo, dentro dos meus pensamentos. Sem ensair títulos, postar rótulos, e cumprir protocolos. Quero te presentear sempre que sentir vontade, falar sempre que tiver algo a dizer, servir toda vez que isso não representar abdicar. Sim, é para voce. Que eu sei, não vai achar que é. Apenas reconhecer no silêncio das castrações. Soltar seus demonios, é menos perigoso do que parece.  Alimenta-los é conviver no inferno. Em teus olhos  ardem as brasas do viver.

abril 23, 2011

V.E.R. M. E. L .H.O

Arde meus olhos. E o fogo queima. Rubro são teus  lábios. Lembrança que guardo. Imagem desconstruída, perfurada. Ainda sinto a adega  correndo na vértebra, abrindo percurso do leito, e o quente que escorre pelas costas. Denso, forte. Junto os pulsos e tornozelos, no aconchego  das coxas, que abraçam meu peito. Minhas unhas vermelhas, são para arranhar sem marcar a pele que cobre a carne. Carne tua, do peito teu, dos lábios rubros, tidos e idos, sem adeus. Os olhos ardem e o quente ainda escorre, lentamente como o sussurro do nome que chamo e insisto, até me deixar vencer e ir. Ir distante, além. Infinitamente no vermelho do querer.

abril 17, 2011

Texto em branco

Me disseram assim, não contracene  mais consigo mesma. Não lhe roube a cena. Destoe. Fuja do  censo  e contrasenso, não avalie  antes de sentir e dizer.Seja. Simplemente retome a composição.Não se cale  diante de um grito , ainda que mudo, embruhado. Reaja , aja, como se  mesmo surda, soubesse distinguir cada som. Porque os sons vibram na alma, explodem nos olhos e se movimentam com o corpo. E eu fui. Levantei de onde confortavelmente me guardava em segredo, deixei a cumplicidade do silencio, e em  cada passo que troquei, sorri.

abril 09, 2011

Borboletas

Não. Não quero ter você, porque você não me cabe. Não me sabe e tampouco me traduz. Não quero  ter teus lábios, tuas mãos, tua pele. Há tanto desencontro em nosso olhar. E mesmo querendo  acreditar assim,ainda assim, meu calor não resfria. Minha lembrança não dissolve da memória e as minhas mãos  transpiram, tremulas. Eu calo. Suponho que você  pense o mesmo. E diante dessa suposição, o tempo passa com vontade de parar e às vezes, com vontade só voltar de onde parou. Aquelas borboletas já voaram, ficaram seus casulos.  Fiquei eu, nasceu você.

Fiquei eu, nasceu você.

abril 04, 2011

Quanto

Um dia queria saber dizer “quanto”.

Dizer o quanto penso em mil maneira de fazer da saudade apenas a linha de costurar os dias, e vive-los , ainda que distante de ti.

Dizer o quanto  já me magoei, e assim mesmo, todas as vezes, percebia nessa dor  a melhor resposta  para me fortificar por te querer.

Quanto  já quis parar e pontuar como  indiferente, mesmo vendo que  o que me causava essa vontade vinha da tua incerteza, não pude.

Dizer quanto tudo isso que sinto, é um sorriso meu. às vezes um sorriso triste, outras vezes um sorriso de contemplação.

março 30, 2011

Pedacinho

Só um pedacinho. Para salientar a minha estupidez em aceitar a sua ignorância. Para constatar na coluna vergada, pesada,  diante de tanta  proibição de suposições. E depois de sabido das bobagens que  afastam as mentiras mais gostosas de se ouvir, continuar sem dizer nada. Fazer as malas em excesso de  tons. Tons de músicas banais, de poemas sem sal, de angustia e euforia. Só um pedacinho. Rascunhos. Ah, sim! Ainda me lembro de quando naquele abraço,  pernas cruzadas as voltas do seu quadril, a sensação incondicional de liberdade  registrada  num sorriso tão largo, quanto o jardim que eu via, dentro do quarto estreito. Só um pedacinho de  nós. Um pedacinho entre a estupidez e a ignorância.

março 28, 2011

Silenciosamente

Sempre dói. Mesmo quando transparece não doer, dói. Uma disputa sem rumo. Uma premiação desvantajosa. Mas que vive numa constante, talvez uma defesa inconsciente. Ou não. Talvez totalmente consciente. De que importa se não chegarmos a lugar algum? Nem juntos, tampouco sozinhos. Entre olhares e  pensamentos guardados, masturbações poéticas, cruéis, sem a menor resilência, uma farsa. Do outro lado essa displicência enfadonha, tanto quanto mentirosa. Ah, sim! De vez em quando acredita-se  não ter sentido, não ter querido, não ter sequer buscado, ainda que por um só segundo, de forma contrária ao que a frágil inocência nos permite viver.E ao que tudo pensa caber a ti, quase tudo de fato cabe. Mas só a parte que lhe incomoda, porque, dela, está a tua alma despida, aquela que não se convence, só  sofre. E sofre por culpa tua. E isso sempre dói. Dói como se nunca mais pudesse estancar, dói como se nunca mais pudesse  cicatrizar, dói como se nunca mais pudéssemos ter. Enquanto os dias passam,  a semântica diz que dói. Silenciosamente.

