dezembro 10, 2009

Imoral

Desassossego. Era asim que deveria ser. Mas não era.
Quanto mais ardia em mim, mais queria que queimasse.
Todas as teorias que juntei durante o tempo que me distenciei de voce, eram agora inúteis.
O que vale mesmo é o fogo. Eu te vejo e ele acende.
Eu penso e o calor se  alastra no meu corpo. Essa forma rude de me tratar quando me quer, como uma qualquer, como uma única, qualquer. Se me deixo  assim, conduzida é para me aproximar da tua fraqueza. Meus seios, minha silhueta. Minhas mãos finas e dedos longos, alcançam circunferências, extensões, movimentos. Me mostram em segredo frente a voce  inverso, parado, quieto o que é prazer de se ver.
Ainda te espero aqui. No mesmo  lugar onde  voce se deleita, em minha cama.
No antro de prazer, um desvio de sedução imoral. Que eu quero agora, quero muito, quero sempre.

Aquela Cena

Se há rebeldia em revelação eu não sei.
O que  me agarrou hoje foi um desejo de me trair
Fingir que não suponho o que ressalta a vontade.
Delirios que o corpo exala ainda  mais, e  essa tortura de me jogar nua, de cara.
Fita-lo  no olhar e arrastar provocante, um convite pra se perder por horas em minha boca, coxas, costas. Misturar pelos, cabelos, suor, gemidos .
E depois...fingimos.. nunca nos vimos, então.
Só restam letras acompanhadas de suspiros e, lá no vago do pensamento despido, aquela cena que só eu sei.

Descobri voce mais uma vez. Agora perto.
Mesmo de olhos vendados, audição violada, senti.
Sabor insano da boca que jamais tocou meus labios, da lingua que nunca correu meu corpo, das mãos de jamais prenderam as minhas. Agora, voce  tão perto.
O que antes parecia um medo, agora me abraça como um abandono de juizo.
Acordei depois de saber que não adiantaria mais. Ficou em mim , por dentro.
Sem licença e sem negação. Me pegou pelo braço, com a mão forte, segurou firme, me fez voltar alguns passos em sua direção, dominou, parou e me deixou assim.
Instante de abstinência dos sentidos. Eu sabia. Suas mãos prenderam as minhas, sua lingua correu meu corpo, sua boca tocou meus labios. Eu finalmente te vi em mim.
Ouvi seu prazer, senti que me perdi.

dezembro 08, 2009

Coração de Areia


Que seja pois, além dos ares da brisa tropical, um sentido inteiro.
Onde ter e querer se completem.

Entre laços e nós - fitas e cordões, nada muito seguro, nada muito incapaz.

Apenas um castelo pra ficar.
Um mar pra aportar.

dezembro 06, 2009

Meu corpo

Mas, se o meu corpo te provoca, vingue-se dele. Faça do seu corpo o meu, e entre eles a desperte a fadiga. Encontre os pecados que constroem o desejo e sirva-se deles. Não é preciso ter delicadeza em omitir certos cuidados, tenha apenas certeza de que quer experimentar os perigos. Enquanto se diverte a revelia dos teus pensamentos santos, pudicos, eu te possuo de corpo e alma.
Caso ainda não saiba quem sou, ou porque não pode resistir, eu digo.
Mas só pra voce, baixinho em segredo, assim assim estaremos de alguma maneira absolvidos.

Teus Pés

Eu quero brincar com seus pés ...
Sim, com seus pés!
Seguir as linhas que revelam teus caminhos.
Dos dias quentes aos gelados. Do cansaço.
Eu quero saber da estrutura que te leva e sustenta, para aquilo que o mundo chama destino. 
E quando chegar,  descançar, tranquilo.
Saber das marcas onde tuas pegadas mostraram os passos que definiu.
O que alcança quando  busca algo ou alguém.
Eu quero brincar com seus pés, e ensina-los a reconhecer os meus, quando eu  roçar tua pele.

Simplesmente

Era simplesmente, pra existir .
Assim como um olhar que acompanha o movimento naturalmente.
Era apenas um jeito de sentir.
Manter na lembrança um arrepio de calor.
Era, talvez, só pra ter
beber,
abraçar,
pulsar,
fecundar,
chorar,
sorrir,
passar,
guardar.
Era pra simplesmente existir, o todo de coisas que nunca, jamais, se encontraram.
Apenas se imaginaram em algum lugar, por acaso.
Só existe o que se quer ter, dentro do que para quem deseja é chamado de amor.

dezembro 04, 2009

Comunhão

Passo os dias a contracenar com meus pensamentos
A noite vou pra cama com todos os meus sentidos
A fusão do que imaginei com o que senti,é a reação extrema do meu corpo, que reage quando você me toca.
Nada mais é certo, nada mais é real, nada mais é finito.
Minha silhueta que desfila pela sombra caminhando nas paredes, elegante sobre um salto alto e fino, atravessa a extensão toda da distancia entre tua boca e minhas coxas.
O que se vê é puro movimento. Conheço o desenho e gosto de traçar contornos.
Se não é o suficiente esse mágico momento de silencio, testemunho de prazer,
acenda a luz. Abra os olhos, não pense.
Liberte seus sentidos e simplesmente, transpire comigo.

novembro 29, 2009

Imagem

Se espera que a imagem seja o espelho daquele que a carrega.
Nem sempre
se alcança. O que lhe parece pode ser extamente o inverso ou ainda o
vazio disso tudo. As formas são armaduras que guardam sobre tudo, a
melhor e a pior essência de alguém.
Desnuda-la é conhecer o suposto e
assim reconhecer-se nele ou não. O que declina é o conceito do
podre, que vestido na melhor fantasia da hipocrisia, ri. E o que resta
depois de passar por cima ou por baixo do muro é a razão. Aquela mesma
que te faz enfrentar teus medos.
Daqui alguns anos a imagem não será a
mesma. Talvez nem mesmo as atitudes serão. Por agora , há muito mais
pra se fazer do que igualar os seus por suas caracteristicas próprias. As
caracteristicas que voce condena nos outros e, as que por semelhança as
suas mais dignas, fazem de outros bons.
Se hoje te perguntassem quem é voce, saberia responder?

novembro 21, 2009

Minhas decisões são únicas.
As vezes melhores que uma masturbação.
A sensação de vadiagem e promiscuidade das fantasias não se realizam ao prazer da carne de maneira geral.
O corpo tem uma maneira de manifestação diferente da vibração da ideia.
Gozar é um delirio que vai além da transpiração dos poros.
Pra voce, meu dedos tocam sua pele, percorrem teu cortonos.
Minha boca que se torna larga, profunda, se abre e a lingua desliza e coloca pra dentro todo voce, na melhor essencia homem viril.
Pra te sugar melhor assim.
E pra gozar, melhor em mim.
Se meus seios apertados em suas mãos enchem tua boca,e tuas coxas se enroscam nas minhas e me inclinam...Minhas decisões são únicas.
Como meu corpo, meu gozo.
Isso faz de mim Mulher.
Qualquer uma dessas que acha que já conhece, ou ouviu falar.
A diferença é que não sou sua. Portanto algo que jamais conhecerá.

novembro 13, 2009

...Faz parte

Talvez pelas horas contorcidas de espera
ou seria pelos dias trancados em sussuros
entre um pingo d'ádua e outro de suor
serrando os dentes pra guardar o grito de
ora de deixe-me em paz, ora de não me deixe jamais
Continua escorrendo pela graganta, rasgando e molhando
por dentro, o prazer de sentir o gozo, o beijo, o vício
Se disser que não substitui,é pra conservar certo dominio
O que fica em verdade disso, é a mentira que nos atribuimos.