março 23, 2011

VETADO

Há dias em que gostaria de me ver e sentir completamente ordinária de mim. Sem pudor ou considerações que apenas mutilam o que é naturalmente bom. O prazer. Prazer de sentir, de querer, de consumir. O cheiro, o gosto, alimentar os olhos com o que mais tarde vai ser guardado para o longo dos dias no meu mural de segredos Ah! como gostaria de ter você agora. Eu seria como uma personagem qualquer desses contos que alguns acreditam ser indecente, embora na verdade sejam simplesmente verdadeiros, pouco poupado em termos descritos, mas tão pulsantes na carne. Ah! como adoraria vestir-me de ti. Abraçar, misturar-me no teus poros, transpirar minha boca no teu corpo. Queria dizer-me tua. Muda nos instantes que nos separam, cega nos encontros que nos surpreendem. Ordinária. Invejavelmente ordinária

março 19, 2011

Confessionário

Não tive coragem de dizer. Me senti culpada. Talvez pela covardia ardida de já me condenar pelos princípios dos quais em nem sei bem se compartilho e aceito.
O pecado existe quando se pensa, deseja ou realiza?
E para quem regrou os tais princípios, os experimentou a troca de sabe-los?
Se o que importa é a alma, porque o corpo paga pelas contradições nesses castigos?
Não quis desejar a tua ideia, nem teus dias, imaginei só a tua pele, a tua massa. Perdão. Exagerei quando pensei em te sentir muitas vezes. Não nos dias, só nas horas, algumas delas. Quem dera, horas silenciosas, de frases inteiras apenas com movimentos completos.
Confesso, minha culpa cresce. E quanto mais ela cresce maior é o meu arrepio, minha sede.
Meu cigarro te desenha.
Meu cálice me condena e o que não confesso, me respira.

Ranhuras

As sinto quando passo a mão pelas lembranças da sala do pensar. Quando caminhando entre as mobilias, revivo seus detalhes, imagens que compuseram lindos cenários, nos meus dias. Gavetas ainda com aromas papel de bala, frascos de perfumes vazios, petálas já desidratadas, coisas que representaram muito.

E, aquela fotografia quase desbotada. Por alguns instantes meu peito e olhar congelaram. Nesta sala do pensar, o silêncio é quase obceno.Quando atravesso essa sala, sinto saudade. Sinto falta, na verdade falta e saudade, sempre. Daquela mobilia tua, sobre o piso da minha sala, do quarto, da casa. Nas paredes, só as ranhuras. As minhas, as tuas.

março 14, 2011

Guerrilha

Se vier a mim, que seja como quem se obstina.
Se vier a mim, que sua decisão seja  forte como seu desejo.
Se vier  a mim, ao me sentir em ti, tenha pulso para comandar o sangue, calor para aquecer o corpo e certeza, para não ficar no vazio.
Se vier  a mim, que seja lépido e certeiro, reconheça com perspicácia e aja com astúcia de um homem.
Se vier a mim, me olhe nos olhos, derrube meus muros, asfalte meus caminhos, me torne sua.
Se vier a mim, não me sinta como só uma amante.
Se vier  a mim, se encontre. Junte-se.
Se vier a mim, não desafie mais do que se impõe
Se vier a mim, venha nú.
Selvagem.

março 13, 2011

Seu título, em segredo

Da língua, os círculos dentro da boca, que misturam a saliva com as palavras e, cabe ao corpo dizer das sensações que os pensamentos definem, quando no teu abraço, me contrai. Só o silêncio blinda os ouvidos. Nem há muito mais o que dizer, porque tudo é imenso, espremido num  único desejo de explodir. Guarde este pequeno trecho como  sendo seu. Seu  instante de cruel verdade. Meu maior momento diante dessa memória que me alimenta de você, ainda que eu não tenha fome, apenas necessidade de comer, é quando as línguas trancadas, secas, desviaram para os olhos um olhar só meu.

março 07, 2011

Tantas coisas

Acredito em tantas coisas. Acredito até na existência vazia de não se acreditar. Aliás, pensando bem, o que existe na verdade é o que acreditamos ver,ter,sentir. Quando isso passa, a verdade também passa. Não,não vira mentira, apenas passa. Nasce outra em seu lugar. As vezes  leio coisas que me incendeiam. Mas são minhas, somente minhas as verdades que acredito, até nas vazias. Minhas próprias verdades  vazias. Viver algo que não é seu é como brincar com fantasmas. Fantasmas são companhias vazias, e eu acredito nelas também. Acredito em tantas coisas.

fevereiro 28, 2011

Alfabeto Cirilico

É assim que sinto o que não sei  compreender, quanto mais  traduzir. Há incoerência de gestos e palavras nas sensações que invadem e regorjitam da alma. O silêncio pode sufocar e matar também. Confuso é todo aquele que teme  avançar, ainda que passo a passo, desafiando a  confortável condição de não ser nada. O vão pode ser tão maior que a claridade.Quando boa parte das pessoas suam para alcançar o que quase nunca tem fim, outros se saciam em apenas transpor aquele fio de rio,  seco, como se  ali houvesse um oceano. Não sei dizer sobre sentimentos tanto quanto gostaria. Mas quando os sinto, singulares e isoladamente em suas  harmonias de alegrar e machucar, sei que quanto mais perto chego de dize-los , mais tenho que beber de todas as suas outras formas de composição. Ser do ácido o azedo, do amargo o doce. A verdade é que,  o complicado está justamente na maneira que encaramos. O desconhecido é sempre um obstáculo. Neste alfabeto que ainda estou estudando, descobri que tudo pode ser sentido, sem talvez, ser explicado e compreendido.

janeiro 30, 2011

Lindo assim

É como o infinito.  Não se consegue, ter, explicar. Está num resumo de momentos, num piscar de olhos, no arrepio da pele. No largo do sorriso, na fração de segundos, e inversamente na lagrima que brota. É o tudo e o nada, um conjunto  inefável de cores, sentidos. A minha boca, na tua,  é o universo onde me encotro e me perco. Dos meus pecados e penitências, do fio da meada, da palavra que não diz  nada, nada… É o mundo dizendo, traduzindo nas esquinas, nas noites, nas luas prateadas. Correndo ao encontro da poeira que levanta o rastro da paixão, e então,  o horizonte  outra vez. É assim, infinito. É assim, lindo, lindo! É assim que  imagino,  porque  se não vou alcançar, vou querer sabe-lo como cabe a mim, como sinto, desejo e espero. Lindo, assim.olhos azuis

janeiro 26, 2011

Vulcânico

Tem um lado meu que não me foge nunca. Faz todas as curvas e traços dos meus movimentos. Tem um lado meu que não cansa de querer, de buscar mesmo o que longe está. Tem um lado meu que não desanima porque  reconhece que a tristeza é uma adaga, dá a sentença que não desejo  receber. Tem um lado meu que olha com a força de um ímã, e arrasta. Tem um lado meu bruxa, feiticeira, alquimista, mas, tem um lado meu que é seu. Esse que voce esqueceu aqui, comigo, e eu guardo. Tem um lado meu, que em resposta, nega, mas que em emoção sente e continua guardando um tanto de voce.Tem um lado meu que é só seu. O lado de seda, o lado de espinhos, o avesso e o direito dos dias que seus,  roubam os meus, do olhar distante e da voz calada, nas mãos que suam, nos pés que sangram.Tem um lado meu que é seu. Tem um lado meu que é meu porque é teu o meu querer.Tem um lado meu, metade de mim, perguntas de mim, vidraças de mim que é só meu. Não pertence a voce. Tem um lado que é nosso. Adormecido. Vulcânico. 

janeiro 24, 2011

Se pelo menos uma vez…

As vezes me falta ânimo para dizer o que se passa. Há uma certa revolta  em tanto dizer e sempre apenas parecer repetitiva. O curioso  é que quando não repito, parece que fica vazio . Não, não para a mim. Se pelo menos uma  vez, houvesse uma outra carga sobre as coisas, de outro angulo, de outra expectativa, a sua ou a minha talvez , só para variar.Leio os jornais. É só. Tudo me passa tão superficial. Das contas num colar  onde se reza a  novena. Pai nosso… venha  à nós… Só se pede, nada se agradece. Estou enjoada. Umbigos crescem dilacerados, únicos, sem par, não se encontram, não se cabem. Essa maneira de passar reto , batido  meio de se  defender  e ofender aos próximos. Então me pergunto  , e quando  eu me excedo? Ah! Sim, não pode. Se ao menos uma vez  pudesse, imaginar,pensar, com a visão de quem recebe, certamente facilitaria a compreensão. Não, não disse aceitação. Qualquer coisa  pode doer ou aliviar demais. Apenas compreender já é o bastante.  Provoque sua inversa reação. E depois não me diga, jamais me diria mesmo. Mas guarde, o seu para si, pelo menos uma vez.

janeiro 19, 2011

Para saber

E que venham os  desafios. Incessantes  provocações, que ressaltam os medos diante das imagens que os anseios revelam.