novembro 08, 2009

sobre o tempo e a vida

É por que o tempo é um jamais que dura pra sempre que me dá por vezes essa dúvida
Será que descobri em algum momento aquilo que chamam de felicidade e, de tanta euforia não pude perceber o que significava de fato? Talvez realmente a idade, ainda que a fonte da transformação, dispense certas memórias.
Tenho hoje 16.088 dias onde muitos deles foram os melhores quando os vivi.
Embora tenha experiementado dias ruins, não deixei de querer experiemntar.
Penso que o que mais impulsiona a lamber os cantos da boca, buscando aquela última
sensação de prazer saboreado, é acreditar que isso se repetirá.Eu acredito.
Que me apaixonarei outra vez, daquele mesmo jeito que me fazia sentir com os pés fora do chão, conquistarei, sorrirei, sentirei o abraço e o calor dos corpos, deixarei o tempo passar olhando a chuva incessante pela vidraça. Certamente meus melhores dias, são os que tenho voce, perto ou longe, mas dentro de mim , no meu coração. Dias em que sei que mereço respirar e conhecer, ser atenta e prudente, ao mesmo tempo que solta e ousada. Para todos os dias temos uma noite, para toda a vida temos a alma.
Eu gosto do que minha alma virada pelo avesso se mostra em corpo.
E do corpo, o jeito e do jeito as ideias, das ideias as atitudes e delas, o resultado.

Cristais

Em minhas mãos carreguei e entreguei valores.
Coisas que intensificam mais para quem da, do que para quem recebe.
Em quantas partes uma mesma fatia se completa ?
Enquanto as horas passam e o dia se mostra invencível, eu vivo.
Alivio é ter paciência, que como parceira se faz detentora da razão e dos resultados que dela virão.
Pra mostrar a tua face , é preciso descascar tua a carne.
Pra conhecer tua farsa não é preciso vestir tuas palavras.

outubro 19, 2009

Preto e branco

Eu sei que as noites saõ insuficientes. Taça de cristal, fiasco.Pensamentos vagos, vintage. Corpos roubados pelo prazer culposo.
Performáticos. Olheiras, dignidade nula. Miopia,Orgulho.
Voce procura todos os dias, em todas as coisas,inconsciente do desejo,algo de mim.
Meretrício.Insandece. Cigarros não bastam. Não vai fugir. Longe é um lugar que não existe. O pesadelo é a essencia do medo. Mantenha-se, mantenha-me assim.

outubro 12, 2009

Bandido

Somente por despeito da imagem que voce exerce é que me sinto assim, vadia pra servir a tua fome.
E se me tivesse por menos ou mais tempo tempo,ainda seria da mesma maneira.
O que me vale, é que quando perdida nos teus braços e enroscada pela tua boca não nego nada. Quando mais tarde, depois que todo suor escorre e o corpo desfalece, caida no chão, meu olhar acompanha teus pés descalços pelos passos que te afastam
de mim. Bandido. Amahã te reservo outro momento.

setembro 28, 2009

Meu caipira

Ah, eu adorava aquele caipira. Nem sei bem ao certo o porquê, ou em quê tanto ele me atraia. Mas que eu gostava, gostava. Muito. De tudo. O jeito de andar, falar, olhar.
Ah, o olhar. Ele dizia pra mim que existiam duas maneiras de se olhar, e me olhava como quem apenas enxerga. E de repente aquele olhar pequeno crescia da sua íris colorida castanha, me envolvia mais e mais e era quase impossível desviar o olhar dele. Isso me dava um arrepio. Sabe desses caipiras que as vezes chegam a ser carcamanos? Ele era assim.
Batia o pé de fininho no chão, como quando a gente sinaliza insatisfação, e era, por eu não estar perto dele o tempo todo. Engraçado, eu achava graça de verdade. Pensava ”como alguém tão metropolitana pode se deixar levar e ficar com alguém assim?” Mas era justamente isso, essa diferença a toa que fazia sentido. O jeito despreocupado com as avaliações alheias dele me desligava também de todo o resto. Quando me beijou pela primeira vez, foi como se eu estivesse descobrindo outras sensações. E quando me teve pela primeira vez, foi como eu sempre tivesse sido sua e ele meu, a vida toda. Sintonia absoluta. Por um tempo foi assim. Totalmente intenso. Sabe daquelas histórias que parecem saídas de um conto romântico?
Corríamos nus pela casa, brincando, nos escondendo um do outro, de vez em quando a luz de velas, passávamos a madrugada inteira, permitindo fantasiar, percorrendo nosso corpos como quiséssemos e por quanto tempo quiséssemos. Imagina aquele amor que chega a ser necessário. Sabe daquele que a gente não fica sem nem um minuto? Daquele amor que a gente se diverte tanto que não consegue ficar emburrada? Desses. Que saudade do caipira.

Pedido

Eu faria muito mais e melhor do que as lentas manhãs sobre a claridão do céu
Ainda te arrancaria o folêgo, suspiro que se perde no encontro do ar
Queria ver tua saliva secar.
Guardar aquela fotografia que o olhar resgistra em meio a outras paisagens que cercam o lugar, teu rosto.
Deixei que escapasse pela corrente de vento, que soprou e arrastou, junto das folhas de jornal as noticias de voce.
Tudo se perdeu por aquele beco. E me parecia tão estreito.
Quero a abolição da lembrança da tua voz tremula e a ignorancia do calor do teu corpo.

E se não volta mesmo, me absolva dos teus malditos pensamentos.
Desate voce também essa sensação de que ainda há um instante que não responde pelo nome de adeus.
Tua vontade tem som, tem nome e chama.
Se não for para ter, que se cale. Eu peço teu silencio.
Já vai amanhecer outra vez.

setembro 24, 2009

Resposta

Preciso que não se acovarde.
Necessito que mantenha a sua sede de me tomar como sua,
além das arestas que apara as promessas que profaga.
Inúmeras vezes engasguei com as verdades e me socorri pelas mentiras que aceitei do meu coração. Fui profana. Não te expulso de mim, nunca o fiz .
Quem desvia o olhar do caminho é voce.
Não nego,ao contrário, chamo, busco, espero
As vezes subtraio calor do peito, para suportar a dor da lagrima, incertza.
Te vejo assim , reflexo do desejo. Distante.
Acumulo e sacio as fantasias, desafiando o tempo, sentada nesta varanda, no balanço da cadeira que leva e trás voce pra mim.

setembro 04, 2009

A Importância

Hoje percebi por alguma razão, que também já não tão tem tanta importância, que há tempos não me lembro de você. Que toda aquela importância que eu alimentei de você, sobre minha vida passou, e de tal maneira, que nem eu mesma me dei conta. Foi como se uma torneira aberta, esquecida assim, tivesse jorrado toda sua reserva, secando definitivamente.
É espantoso como os sentimentos e sensações nos pegam de surpresa. É sim, de surpresa! Quando nos apaixonamos e quando desapaixonamos. Ou alguém sabe dizer qual o exato momento que se apaixonou? Já ouvi histórias lindas e também cruéis sobre começo e fim.
Cheguei a sorrir, timidamente confesso, quando concordei comigo mesma, que descobri o início de mim.
Inicio? Mas não é a constatação do fim? Não. É literalmente o início.
Primeiro passo para compreender que nada é mais ou além do que eu mesma possa determinar em minha vida. Que atitudes definem posturas, reações e conseqüências, para as emoções. Que o arbítrio é meu. Não estou querendo fazer um “mea culpa”
Estou sim, sentindo, descobrindo, percebendo, conhecendo e provando, a maior capacidade que um ser humano tem. Retomar.
E sem você. Ainda que você nunca tivesse existido por inteiro, além de minha vontade de me entregar. Dentro da felicidade que iludi, alimentando desculpas e aceitando justificativas, deixando sempre um rastro do meu amor, para que você sempre chegasse.
Hoje sei que rastros se apagam com o tempo. Também sei que justificativas são torneiras abertas. E, que o que importa mesmo, é só o que tem importância própria.

agosto 23, 2009

Sabatina

É como se fosse um ranço.
Antes de chegar até lá, parece fácil, algo que já superado ficou tão longe, bem lá tras.
As possibilidades de recomneçar são tantas na imaginação de um coração sem magoa.
Sem magoa? Não,não mesmo. Só quando está bem perto, só mesmo quando depois de declarar no papael todas as palavras, é que perceboo quanto ainda estou ferida.
O quanto ainda não quero desprender-me desse sentimento.
Tenho razão pra isso.
Temo que no momento em que me sentir liberta, nem mesmo a cicatriz eu possa notar. ,
Então quando tomada pela ingenuidade, caia outra vez.
Não. Não quero isso. Prefiro a magoa que me sustenta acordada, á tentação da saudade que me fará render. Desvio de voce, para recorrer a mim.
Hoje, apenas sabatino meus passos para distanciar-me dos seus.
Aprendi a ver com meus olhos e, se meu abraço ficou á margem da sua sensibilidade, saiba, alcançou minha coragem de dizer adeus.

agosto 21, 2009

Sensatez

Eu não quero mais ter pensamentos nem atitudes sensatas.
Quero desnoretear as falas, os gestos, os passos.
Quero perder-me de dentro pra fora pra que não siga nada, pra que não cicatrize, pra que não me convença dos que pensam contrário.
Quero desfilar meus desejos, espamarrar, soltar ao vento meu sorriso.
Aquele mesmo, um dia teu.
Chega de ser pelo outro, suportar, quando na verdade a vontade é oposta, é minha, é nua.
Quero ficar descalça , despida, descabelada, desmedida, desatenta, desalinhada, decomposta, desafiada...
Minha sensatez está no fim.
Eu a matei, por mim.

Opção

Vive buscando algo que está sempre adiante de seu alcance.
Sempre deixa pra trás mãos que se estederam.
O caminho é estreito e, ainda assim, se perde.
Vejo seus passos cansados, embora insistentes no mesmo ritimo, já não demonstram mais a disposição de antes. Percebo seu esforço em parecer natural, mas é visivel seu desânimo.Nem sei ao certo se acredito mais em tuas palavras, tão iguais.
É isso que me afasta, e que me assusta.
Uma teimosia demasiada de sofrer continuo.Provocação, contestação.
Cada vez mais empenho e muito menos resultado.
Antes que nada mais faça sentido, se é que ainda faz algum, se olhe no espelho.
Mesmo quando não conseguir entender os "porques" e o que de fato há, entre a imagem e o reflexo dela, certamente reconhecerá alguém de tempos atrás.Espremido.
Desta vez, não tente ser o todo, opte apenas por um, mas que seja por aquele que sabe viver.

agosto 18, 2009

Revisão

Passando trechos da história, dos pontos altos até os baixos, severos, e apunhalados.
O que ontem era verdade, hoje traição.
Para amanhã espero como o hoje, sem soltar as horas pelo tempo de chegar.
A gente vai se lembrando que quando a chuva cai, encontra antes de alcançar o chão, nosso corpo que atenua a queda das finas, grossas e até mesmo sólidas pedras de gelo, gotas d’água.
Dei contei que desde então, dizia que não podia mais. E olhe só, cheguei tão além.
Durante todo o caminho experimentei amor, carinho, amizades tudo de alvura tal, que mesmo guardados há muito, jamais perderam a brancura.
Vi também interesses, crueldades, inimizades, de negritude tal, que me mesmo adormecidas há muito, jamais se apagaram.
Pilares de construção.
Nem tudo são presentes, nem toda promessa se profetiza.
Olhando as linhas vividas entre paralelas, diagonais, cruzadas e interrompidas, percebo que a chave de partida não está em quanto você acumulou, mas quem durante esse tempo todo te acompanhou.

agosto 17, 2009

Intervalo

Só por enquanto, neste intervalo de tempo entre o fôlego e o suspiro eu te deixo ir.
Quero tuas mãos ásperas, brutas, fortes, me prendendo entre teus dedos, marcando minha pele clara.
Quantas voltas dão os ponteiros do relógio? Sem parar ficam girando, girando.
Que me importa pra que lado eles andam, se pra frente ou para trás.
Gosto assim, selvagem.
Quando me sinto do avesso, sem culpa, sem preconceito.
Guardo cada movimento seu numa frasqueira de viagem.
Embaixo da cama, dentro do armário, atrás da porta do meu quarto.
Saudade. Tua fotografia é papel de parede em meus pensamentos.
Quando essa distância terminar, quero te abraçar de verdade.
Quero voltar a ter seu calor em mim, e em teus olhos poder ler, ler outra vez tudo que ficou naquele intervalo.
Aquele que jamais se repetiu aquele que jamais se recuperou




In

Farsa

Disfarça a tua farsa.
Em palavras que não te traduzem.
Eu no fundo queria ver quebrar tua vidraça.
Em toda frase que lia, em toda palavra que ouvia, anotava.
Disfarça a tua farsa.
Engasgo e soluço com o ar seco que desce rasgando e queimando, tirando o fôlego.
Traiçoeira é a visão do meu olhar que passeia a volta tua.
Disfarça a tua farsa.
Só um reflexo de imagem, sem consistência, sem textura.
Disfarça a tua farsa.
Roe o tempo das verdades,
Para viver as migalhas da vaidade
Algum dia, não haverá mais disfarce.
Não haverá mais vaidade.
Não haverá mais verdade.

agosto 13, 2009

Pintura

Uma tela sem moldura.Hoje em dia não é necessário emoldurar.
Fica assim mesmo,para alguns parece que não terminou e para outros um "traço" de acabamento.
Afinal, o que vale mesmo é a obra em si. Aquilo que o artista sente, e que nem sempre tem de fato a interpretação correta. Mas, dizem por ai, que a partir do momento que o artista expõem sua obra, ela passa a pertencer ao público e não mais a ele.
Fica com nome, mas sem alma ou com alma mas sem nome, sei lá.
Cada um que a vê, encontra o que procura, define o que deseja, revela o que esconde.
Os críticos as transformam em arte ou em lixo.Mas quem são os críticos?
Ah, é verdade, estudiosos dessa manifestação que explode em cor.
A tela pode ter vários tamanhos.Embora o artista seja um só, de um tamanho só.
É possível separar a obra do artista? Os conceitos dos valores? Numa tela sem nada estampado, qual é a definição? Vazia ou completa? Na sua tela, qual a moldura de sua escolha? Se houver uma.
Quando nos revelamos para alguém, deixamos de nos guardar para o todo?
Como está a sua tela?

agosto 11, 2009

Denuncia

Vem. Denuncia minha vida, desmascara minha alma.
Mas deixa a estupidez mostrar a tua cara também.
Marionetes de embaraços, emaranhados cruéis.
Dissimula a presença pela aparência refletida no espelho.
Fica sóbrio dos teus medos e diga se olhando inteiro,se verdadeiramente é capaz.
Que nada. Rasteiro é teu passo e tua força é a mesma farsa.