E que venham os arrepios, os frios nas extremidades trêmulas,  quando  chegar  a vez e então, não tiver mais como retroagir.

Sim, e que venha tudo que transforma, repagina, recria, reinventa. Porque  bendito seja o momento de viver essas sensações, para que então mais  tarde, possamos  saber da sorte de ter podido reconstruir.

janeiro 14, 2011

Vidraça Aberta

Relacionamento, posse ,amor.
Dos defeitos os efeitos de traição, rancor.

Para amar é preciso ser livre, egoista do outro. 
Seu nome é companheiro. 
Abraço de soneto Beijo de desejo Lembranças da razão. 
Insana, disfarçada de alegria Bebe da água dormida, a mentira , a ilusão. Ninguém é tão perfeito que não viva,sem perdão

janeiro 11, 2011

Detalhes dos Tijolos

Empilhados  formam muros, paredes. Separam os lados, dividem as partes. Provocam inquietude, curiosidade, medo talvez.Mas, criam novos espaços.  Uma construção, uma obra.Quantos fazem, quem participa? Que sustentação tem? Meus tijolos estão  num canto de mim. Se formando em esculturas.

janeiro 05, 2011

Estrada Nova

Seguir, apenas  ir. Sem direção nem sorteio. Apenas ir. Desprendendo  no caminho as amarguras guardadas e colhendo outras  delicias. Uma troca, sem resgate, sem semente. Reparando olhares, lambendo  beijos, abraçando  braços. Sorrindo sorrisos. E continuar indo. Não. Isso não é promiscuo, é  livre. Liberdade de descobrir e saber descobrir. Seguir pelo instinto, pelo feeling, pelo prazer. Ah...!  o prazer. Prazer do gozo que  não precisa ser orgasmico, apenas sexualmente, mas orgasmico no conjunto. Há uma linha cortante, oculta, calada. Ao trocar os passos  criamos oportunidades. E  enfeitamos caminhos, percursos. Agora eu vejo um traço. Um traçado. Estou indo.

janeiro 04, 2011

Não pense

Uma vontade de me deixar levar. Ensurdecer, cegar. Fico assistindo a esse mesmo filme, em reprise e, todas as vezes  faço a mesma  pergunta. É quase uma rotina. Destesto rotinas. Mas por que  essa é diferente? Talvez, porque essa ainda não tenha sofrido  nenhuma fissura. Está na suprema fantasia, no inquietante desejo. Há entre as pontas uma condução que não exige, ou não mostra exigências. Nada se diz, tudo consente. Nada  se aproxima, tudo busca. E busca em tudo aquilo que se aproxima. Na vontade, no medo, na ausência, na presença. Como uma página de livro, que  abrimos  num capitulo qualquer e ali está aquele trecho, escrito especialmente para nós. Não pense que esse pensamento me domina. Não. Ele  apenas me consome quando permito sentir. Gosto muito  da consumação. Ela arde, e isso  faz com que o sangue corra quente, rápido. Sugere. Não, não  pense. Deixe  a cegueira e a surdez te tomar de assalto. Será que assistir o mesmo mesmo filme pode mudar a pergunta, ou a rotina? Eu detesto rotina.

Carretel

Amor.
Descoberta
Conhecimento
Compartilhar
Ceder
Relevar
Manter
Representar
Enjoar
Desgastar
e continuar. Sabe-se lá por qual razão continuar a tentar, tentar, até que o tempo se forme em crosta, uma casca e, já nem tem mais importância. Basta apenas que não tenha que mexer em nada. Que fique como está. O amor perde a temperatura, não reage as mudanças. É homeopático. Às vezes, apático. Conformado e dependente. Quando acaba, deixa  sua marca. Um hematoma na alma. O amor cobra sim. Cobra tudo e com peso de compaixão.




Paixão.
Surpreende
Invade
Domina
Carrega
Provoca
É crua
Intensa
Esgota
Acaba
e deixa um gosto às vezes amargo, outras vezes  de puro mel. A paixão não censura. Ela vive daquilo que a envolve e deixa que naturalmente isso  cresça e fique pelo tempo que quiser morar. A paixão chega morna e ferve, reage e contesta as mudanças.É o remédio e o veneno. Avassaladora e mesmo forte; assim, quando acaba não deixa vestigios. Some. A paixão cobra muito, cobra posse, mas cobra como vaidade.

Neste fio de sentimentos, que escolha temos a não ser sentir? Fino, ele enrosca, enrola, enforca, e nos faz  tropeçar. 
Emaranhados, nos acompanham  pelos dias que tentamos fugir deles.  

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...