Terra dos pequenos

O chão que piso não me parece mais o mesmo.
O que antes era macio, fácil de caminhar e me permitia que visse minhas marcas, construindo de fato um caminho por onde também pudesse voltar, hoje não reconheço mais.
O solo é duro e difícil, longo e mais imperfeito do que antes podia imaginar.
Isso torna minha postura mais rígida, com atenção distribuída em cada passo, com medo e ansiedade coladas, caminhando lado a lado.
A cabeça que antes solta, via toda a paisagem, agora só trava o olhar adiante.
Apreensiva com o que virá, para não me surpreender em nenhum instante.
Vida cinza. Não deixa marcas, apenas passa.
Quanta alegria a ingenuidade dá. A malícia vem e a despi.Intimida, e se oferece para depois abraçar.Maldade pura.Infelicidade crua. Ser grande não é crescer por fora.Procuro a terra dos pequenos.Onde as marcas de caminhadas, dão melhores exemplos.

agosto 10, 2009

Correntes

É quando adormeço que entendo.
Quando sonho em ti meu dia vazio e as noites que nunca terminam.
Se meus olhos se trancam, cerrados, é para não correr os cantos, possíveis enganos onde poderia estar.
Me entrego ao cansaço e ao desgosto que sei mais que certo, de jamais te achar.
Sei que foges mais de ti do que de mim.
Sua sombra escorre pelas paredes como quem contraria a claridade e, desta forma eu persigo, sigo teu rastro. Destino doído que me traço.
Sinto medo, vergonha e mal trato.Mas falta o golpe fatal. Não li em nenhum livro, nem assisti peça igual. Sou única também no teu destino, eu sei, imortal.
Tormento. Presa às correntes que arrastam o amor,ao que corresponde a vida, e paixão pra revelar a dor.

agosto 04, 2009

Sentinela

Guardada como precaução, vive com o medo amordaçado ao pensamento da entrega.
Punição por pecado omisso, no prazer completo sobre o risco do castigo eterno.
Dissabor do preconceito, abandono, desfecho.
Cuida sempre para não trair-se em tentação.
Sentinela da vida, carrasco do amor.
Ardor em vão.Sustenta na fraqueza a emoção.Em seu toque a motivação de manter fiel a seu próprio destino.
Sentir amor sem usar o coração, sexo sem sentir a paixão.

julho 26, 2009

Sinônimo

Eu gosto das palavras.
Da amplitude de interpretações,das manifestações que elas causam.
Eu gosto da simplicidade de dizer, marcar o pensamento, o sentimento.
As palavras misturadas, erradas, confusas, ardentes, distantes, iguais , constantes.
Uma vale por muitas, mas muitas, mesmo juntas podem não representar nada.
Seus sinônimos se explicam, acentuam, ensinam.
Palavras que se completam, iniciam.
Muitas condenam, proíbem, negam.
Me diga então, qual o sinônimo, do não?
Seria fim?

Condição

A cama vazia. Imensidão.
Solidão acordada.
Minha mão que passeia no branco do lençol,querendo encontrar a tua.
Espaço maior.
Razão da condição entre a espera e a saudade.
Tempo de imersão.
Reflexo das almas que desalinhadas em suas aceitações, vão opostas em seus anseios.
Desencontros, migalhas, farelos.
Marcas, expressões.
Outra vez, cama vazia, imensidão.

julho 24, 2009

Remodele

Deixa de ser miuda.
Avança na tua grandeza que não é assim, pequena, quanto faz acreditar.
O que não te alcança, te engana, pra não ter que suportar.
Descansa a tua mão de defesa e deixa que o muro se erga
Explora a margem do teu sorriso, ainda que mesmo tímido, é teu, é largo, é inteiro.
Pedacinhos, fragmentos, no escuro cortam do mesmo jeito.
Se voce é como acredita que os outros te enxergam, se remodele.
Porém, se voce se sente como completamente se manifesta, saia do reflexo.

julho 20, 2009

Há sempre algo que se esconde .
Em linhas sinuosas, não se define nem se encontra?
É tão mais simples dizer que existem principes e princesas, que pouco sabem, ou não alcançam além da própria angustia de sentir.
A ervilha é sentida conforme a distancia. A mesma distancia que te faz ignorar o tempo.
Sem tocar ou sentir, teu calor num abraço, ainda que não seja inicio de um laço, é, e seria o traço a unir valor.
Valor de uma amizade, valor de um querer.
Julga, quem não quer ser julgado, por duvidar que o tem não basta para quem vai receber.
Equívocos de sabedoria prévia, que só lê em linhas retas, será que sabe mesmo ler ?

julho 09, 2009

Erro

Fale-me dos erros,confesse teus contrastes sobre tuas palavras e diga-me se em teu julgamento cabe absolvição plena.
Peça o perdão das intenções que tem, quando as tornam leviano, capaz de iludir a malícia. Tire se possível qualquer maldade de seu coração.E então venha me ver.
Não podemos esperar que outros nos enxerguem, quando só nossa sombra caminha.
A pele cobre a carne.Os olhos a alma.As palavras os sentimentos.
A farsa é um alfinete que marca e aponta onde se quer chegar.
Mas,não adianta tentar andar preso a ela, porque sua força é pouca e logo se solta, se desfaz.Quando puder sustentar a ti mesmo o timbre de tua voz, será remido da sua sombra.

julho 04, 2009

O que mata

O que mata não é o sangue que escorre da carne.
É a ausência do carinho, a solidão do abraço
A angustia e a fragilidade que vive através da saudade
O que mata é a outra ponta da corda, que desenrola sozinha
e vai solta, desprendendo a trama, desfazendo da vida

Ditado sobre o amor

Estava triste. Era dor de amor, de desencontro, de vazio.
Andava sem eira nem beira, procurando não sabia o que.
Qualquer coisa que lhe falasse, acordasse, talvez.
O vento levantava poeira, que batia nos olhos e machucava.
Esfregava a mão contra os olhos fechados, mas a poeira não saia.
Quanto mais apertava e esfregava, mais irritava e ardia.
Tentava abrir e lacrimejavam. Momentaneamente cega
sem saber qual direção tomar, sentou-se na guia da calçada.
Descobriu que sem poder enxergar, podia não se culpar da idéia de se livrar das dores que sentia. Ali, parada, ouvindo seus pensamentos, martelando suas lembranças...

“Dizem que morrer de amor é lindo”

De ímpeto levantou-se, apertando ainda mais os olhos que já não viam, jogou seu corpo para frente, correu em direção da sorte pela vida.
Acordou depois de um tempo, e seus olhos ainda não abriam, sentiu o corpo deslizando, mas não sabia pra aonde ia. Seu peito ainda doía daquele amor que sentia.
Foi então que percebeu que o que dizem é mentira.
O corpo é que morre de amor, a alma nunca esvazia.

julho 02, 2009

Vida Profana

De dia, pura e casta
De noite, uma vadia
Esconde por baixo da capa, brasas sob as cinzas.
Lábios carnudos que rezam o terço, seduzem o santo, desmancham o berço
Descrevem e sugam dele, todo o seu membro
Gemidos sufocados escapam de um sussurro
Ela pede pra que ele aperte seus seios desnudos
O corpo é o pecado dos olhos, que cobiçam o prazer da carne
Pedem perdão pelo ato e pagam penitência pra mais uma incidência
Molestam suas crenças
Se beijam, se tocam, se traem
Transpiram em seus poros contidos em volta dos abraços
cruzam as pernas, olham nos olhos
Amarram e desfazem laços
Vida profana
Deus abençoe as putas e as santas

julho 01, 2009

Pele

Vem tocar a minha pele, roçar a minha boca
Vem se perder no meu caminho
Desconfiar das minhas artes
Saciar a vontade de ser submetido
Deixa a fadiga te dominar
e descansa no meu colo
mas depois, recolha suas roupas caidas
pelo chão, seus cigarros e o violão
E quando sair por aquela porta, saiba,
amanhã me desejara ainda mais
e, toda a vez que negar, será aqui
no meu quarto que voce vai me amar
e amar e amar...

junho 30, 2009

Imensidão

Foi ontem, foi hoje, foi agora
Sensação de não memória
sensação de fantasia
Teu corpo e minha alma vazia
Queria que me arrastasse contigo
Imensidão

junho 29, 2009

Meu jeito



Esquecido
Entre o terceiro e quarto copo
Perdido
Entre a primeira e a penúltima vez
Sentido
entre a ausência e a frequência
Desregrado comportamento inócuo,que responde entre as lágrmas e o suor
do corpo, diante de voce, quando chega e põe fim a minha paz
Desafio meus dias, todos os dias, apenas pela sensação de prazer em me render ao meu algoz

junho 28, 2009

Minta

Não me dou na intenção de apenas marcar
Me dou na certeza de que nada substituirá
Nunca terá algo igual, maior, fugaz
Minta pra mim, minta pra nós
Convença somente a voce

junho 20, 2009

Submissa

Estava num canto entre a porta e a janela.
Agachada, encolhida, pernas abraçadas, cabeça entre as pernas e cabelos caidos na face.
As vezes, quando o suspiro vinha mais profundo, alguns fios dos cabelos se levantavam, com o ar que saia pela boca. A música que vinha pelo fone de ouvido, deixava meus pés marcarem o compasso. Já era final de tarde, aquele momento em que o sol desenha o contorno da cidade, forma paisagens, ali, eu refiz voce. Inteiro, sem perder nenhum detalhe. Ocupando todo o espaço. Eu refiz voce. Até pude sentir seu caminhar.
Vindo em minha direção, parou na minha frente. A sombra que seguia atrás de voce era imensa. Permaneci com a cabeça entre as pernas, só que agora, o corpo teimava em desobedecer a ordem de ficar imóvel. Sentia o sangue correr tão rápido nas veias, que estremeci. Sempre foi assim. Toda vez que estive com voce.
Um diacho de amor submisso.
Até mesmo quando apenas imagino.

junho 16, 2009

Indefesa

Eu corro em passos largos, corro o mais rápido que posso, sem olhar pra trás, sem retomar o fôlego.Minhas pernas quase se dobram na troca dos passos, ainda assim, eu continuo a correr sem parar. Mesmo sem saber onde vou chegar, sinto apenas a certeza que não quero que me alcance. Porque se me puxar pelos braços, e com um golpe voltar meu corpo de encontro ao seu , se minha boca chegar até a sua e meus olhos pararem nos seus...Desse instante em diante, mesmo que me ajoelhe querendo que desapareça, por certo estarei me entregando, esquecendo da própria defesa..

junho 15, 2009

Meia Luz

Gosto da meia luz. Das meias e espartilhos.
Gosto do cheiro da noite, da meia taça de vinho.
Do salto alto, da fumaça que sai da piteira
Gosto da curiosidade alheia.
O carmim na boca, as unhas que são garras
Pele clara, que contrasta com cabelos negros
Meu retrato, fotografia que desafia
Ousada, exibida, dada ao desfrute
Fantasia. Morada da imaginação de muitas noites vazias.
Jamais tocara em meu corpo.
Enquanto tuas mãos estiverem ocupadas, tirando o sono
de outra dama, desarrumando outra casa
Gosto da vida vadia, daquela que uma amante guarda.
Gosto da meia luz, não da luz apagada

Calendário

Vivo o tempo do lado inverso. Meu calendário é retrocesso.
Quero chegar novamente naquele dia em que te vi pela primeira vez.
Quero sentir outra vez a doçura e o encanto, iguais a perversidade e o amargo.
Passar algumas horas em voce, de forma tal, que minha sorte seja morrer ali

Vou repassar o passado, correr os dias ao contrário, e me livrar do que não pude esquecer. Teu sentidos ainda cercam minha presença.
Lembrança ingênua de te querer bem.


Não se preocupe querido, o tempo não é senhor nem escravo.
Os dias do teu calendário seguem e, distantes dos meus.
Talvez, apenas reste uma fotografia, guardada ou esquecida
Que fale sobre voce e eu...

junho 13, 2009

Conto Dos Amantes

Vendou meus olhos e foi devagar me levando.
Meu coração acelerado,descompassado,ansioso, segurava meus passos, mas mesmo assim deixei que me dirigisse.
Bem lá no fundo distante dos ouvidos, ouvia música. Mas de maneira que pudesse identificar que era a minha favorita, aquela que eu dizia à voce quando contava as histórias das minhas fantasias. Sentia o calor do lugar e logo percebi que eram velas acesas.
O aroma também se espalhava, deliciosamente, inebriante. Essa noite seria sua escrava. Não reagiria. Meus castigo era ceder aos seus desejos.Todos eles.
Meu corpo sentia quando você se aproximava, embora não me tocasse, apenas caminhasse ao meu redor, eu sabia estava nu. Segurou minha mão e sussurrou nos meus ouvidos...
...vem.
Meus lábios tremeram, e passei a língua sobre ele tentando um equilíbrio.
Os meus seios estavam , arrepiados, mostravam um perfil na sombra das luzes das velas. Então você me abraçou e eu quase desmaiei ali. Senti sua fome de me tomar.
Me pegou no colo, e deitou meu corpo molhado na cama, senti lençóis frios.
A música me instigava ainda mais. Eu estava deixando levar. Arrumou meus cabelos sobre o travesseiro, segurou meus braços, e então prendeu-me com lenços nas hastes da cabeceira de cama. Lambeu meu pescoço, meus seios. Murmurei teu nome...
A venda nos meus olhos, os pulsos serrados naquele lenço, a musica, você.. .afastei minhas pernas devagar,quando entendi que sobre mim havia invertidamente seu corpo.
Tua língua quente me levou ao delírio, enquanto minha boca guardava e molhava, parte de você, ritmadamente. A noite seguiu assim, mordaças, trancos, cavalgadas,extremos de prazer e fantasia.
Pela manhã dentro do quarto, apenas vestígios de uma aventura de dois amantes.

no box

Ergui os braços e espreguicei. Girei o pescoço no sentido horário e depois no anti-horário de olhos fechados, senti estalar. Pronto tudo nos devidos lugares.
Ainda sentada na beirada da cama, alcancei com os pés o chinelo.
Programei a cafeteira, e fui para o chuveiro. A água quente caia sobre mim. Lembrei daquele dia em que transamos no banho. Voce foi sorrateiro...sedutor...delicioso...
Fui tão vadia como qualquer uma poderia ser.
Perdi os sentidos.Todos eles. De um só golpe. Presa entre a parede e seu corpo.
A água corria e era como se o barulho da ducha, silenciasse nossos gemidos.
As putas gemem, e o gemido provoca... o corpo molhado desliza das mãos, tudo tem que ser forte, apertado. Senti falta de voce. A cafeteira apitou e o aroma de café se espalhou pela casa. Desliguei o chuveiro. O vapor colado no vidro do box, já resfriado pingava. Vesti o roupão, peguei uma xícara de café e, liguei pra voce...

um pedido

Fiz um pedido. Queria aprender a esquecer.
A não sentir todos os sentidos do amor.
Ensina-me, supliquei. Parece tão fácil decidir.
Em dias quentes me sinto melhor, eu transpiro e teu cheiro me cobre o olfato
Vejo as pessoas pelas ruas, sorriso largo, indefinido, expressão de prazer.
Ficam leves, despojadas, gesticulam com graça quando falam com alguém.
Em dias frios, não. Sinto um aperto enorme no peito. Os olhares são cabisbaixos, as mão guardadas nos bolso dos casacos, a boca serrada no rosto, o andar duro e apressado...
Me sinto só. Olho pela janela. No vidro embaçado abro um espaço com a luva de lã que aquece minha mão. Tudo parece literalmente congelado.
Eu não quero sentir assim todos os sentidos do amor.
Me ensina a esquecer.

seus passos

Seus passos se mantinham firmes e ritmados.
Um equilíbrio perfeito. Olhando de costas seguia confiante.
Elegante, desfilava um andar que não deixava dúvida alguma.
Sabia exatamente para onde se dirigia.
De costas, era essa a impressão que deixava.
Imaginei se ao dobrar a esquina, continuaria assim.
Não a segui. Só a vi de costas..

Verdade

Aqui onde ninguém alcança, a tua verdade inflama.
Ensaia sobre a fantasia em palavras de fé e malícia.
Viver a estréia da peça amor, que nos palcos é presa à desilusão.
Quantas são as verdades que partilham os momentos de um ato?
Se te entregas ao inferno da interpretação, não podes fugir das mentiras que te cercam.
Não te vistas com armadilhas em que os pensamentos te abraçam.
O veneno que a amargura planta no coração é adubo para a solidão.
Desprenda-te do medo. É preciso despir-se de ti.

Sensações

Uma das melhores sensações do mundo é de leveza.
Leveza da alma, do prazer, do sabor da conquista.
Sem pudor de parecer amante adolescente, exibo
um expresso sorriso nos lábios, sem nenhuma palavra.
Meu olhar que atravessa pelo ar e vai distante buscar.
Sinto o calor permanente, resultado de um forte sentimento.
Deixo que o vento sopre e minha pele reaja num arrepio completo.
Flexiono os ombros, inclino o pescoço e revivo aquele momento.
Tão meu que nem mesmo quando a luz brilha, os sons da cidade
invadem o dia, arranca o retrato da tua boca, da tua mão prendendo a minha, do teu olhar seguindo meu corpo. Amanheceu, os carros passavam, a luz se acendia, e o dia mostrava que era hora de partir.
Mas, a sensação de voce em mim, não acaba.

Na pele

E foi preciso ficar nua
Ver a pele arrepiar
transparecer ,emudecer
silenciar

Ter o mudo de encontro ao corpo
despir sentidos, olhar com sonho
sorrir do toque, do gosto, do encontro

E enquanto tudo está completamente
calado, eu caminho nua, em silencio selado

Impressões

Olhei as paredes brancas. Imaginei gravuras, texturas, cores. Desisti.
Tudo tão serenamente calmo. Fiquei procurando onde estaria o trincado. Toda parede tem uma rachadura. O pé direito duplo, acho lindo, mas não alcanço. Nossa como é difícil colocar um móbile, desviei meu pensamento. Lugar bonito esse. Me dei conta que só existiam mesmo, as paredes de alicerce.Todo o restante sem portas ou divisórias. Incrível! Amplo, arejado...vulnerável...explicito...
Por um instante senti frágil demais. Que bobagem a minha.
Acostumada com milhões de entradas e saídas, tudo trancado, resguardado dos olhos. Pronto, me decidi. É assim que eu quero.
Em pouco tempo lá estava eu. Ah ! Esqueci de falar das janelas! Verdadeiros Vitrais! Depois, fui me sentindo pequena dentro daquilo tudo. Pintei as paredes para esconder as rachaduras que antes não havia notado, dividi o espaço com os móveis, cobri com cortinas as janelas.
Fechei os olhos e me lembrei da casa velha. Aquela que eu tanto me queixava. Onde deixei meus sonhos de menina, por onde meus passos se perderam depois da porta de saída. Fui até ela. Aquela casa que achei que não mais servia, e que eu via feia, fria. Fiquei parada em frente, não pude mais entrar.
Só que desta vez, me parecia linda.

maio 27, 2009

Terço


Rezo aquele terço.
Me absolvo e me condeno a cada oração em teu nome
O que peço é que me abandone, ao contrário das lágrimas
que embaçam meu olhar.
Eu peço pra acreditar.
Que não vou nunca mais, talvez, em segredo render meu pensamento.
Respiro e suspiro tão profundo que esboço num só soluço.
E quando depois de tudo, já perto do final eu juro
em nome do pai e do filho, TE AMO, amém.

maio 22, 2009

Inocência

Na inocência de formar futuro, que de nada mais se completaria,além daquele maravilhoso instante, em que nos entregamos a paixão.

Daquele gosto de fortaleza, onde tudo se pode, até mesmo construir castelos.
Sentimento que passamos a conhecer com ressalvas e dores, quanto mais o tempo passa ,mais saudade acumula,na vaidade do amor.

Hoje em dia, nossas superfícies tão desgastadas, nos obrigam a olhar por onde caminhamos.
A julgar pelos passos que conduzimos, apertados ou largos, arriscados, apressados e que deixam de sentir, quase sempre, o solo que pisamos.
Olhar pra baixo e não à frente.

É assim que normalmente fazemos.
Não é preciso pedir que dissimule.

Provavelmente não haverá encontro no olhar. Vivemos mais preocupados com as pessoas a nossa volta, do que com as que literalmente estão a nossa frente.
A inocência ficou perdida , ao atravessar aquela rua , ao descer aquela escada, talvez ainda tenha se perdido, naquele beijo de adeus.

maio 21, 2009

Muro

Do ponto de partida, até onde se deve chegar, e sabe-se lá onde
verdadeiramente é a chegada, o caminho é traçado pelo estreito
muro.Trocar os passos sob ele e ver as coisas do alto, talvez, seja
tanto ou mais desafiador, do que imaginar e/ou temer o que exista
antes escolher pra qual lado vai, e agir..Caminhar sob o muro é buscar
o equilíbrio, a concentração. Para "pular" ou "descer" com
maior segurança, é melhor observar detalhes do que há nos dois lados.
Mas, ainda assim, sempre existe a possibilidade de algo ter escapado
e então, vai ter que enfrentar o imprevisto.Seja qual for o lado do muro
que escolheu descer. Há pessoas que são tão duras que logo nos primeiros
passos já decidem que pular para um dos lados, é que lhes parece mais seguro.
Acho que para serem práticos, eliminando algumas variáveis que possam sugerir uma outra emoção, adrenalina, quem sabe insegurança..Outras fazem o percurso de ir e vir muitas vezes, preferindo o risco do desequilíbrio, à certeza do solo, ainda que também desconhecido. Porém, é chão firme. Razão, emoção,medo, ousadia, lógica, inteligência, sensibilidade. A vida diante de voce, o muro á sua frente...

maio 19, 2009

Cego

O cego, aguça audição ainda mais do que olfato, o tato e o paladar.
Enquanto caminha desvia seus passos de tropeços.
Se direciona através dos ruídos.
Constrói seu equilíbrio com as pedras que sente sobre seus pés e, a partir dai reconhece a segurança.
O sol que aquece o dia, guarda o calor no solo, que, ao anoitecer se mantém quente, apesar da superfície resfriada pelo vento.
É preciso ser cauteloso, há brasa sobre as cinzas.
O cheiro que sente por onde passa, permite que crie um olograma, e assim ele fixa e determina as lembranças que se acumulam na sua vida.
E, ao tocar naquelas letras ásperas e traduzir a composição de todos seus sentimentos, inclusive os sentidos sem medo, registra o fato de romper com o desconhecido, para escrever sua história.

maio 07, 2009

As Horas

Em certa altura da vida, não podemos ser apenas mortais.
Alguém espera. Há caminhos pra mostrar, há palavras pra dizer.
Nunca mais, permita que o medo abrigue teu olhar
Agora vai... As horas passam, e na verdade só acumulam saudades
Lenços de papel se desfazem, procure o chão de terra
Faça suas malas, arrume seus armários
Acene para o espelho e, ao se enxergar ali,em pé pronto pra partir, sorria
Pra sempre será você , em todos os lugares, por todos os olhares,por onde passar.
No tempo as respostas, na lembrança a força.
Agora vai...

maio 03, 2009

Vadia

E ainda que por tudo, ou nada, escapada da língua ferina as palavras em delírio.
A música corta-lhe os ouvidos e o pranto escorre pela cara
Engole com olhar que circula em volta do corpo, a culpa, da sua imagem desvendada.

Vadia, medrosa se esquiva da multidão.
Amanhã de véu na missa, lamenta-se pelas almas perdidas, e por elas pede perdão.
Frustrada, oferecida, nem mesmo quando se desnuda, pode guardar em fotografia, e então supor encontrar amor.

Vende- se uma pessoa vazia.Quem quiser a companhia, siga sua língua ferina.
Está todos os dias na colina, deita-se e se estica, paciente, aguarda a vitima.

O Lago

A beira do lago onde me lavo dos pudores
deixo cair e seguir o medo quando digo teu nome
Ali onde ninguém vê, a sombra do meu corpo se mistura
na águas, onde tantas outras, também se lavam

Não importa que seja turva, pra mim é cristalina
é teu corpo, tua alma, minha boca, na tua vida
a correnteza que puxa e com força quer arrastar
todo caminho do teu leito e depois eu sei, desembocar
no mar que não tem tamanho, eu não posso mais
te achar.

Ainda assim, eu volto, todos os dias para me banhar
sei do risco de ser levada, mas é isso que estou a esperar

trecho de pensamento

"-Então para entender um sentimento, de sentido a ele, de forma igual e contrária. Terá então a resposta para alguns enigmas. Para definições exatas use a matemática, para outras, desprenda-se da exatidão."

Tempo

Pela treva do tempo que transforma palavras
em constantes rasgos de pensamentos, percorre o leito do rio, de seus desejos
arteiros, traiçoeiros, inquietos.
Atravessa caminhos áridos, se esconde de sombras mortas, as que provocou pra rir.
A intacta saliva que guarda a vida, sentimento da falta.
Ausência que deixa inerte, sinal que quer a volta.
O vento que veste o som do assobio, passeando em volta do ouvido, soprando o nome em vão, escorre do suor do teu rosto, pálido, quase morto.
Espera, suspira e resgata, a imagem era a minha .
O tempo transforma em quase nada, anda devagar, arrasta
As vezes chega, as vezes só passa.
Nem sempre acontece, nem sempre acaba
Por vezes nasce, por vezes mata

abril 15, 2009

Conflitos

Hoje resolvi me dedicar aos meus conflitos.
Parei, para com eles me desnudar e, conhecer suas razões
Pensei em elencar seus nomes, e pontuar suas intensidades
Busquei um ponto de partida , situação que misturasse minhas emoções
E então emergissem os sentimentos, acompanhados de seus pares, os conflitos

Atendi minhas vontades
Neguei meus conceitos
Errei e acertei em cheio

Experimentei o que desconhecia
Desvendei, provoquei, insinuei
Escondi, arbitrei, ignorei

Caminhei,
Achei que sentia o peso do corpo
Sobre meus pés, e assim deixei pegadas
Quem sabe, talvez, para poder voltar
Ou quem sabe apenas para conhecer por onde andei

Descobrir que o espelho é um vidro
Que reflete imagens, mas,que ainda assim se quebram,
Sua simetria de distorce e não se alcançam seus cacos


Notei que as mentiras que deliramos, em verdade
São vilãs de nossos medos e, por isso
Conselheiras para fracassos e arrependimentos

Voltei tão nua quanto quando sai
A existência é maior ou menor do que a coerência
Que tentamos estabelecer entre o certo e o errado
Entre o bem e o mal, o justo e o injusto
Depende muito de qual lado do conflito
Nossa inexperiente razão se aproxima
Quando se está tão distante da emoção


Ainda não sei...

Assim

E foi assim, desde sempre..
Nasci dessa forma, fogosa, invocada, provocativa
Adoro sorrir pelos olhos, desta forma te prendo e devoro
Diante de tamanho silêncio, voce me guarda e, desce...
Calada eu fico e somente te observo,
quando invade meu corpo, transpira minha carne
Não importa se chove, a vidraça embaça, o tempo passa
Se tenho voce num momento, no outro restam só suas marcas
Posso roubar quase tudo de voce, dominar a situação,
tirar teu juízo, te deixar menino, a mercê do prazer
Em nosso desejo, só não há promessas
Estamos nus para o agora, e o amanhã está atrás da porta

abril 01, 2009

Só isso

E as minhas maõs onde os dedos estalam,
e as juntas prometem que que se movimentam.
O que vem do cheiro que sinto debaixo do meu nariz,
é o que a minha retina desenha diante de mim.
Ao tocar, o vento que sinto caminhar pelo meu corpo,
tem o som do meu coração e desfruto do sorriso infinito
de apenas poder ir.
Lavo os pés,pois sei que por ponde andei, marquei minhas pegadas
e dentro de cada marca,um segredo.
Se hoje tenho sentimentos é porque os deixei viver.
Feri a carne com a areia fina, e ainda assim meu sangue coagulou, embora tenha derramado parte de mim.
Continuo por entre essas histórias, as de conto e aventuras.
Deixo que a imagem construa as fadas, manifeste as bruxas.
E deixo que os pensamentos guardem as palavras.

Retrato

Não me surpreenda
Ao rasgar as palavras incompletas
que traz do teu mundo vazio

Não pode ser completo diante de estilhaços
covarde são as lágrimas de teus lábios
Teus olhos desmentem, estrábicos

Quando andei nos teus passos
senti o solo desalinhado, tua mão escorregava da minha
Suporte agora a fadiga
Reserve aquele cigarro
tranque as portas e janelas
não se atormente com as sombras
são suas idéias que já não me seguem

Deixei no canto, um caco de espelho
Teus chinelos, um cinzeiro

março 23, 2009

Ilusão

Enquanto me arrasta eu me agarro em teus braços.
Posso ver em teus olhos o prazer que sustenta.
Posso sentir na tua força, a vontade que alimenta.
Voce imagina que assim me invade, me violenta
Construiu essa maneira de acreditar que assim, me prende a voce.
Tudo o que faz é ludibriar a verdade
E se me ver assim, sem resistir, te parece vitorioso,
é porque já não reconhece mais o toque do meu corpo em tuas mãos.
Não se mantém refém a alma, nem o coração.

março 21, 2009

Veneno Contido

Antes da leitura quero dizer que o texto é uma expressão de pensamentos. Nenhuma ligação de atitudes comigo!
Autor X Personagem. Ou teria então os mestres do terror vivido seus best sellers?







Primeiro te observo. E vou alimentando tudo aquilo que me enoja. Teus passos, teu jeito, tuas palavras. Recorto e guardo cada demonstração de atenção e carinho, onde tua competência na dissimulação é indiscutível.
A corda ainda está solta....Aplaudo tua performance... Há de chegar o momento em que vai se esvair tudo isso.
Tenho construído cada passo de tortura, onde assistirei teu suplicio e me deleitarei com suas lágrimas.
Acha que a impunidade é certa... Lêdo engano...
Tua soberba é tamanha, que perde oportunidade de diminuir o asco que sinto.
Por hora, continuo a te receber, acompanhar.
Ainda me estendo para suas suas maldades, humilhações.
Quando chegar a hora, vou apenas me ressuscitar.
Quero ver como reage aos teus próprios atos.
Tua carne será cortada, e em todas as camadas, até alcançar o osso.
Teu sangue vai escorrer, e desenhar o caminho que traçou e alcançou chegar.
Mas devagar, bem devagar...
Tua boca vai secar, teu corpo perder calor.
A visão vai aos poucos se tornando turva, indefinida
Suas mãos sem forças e, os pé que não encontram o chão.
O silêncio entorpecedor, e a respiração ofegante,
entre um piscar de luz e a escuridão.
E agora onde está sua força ?
Se não fosse por esse instante, eu derramaria meu próprio sangue por voce.
Mas, sabe ..me esqueci de te dizer uma coisa.
Talvez, não tivesse tanta importância diante da sombra, em que me enxergava.

março 20, 2009

Sommelier


Seria como um sommelier...
provar do teu corpo,o gosto dos teus sentidos.
Sorver da tua lingua, segredos,amantes,promessas.
Descobrir a cor,o aroma,o sabor.
Distinguir o sexo do amor.
Brincar de entorpecer,mesmo sem poder.

março 18, 2009

Aliás

Aliás,para que foi mesmo que te esqueci?
Para chorar sem motivo e levar comigo seu nome
escondido, debaixo das mentiras.
Dizendo palavra por palavra fingida, ensaiada.
Um tormento por dentro,em seu jeito de alivio.
De longe sua sombra segue a minha
pelas ruas,becos,estradas,entradas,saídas...
Apenas sinto que está.

Avesso

tão ao contrário e do avesso
uma sombra, um começo
e acredito que ja te vi
aliás, te senti ontem e,
durante a semana toda
daquela chuva que me molhou
enquanto eu caminha,
e quanto mais ela apertava
mais eu diminuía o passo
era pra ver se te alcançava
quando cruzei meu braços
em torno de mim mesma
pensei que fosse seu rosto
que refletia no vidro da janela
que estava semi aberta
assim como eu
semi inteira
sem travas, sem folhas
então diante de uma imagem tua
desenhei teu rosto
copiei teus traços, todos
quando quiseres um porto
para ancorar.. que seja eu
que seja meu corpo, que seja minha boca,
meus braços , meus seios, minhas
pernas meu ventre
ao contrário e avesso
te percebo, te recebo
te desejo
como ontem, como a semana inteira
como a vida toda

Sentidos

Primeiro senti como uma maresia, alguma coisa que foi desnorteando,
como um saculejar em alto mar, durante uma tempestade.

Depois no chão, acordando dos sentidos perdidos,
vi que apenas tudo estava levemente entorpecido;achei que podia ficar em pé.

Escorando pelas paredes caminhei, e entre uma visão turva e um desejo de te enxergar, continuei caminhando ... enroscando meu casaco em minhas pernas e
tropençando em meus pés, que ainda mantinham calçados os sapatos de salto alto.

Senti medo, nojo, desprezo.. chorei demasiadamente tua falta.
Me julguei e culpei num sentimento bastardo.

Pensei.. se arrancar de dentro de mim, esvaziar , escorrer me livro desse nome, desse gosto, desse homem.

São apenas dois... dois pulsos...
Nem tão vermelho era assim o sangue.
Ou meus olhos e sentidos também já não eram tão fortes assim.

Não foi assim que te arranquei de dentro de mim .
Voce que me perdeu ... Tenho a cicatriz, que está aqui , tatuada para sempre em meu corpo.
É o motivo que me faz todos os dias lembrar que não há sangue que lave ou leve, o que o coração quando teimoso, demora em deixar de pulsar.

Olhar

Existe um olhar que se aproxima
não é o teu, mas se insinua
hoje não quero defesa
hoje não quero amargura
hoje estou entregue ,solta, nua
acontece que percebi, que me provoca
só pra me distrair, que me distrai
pra me trair
hoje não quero palavras, olhares
hoje queria um canto, calado
observar de longe o que é passado
chegar de manso, em teu corpo suado
deixar minha marca, por todos lugares
te pertencer exatamente como é marcado
num momento, um instante, de fato

Relógio

Olhava os ponteiros do relógio se arrastavam.
Aquele silêncio ensurdecedor e a marcação do tempo tic..tac..tic ..tac
O movimento dos ponteiros traziam e levavam perguntas e respostas.
Algumas eu fingia não perceber,outras meu coração pulsava acelerado
Vi entardecer...anoitecer ....
Tic tac... tic tac...
Estou aqui ... hipnotizada,calada,quieta ... tic, tac, tic, tac...

Manhã

acordo de manhã, os lençóis desarrumados
chinelos trocados, travesseiros no chão
meus olhos se trancam na tua lembrança
o corpo que insiste em querer ficar na cama

outro dia a merce de teus caprichos
café com pimenta é gosto da tua ausência
enquanto te espero, o silêncio é minha ordem

leio os jornais, tudo é exatamente igual
Pensamentos, idéias, ideais...
Guardo promessas vazias
outro dia pra fingir que não desisto

Visto a carne, escondo a alma, saio
Dobro aquela esquina, e ali te encontro
Oferece um sorriso, encanta com palavras
Invade minha vida , me beija , me ama, me larga

restou saudade, ausência , mais nada ...

Covardia

A tua covardia me impulsiona
Sinto-me tua onde em ruas escuras
Jamais transitaria em paz
E a tua covardia me maltrata,me desnuda
Me mostra que sou capaz
Me agarro ao que lhe falta
E volto do profundo extasie de um suspiro
Que completa e finda o gozo de te-lo tido
Covarde!

Pensamentos

Não há destino que não caiba, se para voce parecer servir. Embora de quem se cale saiba, que o pensamento não foge do que remete a ti.


Bálsamo.Cada palavra tem braços, que me alcançam e apertam contra esse sentimento de querer. Sorrio gostoso.


Quando o pensamento vai buscar teu cheiro e gosto, traz para o espelho tudo que preciso sentir e ter de voce.


Sei que tua boca pertence a voce, e dividi-la comigo pode selar algo maior.
Sei que teu corpo invade o meu, é quando me perco em voce .


Teimosia é querer deixar que o tempo faça acontecer. Nessa vontade de querer acordar do teu lado e, fotografar em mente teu jeito delicado de dormir.


Te cuidar e construir algo que só vai durar ali. Porque não tem espaço pra ir adiante.
É pouco, é muito, não sei.

É, para mim, apenas viver.

Instigante... é sobre desvendar o perigo imaginar o gosto  o poder da persuasão ao movimentar o corpo  pulsar, trocar de lado, de ato, sobre...